Four

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1820

Mais uma vez, a visão do garoto lhe preenchia o olhar. Pela divindade, como queria conhecê-lo logo. Em um ato totalmente – muito provável que não – impulsivo, Namjoon resolveu dizer:

– Sou Kim Namjoon, e você, quem é?

 "Por favor divindade, permita que ele tenha ouvido." – Suplicou internamente, seus sonhos lúcidos lhe permitiam tais atos. Agradecia poder ter lucidez em momentos assim, já que a grande maioria das pessoas não tinham tal "dom". Era uma delas até poucas semanas atrás, agora que a divindade vinha lhe presenteando com as visões do rapaz.

Após alguns minutos apenas sorrindo e apreciando – novamente – aquele rosto, ouviu um sussurro vindo do moreno a sua frente.

– Belo... Nome. Sou Kim... Seokjin... – Aí estava. A resposta da pergunta que tanto lhe martelava o cérebro. Agora, por que o garoto sussurrava? A distância era tanta que não lhe permitiam ouvir com clareza? Quanto seria esse distância? Ou melhor, como saberia qual distância era essa? Sentia em seu coração, aquele garoto era real, faria qualquer coisa para poder conhecê-lo. E como desejava que fosse em breve, muito em breve.

Pobre Kim Namjoon, se essa pequena alma soubesse o quanto a divindade lhe haviam complicado a vida... Qual seria a graça se fosse fácil? É bom se divertir de vez em quando. 

– Queria poder te ver fora de minha mente. – Soltou sem pensar, vendo o sorriso do outro duplicar de tamanho, mostrando seus dentes – simplesmente perfeitos como descreveria Namjoon. O sonhador sabia que uma nova lembrança ficaria muito bem guardada em seu cérebro, sua nova visão favorita na vida. Ver aquele garoto sorrir para si daquela maneira. Era honesta e pura, lhe passava confiança e tranquilidade. Se perguntava como um simples sorriso poderia lhe acalmar tanto.

 Com aquele sentimento de paz que lhe cercava, permitiu-se acordar calmamente. Espreguiçou-se e alongou a coluna, criando coragem para deixar seus cobertores e o conforto de seu colchão. Se dirigiu ao toalete banhando-se em água morna, o despertando realmente. Vestiu o uniforme na maior vagareza que seu cérebro lhe deixou, a cada manga vestida era uma pausa para "descansar os olhos da claridade do Sol". Já vestido, penteava os fios que insistiam em ficar para cima. Com a força do ódio os colocou nos devidos lugares. 

 Logo sua porta foi aberta por uma figura baixinha muito familiar para o Kim.

– Milagres existem! Como você já está acordado? Não sonhou com "ele" essa noite? – Falou Yoongi, surpreso já que normalmente sempre acordava o mais novo. – Estudou ontem à noite, certo? Temos um teste hoje no segundo turno.

– Estou sendo interrogado e não sabia? – Riu – Só estou mais tranquilo hoje, Yoongi hyung. Meu despertador não me deixou mais nenhum minuto de paz. E sim estudei ontem, graças ao Hobi hyung. Ele me lembrou dessas malditas.

– Seu despertador nunca te acordou antes! O mundo vai acabar já, já. – Zombou, mesmo dizendo a total verdade. – E que bom que o Hoseok te lembrou, fiquei tão enterrado nós livros que me esqueci de conferir com você.

– Tudo bem hyung! Todos estavam assim. – riu novamente, desta vez de desespero. – Eu só espero tirar uma nota boa, não quero repetir essa desgraça de ano, mal aguentei uma vez, quem dirá duas?

– Eu que o diga. Vamos? – Chamou da porta do quarto.

– Infelizmente. – Suspirou. Seguiu o Min pelo caminho tão bem conhecido por si. – Onde está o Hobi hyung? – Estranhou não vendo o Jung no caminho.

– Adivinha. – Arqueou uma das sobrancelhas.

– Estudando mais ainda? – Questionou surpreso.

– Exatamente. Ele vai arrumar uma dor de cabeça lendo tanto, mas está tão inseguro com os exames, que nem meus avisos lhe serviram. Vou procurá-lo para tentar o acalmar.

– Okay hyung. Até mais tarde. – Despediu-se virando o corredor, indo para seu armário como o costume, pegando seus livros necessários, e guardando sua mochila. Lacrou a trava e recostou-se no metal suspirando, tentando acalmar seu milhões de pensamentos para forcar-se na prova que viria a fazer dali algumas horas.

 O som estridente da sineta despertou o Kim de seus pensamentos, o fazendo lembrar de que deveria – literalmente – correr para sua sala de aula.

 Graças a sua mente o lembrando de pequenos detalhes necessários para seu teste, suas duas primeiras aulas voaram, seja isso bom ou não, não haviam nenhum jeito de fugir.

 Caminhou lentamente para a sala da prova, logo avistando Hoseok, que corria para ler algumas frases de seu livro. Sentou-se na cadeira ao lado de seu – desesperado – amigo.

– Namjoon! Finalmente! Aqui, leia isto, vai cair na prova. – Falou rapidamente, empurrando o livro para o Kim.

– Louco! – Exclamou e leu o que o amigo tanto falava. Logo a instrutora se fez presente na sala e silenciou todos os presentes, dando início ao teste.

  Assim que pisou fora daquele lugar, sentiu o alívio lhe percorrer por inteiro, um peso fora tirado de suas costas, agora, poderia enfim descansar a mente. Pensou em sair com seus hyungs, mas infelizmente, ambos deveriam estar descansando um com o outro, pensou.

 Resolveu por fim, ir para um lugar afastado de tudo, um pequeno campo de flores que achara enquanto caminhava em algum dia qualquer. Chegando lá, deitou-se sobre a grama quente devido aos raios solares, e aproveitou o dia ensolarado que bem merecia.

†††

2020

  Kim Namjoon. Mal soube descrever seus próprios sentimentos. Alegria? Ansiedade? Super ultra hiper mega alegria? Definitivamente estava alegre, radiante, como diziam seu casal de amigos. Era verdade, exibiu seu sorriso para todos em seu caminho, até dera bom dia ao Sol! Sua maior pergunta havia sido respondida, o nome do misterioso rapaz lhe havia sido dado. Como não sorrir?

 Seus amigos lhe questionaram o motivo, desatando a gargalhar pela felicidade do Kim mais velho, não demoraram a se prontificar para procurar - estilo FBI - o nome em todas as redes sociais possíveis.

 Suas aulas passaram rapidamente, graças ao bom humor da divindade, então, por quê não aproveitar desse bom humor, e sair um pouco? Por quê não entreter-se com um pouco de meio ambiente?

 Seokjin respondeu a todas essas perguntas com um simples "sim". Resolveu ir para um pequeno bosque que havia um pouco ao longe da gigantesca Busan, onde haviam pequenas flores de todos os tipos, e o doce som do silêncio. O céu já se encontrava em um tom arroxeado, já que o Sol já estava se pondo, sorriu para algumas nuvens que ganharam um tom de rosa bebê, sua cor favorita. Sentou-se sobre uma grande sombra feita por uma gigantesca árvore, aparentemente muito velha. Tocou uma pequena margarida que crescia em torno da árvore, e um calafrio lhe percorreu de cima a baixo. Estranho. O Kim sentia a estranha sensação de que havia mais alguém ali consigo, mas olhando em volta não viu nada além de mais árvores e flores. Alguns raios solares se encontraram com as pétalas brancas da pequena flor, esquentando os dedos de Seokjin no processo. Este poderia jurar que sentiu uma mão lhe tocar naquele momento, o fazendo retirar bruscamente os dedos da flor. 

 Sua curiosidade falou mais alto, então novamente colocou seus dedos no alcance dos raios solares que batiam na flor. Desta vez, uma sensação de paz lhe tomou, era como se a própria divindade lhe dissesse que estava tudo bem. Ouviu uma risada, o que o fez pular de susto devido ao silêncio que o bosque emanava. Ele conhecia aquele timbre. Mas de onde?

– Olá?

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