~1- Quedas, cartas e lágrimas~

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- Como você pôde Jack?! Se você não me ama por que vir até aqui? Por que me fazer entregar meu coração? - eu me sinto tão burra por ter me rendido a esse amor.

- Elena, me escute, não é apenas isso que nos separa. Eu sou seu irmão! - ele segura o meu pulso quando tento me afastar, e o calor da sua pele me faz lembrar dos momentos que passamos juntos, ele havia se tornado o meu melhor amigo, eu achava que estava começando a ama-lo, e agora isso?

- Me solte! Eu já devia saber, você estava apenas atuando, afinal eu contratei você para isso não foi mesmo? Não me conte mais mentiras - me sinto amarga e nem mesmo sua expressão de dor me faz parar.

- Elena! - ele chama meu nome, mas eu consigo me desvencilhar do seu toque e corro para o mais longe que posso desse homem, se ele era o meu irmão isso já não importava. Tudo na minha vida era uma mentira, eu já de....

- Manuela!!! - O grito preenche a sala, e como não era o que eu esperava agora, acabo me desequilibrando do braço do sofá onde estava sentada e caio no chão, como um verdadeiro saco de batatas.

Ai!

- Eu. Não. Acredito. nisso!!!! - o som da sua voz é agudo e ecoa pelo corredor, ela pontua cada palavra como se realmente não acreditasse, em sabe se lá Deus o quê. - Manuela!! Vem aqui agora sua sortuda! - chama novamente, ainda de algum lugar desconhecido, em tom de ordenança.

Estou na sala de casa, agora no chão, já que cai com o susto.

Não se pode mais ler em paz. Pelo amor de Deus!

Massageio minha cabeça que acabei batendo na mesa de centro. Esse não era o melhor jeito de parar uma leitura, mas quando os gritos eufóricos de minha irmã mais nova surgem, e que gritos, ela sempre tem um motivo, embora isso não justifique nada. Ela acaba de quase me matar de susto, literalmente.

Largo o livro em minhas mãos no sofá com certo esforço, eu estava no clímax da cena e teria de parar a leitura antes que Elena, a personagem principal do livro, descobrisse quem era o seu verdadeiro pai. Isso depois de ter descobrido que Jack, seu então namorado de aluguel, era na verdade seu irmão. O pior é que ela teria que desfazer a união e contar a todos sobre a farsa, que começou por motivos que não interessa agora.

Elena e seu destino teriam que esperar. - penso zangada pela interrupção. Espero que minha irmã tenha um bom, muito bom motivo para esse quase infarto que me causou.

Correndo, saio para procurar Catarina, procuro pela cosinha. Nada. quarto de mamãe. Nada. Sala de jantar. E nada dela. Depois de tantas voltas pela casa e longos minutos de caminhada, finalmente eu encontro a mesma dando pulinhos de alegria em seu quarto, o cabelo liso dela pula ao seu redor como fitas reluzentes. Começo a ficar preocupada, afinal eu já desconfiava do motivo de tanta felicidade.

Por favor que não seja o que estou pensando...

- O que aconteceu maluca? - pergunto no umbral da porta. - Precisa desses gritos todos? Meu Deus! Acho que estou com um zumbido nos ouvidos até agora Catarina! - reclamo ainda respirando rápido, eu não sou uma pessoa atlética e essa busca pela casa já me deixou exausta.

Eu estou acabada.

- Exageradaaaa. - diz ela respondendo ao meu comentário com um revirar de olhos, mas ainda sorridente. Ela para de saltar como uma pipoca na panela e seu cabelo volta imediatamente para o lugar, sem embaraço, sem frizz, sem nada. O cabelo de Cat era perfeito, ela havia herdado isso de papai, nós havíamos na verdade, a única diferença entre nossas madeichas, era que as minhas eram mais em tom castanho escuro, e os dela eram de fato negros.

Meu romance imperfeito Onde histórias criam vida. Descubra agora