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A vida é um grande mistério a todos nós. De onde viemos; para onde vamos; qual o nosso propósito; porque estamos na terra; qual o nosso destino. Questões como essas são feitas desde o início de nossa existência e continuam sem respostas. Apesar disso, a crença humana costuma criar histórias como maneira de explicar o inexplicável.  Como uma prova disso, há uma história que gostam de contar sobre as três vidas dos seres humanos. De acordo com ela, em cada vida todos temos uma oportunidade diferente, como se fosse uma espécie de objetivo. Em sua primeira vida é onde se planta, na segunda você rega e na terceira se tem a oportunidade de colher seus frutos, sejam eles bons ou ruins. Essa é uma das justificativas que levam muitos a falar que a divindade gosta de brincar com a vida dos humanos. 

    A primeira vez que vi Jimin eu mal tinha completado vinte anos. 

Me lembro que era recém chegado de uma batalha e mal pude ver meus pais, pois alguém estava me convocando no palácio real. Aquilo não era novidade para mim, já que algum tempo estavam me rondando para trabalhar naquele lugar, mas eu sempre recusava. Qualquer mero soldado sabia o quanto perigoso era servir diretamente ao rei e o quanto essa função poderia privar a vida da pessoa em questão. 

Jimin era acostumado a viver sob a proteção da guarda real, assim como seu pai exigia desde que o garoto havia nascido. A cada passo que dava dois ou mais homens o acompanhavam, sejam com seus olhos ou com a própria presença. Jimin era o protegido do reino, seria o próximo a subir ao trono e era necessário  proteger a linhagem real. 

Os ataques eram tão constantes quando mais novo, que seu pai viu a necessidade de o manter dentro do palácio. Seu rosto nem mesmo era conhecido pelo reino, só cochichavam sobre sua bela face, seus modos impecáveis e inteligência invejável. Às vezes parecia que o herdeiro do trono fosse apenas uma lenda. 

Mas, não era. 

O jovem príncipe tinha uma estatura média, um porte físico forte, suas vestimentas eram sempre pretas e douradas, feitas do cetim mais caro. O cabelo comprido era liso e escuro, estava sempre bem prendido em um rabo de cavalo. Seu olhar era duro, marcado pela quantidade de sangue que havia visto sendo derramado em seu nome.

— Vossa Alteza, seu novo guarda já foi convocado. – disse um de seus conselheiros, com um dos joelhos dobrados e a cabeça baixa – Como solicitado pelo Rei, ele é alguém da cidade, de uma família tradicional e seu pai até mesmo já serviu para o exército real. 

Aquele era apenas mais um dia para Jimin, que sentado em seu trono, batia seu pé impacientemente. 

— Vossa Alteza, esse é Kim Namjoon, filho de Kim Daehyun e Kim Soomin. – continuou o conselheiro, lendo as palavras escritas em uma caligrafia bonita no tecido – Soldado, cumprimente seu Príncipe. 

— Vossa Alteza. – apesar de me sentir nervoso, eu tentava manter minha voz firme. 

Me curvei em um perfeito ângulo de 90 graus, a cabeça baixa, assim como havia aprendido. Meu pai havia me dito sobre me mostrar forte diante aqueles que achavam que nossa vida não valia nada.

— Kim Namjoon é bem estudado, o chamam até mesmo de “guerreiro culto”. – pude escutar algumas risadas baixas pelo salão – Mas, dizem que ele é forte como nenhum outro, dono de uma força e perspicácia invejável, foi destaque em todas as batalhas que participara. Além disso, ele é bom em matar inimigos do Reino. 

— Levante a cabeça guerreiro, desejo ver seu rosto – ordenou Jimin, a voz suave que destoava de toda sua figura imponente.

Vagarosamente endireitei minha postura, ainda receoso de olhar diretamente ao jovem príncipe. Meu pai havia me dito para nunca direcionar meus olhos a algum membro da realeza, já que nós não éramos dignos de tal coisa, apenas meros empregados. Mas eu sentia o olhar curioso do outro me queimando, procurando nas minhas simples vestes algum vestígio daquilo que dava inveja nos outros guerreiros daquele reino. 

Entre todos os olhares • MINJOONOnde histórias criam vida. Descubra agora