CAPÍTULO UM - ARRIVÉE

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MONACHOPSIS

n. o sentimento sutil, mas persistente de se estar fora do lugar.


O céu estava coberto por nuvens cinzentas, de tal forma que a luz do sol mal conseguia atravessá-las. Aquela manhã de primavera mais parecia uma tarde de inverno de tão escura e fria. Uma brisa gelada soprou e fez Jisung arrepiar-se dos pés à cabeça. Ele sabia que aquela era uma região mais fria do que a capital, mas não imaginava que em plena primavera teria que usar casacos de lã.

O jovem estava observando o anjo tristonho sentado sobre uma fonte logo na entrada do castelo. A estátua estava de cabeça baixa, as mãos juntas sobre o peito e tinha uma expressão triste, como alguém que reze e pede clemência. Ele parecia solitário.

Jisung virou-se e observou seus arredores; o castelo que se erguia no topo daquela colina parecia ter saído de um conto de terror, com paredes cobertas por hera e torres que se erguiam apontando para o céu de forma acusatória. O rapaz tinha a impressão de que, se olhasse com bastante atenção para suas janelas estreitas, poderia ver alguma criatura da noite espreitando nas sombras. Jisung engoliu em seco. Quando se aplicou para aquela faculdade, não fazia ideia do quão sinistro era aquele lugar, e se soubesse, com certeza teria se aplicado a uma faculdade diferente.

O jovem suspirou, cansado. Estava lendo muita ficção e agora estava imaginando coisas.

Naquele momento, Jisung não tinha muitas opções senão aceitar sua situação, então, pegou sua mala, ajeitou o seu paletó e dirigiu-se às portas, estas que deveriam ter, no mínimo, quatro metros de altura, e eram feitas de uma madeira espessa e já escurecida pelo tempo, assim como as barras de metal que as sustentavam. As aldravas tinham o formato de uma cabeça de leão que segurava uma cobra em sua boca. O corpo da cobra curvava-se, formando a alça com a qual Jisung bateu três vezes. As portas se abriram, revelando um grande saguão de entrada. Não havia viva alma lá dentro. Colunas imensas erguiam-se sobre sua cabeça, sustentando o teto abobadado de onde pendiam lustres por toda a sua extensão.

No centro do saguão havia outra estátua de anjo, mais alta do que a primeira e melhor conservada. A figura olhava para baixo, seus olhos de pedra encarando Jisung como se ela soubesse de um segredo que ele jamais poderia adivinhar. O jovem desviou o olhar, olhando à sua volta e notando o quão vazio parecia aquele lugar.

— Oh, olá.

Jisung virou-se, surpreso, deparando-se com um rapaz logo à sua frente. Ele não parecia ter mais do que dezoito anos e tinha no rosto um sorrisinho simpático.

— Você deve ser Han Jisung, eu presumo. — sorriu o garoto.

— S-sim. — respondeu o outro, recompondo-se do susto. — Sou eu.

— Sou Yang Jeongin, fui designado a guiá-lo pelo castelo. — disse o outro. — E também a ajudá-lo a se acomodar.

— Perdoe-me mas... Não deveria algum criado ficar encarregado disso?

— Ah, sim, contudo eu mesmo me propus a vir. O diretor achou que o senhor se sentiria mais confortável ao ser recebido por alguém da sua idade. — Jeongin explicou. — Não queremos que o filho de um homem tão ilustre e querido por esta instituição como o Dr. Han sinta o mínimo de desconforto.

Jisung forçou um sorriso à menção de seu pai.

— Seus aposentos ficam por aqui, por favor siga-me.

Jisung então seguiu-o, observando tudo com olhar atento, tentando memorizar o caminho, porém, todos os corredores pareciam iguais, como um labirinto. O castelo era luxuosamente decorado, figuras intrinsecamente esculpidas em suas colunas de pedra, lustres de ouro pendiam do teto, tapeçarias sofisticadas cobriam o chão e as paredes.

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⏰ Última atualização: May 17, 2021 ⏰

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