- Oi. - e lá estava ele me esperando em frente a portaria como havia dito que estaria. Me seguro para não revirar os olhos e ao invés de fazer isso eu sorrio, ele estava lindo. Era irritante, mas era um fato. Pra que mentir? Seu cabelo estava um pouco molhado ainda e um tanto despenteado, vestia a mesma roupa em que o vi mais cedo, com exceção da camisa agora na cor branca com estampa geométrica.
- Olá. Podemos ir? - pergunta de dentro do carro, eu assinto e Nícolas abre a porta do passageiro pelo lado de dentro para que eu entre.
- Boa noite! - digo me acomodando no banco e colocando o cinto de segurança, sorrio um tanto desconfortável. Aquilo ainda era muito novo pra mim, sair com um garoto que não fosse um amigo íntimo. Eu era nova em muitas coisas na verdade, meus namoros como já ficou claro, não foram nem mesmo exemplos ruins do conceito, eles nem sequer entravam nele. Eu nunca tinha tido um encontro, e embora não fosse tímida eu era reservada e o desconforto em estar ao lado do garoto mais bonito que eu já tinha visto era inevitável.
Afs!
Sim, eu tinha que admitir isso, ele era bem bonito e também o cara mais popular da universidade mais disputada do pais. Era muita loucura! E eu estava aqui há menos de um semestre ainda por cima.
- Meu apartamento não fica muito longe daqui. - comenta já saindo com o carro e lentamente nos afastando da FaMN. Ele fica em silêncio por alguns instantes antes de dar início a uma conversa inteiramente superficial - Você e minha irmã são próximas? Eu ainda não tinha visto você com ela. - procuro por sarcasmo ou uma ponta de deboche em seu comentário, mas não encontro nada. Ele estava apenas comentando sobre o assunto, talvez só estivesse tão desconfortável com o silêncio esmagador quanto eu estava, e na verdade, parecia querer apenas saber sobre as amizades da irmã mais nova. Eu fazia isso com os amigos de Cat, por isso podia detectar uma preocupação fraternal logo de cara.
- Sim, nos conhecemos durante as aulas mescladas. Fizemos um trabalho juntas. - respondo calmamente, agora ele dirigia não muito lentamente pelas ruas movimentadas e abarrotadas de carro a essa hora, que era de pico.
- Entendi. Ela não me disse que você fazia Medicina. - diz me olhando de relance como se fosse algo surpreendente ou curioso. Fala sério...
- Ah. - é somente no que a minha mente aparentemente abobada conseguiu elaborar como resposta. Por que eu me importava em dialogar como uma hiperdotada afinal? Ele nem mesmo me via, estava ao meu lado, falava comigo. Isso sim, mas sua conversa parecia estar no automático. Como algo já previamente elaborado. Talvez Nanda o tivesse obrigado a ser cordial. Esse era bem o jeito dela. Respiro fundo e tento de novo, isso não era um encontro e eu precisava lembrar a mim mesma desse importante detalhe. Podia ser eu mesma, se ele não gostasse de mim paciência.
- Eu faço medicina sim, sou caloura, mas isso você já deve ter notado. - ele dá de ombros e não comenta mais muita coisa, não me surpreendo, afinal não tínhamos muito assunto para conversar, as próximas trocas de palavras foram sobre os meus conhecimentos sobre gramática, eu me senti como em uma entrevista de emprego, ele queria mesmo saber da minha qualificação para lhe ajudar e eu não pude culpá-lo, pelo que Nanda falou ele devia estar mesmo desesperado.
- Chegamos. - diz estacionando o carro em frente a um edifício alto e encapado em vidraçarias do chão ao teto, até consigo imaginar como esse montante de vidros deve refletir a luz do sol e praticamente cegar pedrestes que olhem de relance para a fachada, e outra coisa que nem conseguia imaginar era a quantia paga para se morar em um lugar como esse.
- Certo. - seguimos lado a lado até a portaria e logo depois pegamos o elevador em direção ao décimo primeiro andar.
- Você parece um pouco nervosa. - comenta quando o elevador começa a subir silenciosamente andares acima, eu o olho surpresa com sua percepção, eu bem que estava tentando com muita força de vontade me manter calma, mas o movimento apressado e automático das minhas mãos batucando com os dedos um nos outros com certeza me delataram.
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Meu romance imperfeito
Teen FictionManuela avalor é uma garota simples e sentimental e que já passou por grandes perdas na vida. Com o passar do tempo a jovem se apegou a família e tudo o que queria era estabilidade. A última coisa que almejava era se mudar para tão longe de tudo e d...