O RESGATE

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     Como havia dito no capítulo anterior, não podia acreditar no que estava vendo, um grupo de dez homens, uns com espadas e outros com arcos, quatro deles montados em cavalos que pareciam ser cavalos de batalha, outros dois estavam montados em cavalos que puxavam uma carroça, nela havia meio que uma jaula de ferro, com um homem dentro, e dentro da carroça também haviam mais quatro homens sentados, todos com espadas e vestimentas que me lembravam filmes de idade média.

     De primeira pensei que pudesse ser alguma daquelas coisas de cosplay, mas aquele homem estava bem ferido, aquilo era bem real..., e mesmo com tantos ferimentos ele parecia não sentir nada, mantinha um olhar calmo e observador, como de alguém que estava pacientemente esperando por uma brecha para agir. No fundo eu sabia que aquilo era bem real, eram soldados reais... mas... como aquilo era possível??!! Não me preocupei muito em descobrir uma resposta naquele momento, tudo que pensei foi em seguir aqueles homens na esperança que me guiassem para algum tipo de civilização, e foi isso que eu fiz. Com muito cuidado para não ser descoberto, fui seguindo aqueles homens durante horas até que o sol começou a se pôr, e logo, eles pararam e começaram a montar um pequeno acampamento para passar a noite, não havia barracas, somente umas tochas improvisadas, panos para se deitarem e uma fogueira na qual eles estavam preparando o que parceria ser um coelho.

— "Seria aquele o coelho que havia fugido de mim mais cedo??"

     Não sei e essa não era uma questão importante, mas sim o que eu iria comer, pois a longa caminhada havia me deixado faminto, então lembrei que eu costumava esquecer barras de cereais no bolso da minha calça, e para a minha sorte, encontrei três barrinhas de cereais, não eram grande coisa, mas já ajudavam. Então busquei um terreno mais alto e fiquei ali, comendo e observando aqueles homens preparando o coelho, e durante isso, eu não conseguia parar de pensar no porquê eu estava ali, por quê eu?? Por quê tinha acontecido aquilo comigo?? Eu sabia que essas eram respostas que eu só teria mais pra frente, isso se houvesse uma resposta para àquilo tudo.

   Tudo estava tranquilo até o som do silêncio ser quebrado por um rugido estrondoso, na mesma hora olhei para a direção do som, era um imenso urso negro, talvez o cheiro do coelho tivesse atraído ele, não sabia ao certo, não tinha conhecimento dessas coisas, mas lembro que na mesma hora os soldados levantaram e sacaram as espadas, um foi andando na direção do som bem devagar, mas antes q ele pudesse ir investigar oq era, o urso entrou no acampamento, a luz da tocha criava uma sombra imensa em frente àquela fera. O arqueiro disparou uma flecha contra o animal que por sua vez partiu enfurecido para cima do homem, lembro de não ter visto muita coisa além da cena do urso saindo de cima dele e deixando o cadáver do pobre soldado para trás totalmente multilado, logo, seguiu em direção aos outros soldados, um homem que se mostrou o líder ordenou que os demais atacassem a fera, e assim ele fizeram...
Rodearam o urso e começaram a lançar golpes de espada contra o animal, que por sua vez, revidou com patadas e mordidas, até que o urso caiu após ser atingido em uma de suas patas e por fim recebeu um golpe fatal no pescoço, não foi  uma grande vitória para aqueles homens já que a fera havia deixado três mortos e três feridos gravemente.
Ops... já ia esquecendo de contar o mais importante!! Enquanto eles lutavam contra a fera, o homem que estava detido olhou diretamente pra mim e me chamou, eu não sabia como ele havia conseguido me enxergar em meio ao breu que eu estava, mas a curiosidade e a audácia tomaram conta de mim, então desci cuidadosamente a pequena ladeira e fui até onde aquele coitado estava preso. Ao chegar ele sussurrou:

— Ei garoto, você precisa me tirar daqui, vidas dependem disso!

Confesso que fiquei desconfiado, a propósito eu nunca tinha visto aquele homem, mas alguma coisa me dizia que era o certo a fazer, então eu concordei, fui andando abaixado com muito cuidado até a caixa de suprimentos onde ele disse que a chave estaria, e lá estava ela, peguei e voltei até o prisioneiro, mas no caminho fui visto por um guarda, que, para a minha sorte, estava no chão gravemente ferido e não tinha forças para me dedurar, assim que voltei o homem me disse:

— Obrigado garoto, agora me dê essa chave e volte pra onde você estava, as coisas vão ficar feias por aqui!

Sem pensar duas vezes fui correndo abaixado para o meu abrigo improvisado ao lado de uma grande árvore, e fiquei observando atentamente o que iria acontecer.
Foram questões de minutos até um guarda avistar a cela vazia, rapidamente avisou aos outros soldados, e ao mesmo tempo em que o aviso foi dado uma das tochas se apagou, sobrando somente três acesas, o líder e os outros três homens que sobraram pegaram suas espadas e ficaram juntos, e ouvi o líder falando:

— Não se afastem!!!
— Precisamos ficar juntos!!
— E fiquem atentos, estamos lidando com o Harper!!

Assim que ele acabou de falar, uma flecha saiu como um raio em meio a escuridão atingindo um soldado em cheio na testa, o pobre coitado caiu morto. Conseguia sentir o medos dos outros dois que sobraram, mas o medo deles não durou muito já que também receberam flechadas, mas em um foi no olho e o outro foi no meio do peito, sobrando assim, só o líder, que não parecia estar com medo, na verdade ele estava bem calmo, como se já soubesse que isso iria acontecer, até que ele disse:

— Bem típico da sua gente Harper, mantando nas sombras!!

Logo em seguida o assassino se revelou caminhando em direção à luz das tochas, os dois ficaram cara a cara, então Harper disse:

— Eu não preciso ficar nas sombras pra te matar Halk , na verdade nem preciso de uma espada!

       E em seguida jogou a espada no chão, eu não acreditei, pensei comigo mesmo que ele só poderia ter ficado maluco para ter feito aquilo, mas notei que eles já se conheciam e aquilo foi um ato para afrontar o Líder, e deu certo, Halk foi pra cima dele com tudo, e o Harper ficou parado esperando, assim que o Halk foi golpeá-lo, ele desviou e ao mesmo tempo puxou uma faca de uma das mangas do casaco e o golpeou várias vezes na barriga, então ele caiu no chão agonizando e disse:

— Isso não acaba aqui Harper, eles vão continuar mandando gente como eu atrás de você !
E ele respondeu:

— Eles podem mandar quantos homens quiserem!!
Vou continuar matando todos, assim como eu vou matar você!

      Em seguida ele pegou a espada e cravou na barriga de Halk, matando ele de uma vez por todas. Logo em seguida ele disse:

— Garoto! Já pode vir!

       Confesso que fui até ele com um certo medo, e ele percebeu e enquanto limpava o sangue da espada com um pedaço de pano me disse:

— Eu fiz o que tinha que ser feito, se eu não matasse eles, viriam atrás de nós mais tarde!
Ele olhou pra mim dos pés à cabeça e acrescentou:
— Você não é daqui, é??

          Eu com medo de contar a verdade disse que minha embarcação havia afundado e eu boiei segurando uma parte do barco até chegar na praia. De certa forma eu falei a verdade, só ocultei algumas informações.
Ele olhou bem no fundo dos meus olhos com uma cara não muito contente e disse:

— Por mim tudo bem se não quiser me contar de onde você é e como veio parar aqui, mas não vai continuar comigo, irá ter que se virar sozinho, não vou ficar com um garoto em quem não posso confiar!

    Eu um pouco nervoso com a situação não sabia o que falar e então acrescentei:

— Se eu te contar você vai achar que sou um louco!

Ele me olhou, depois desviou o olhar para o chão e deu uma leve risada e em seguida disse:

— Garoto, às vezes a loucura é só uma verdade que algumas pessoas não tem a capacidade de compreender, então pode me falar.

Olhei para ele e disse:
— Tudo bem... eu conto!
— Tudo começou...
— Espere!! — disse Harper. — Amanhã você me conta, preciso dormir!

Então dormimos ao lado de uma árvore não muito longe dali.

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⏰ Última atualização: Jul 09, 2020 ⏰

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THOMAS BLAKER - A HISTÓRIA DE UMA LENDAOnde histórias criam vida. Descubra agora