Manuela Clark
Não consigo descrever o quanto dói saber que minha irmã está completamente frágil naquele hospital, me sinto completamente impotente por sequer poder entrar para vê-la. Sophie e Matthew me deixaram em casa e eu não puder me dar ao luxo nem de chegar perto da cama pois já estava quase atrasada para o trabalho e como não tenho a mínima ideia de como serão os próximos dias, é melhor deixar para tentar me afastar por uns dias quando realmente puder fazer algo por Lis.
Após um rápido banho tento cobrir minhas olheiras com alguns quilos de corretivo, mas não adianta muita coisa. Escolho a primeira roupa que aparece na minha frente que consiste em uma blusa de manga longa e gola alta preta, uma calça de alfaiataria também preta uma bota de salto da mesma cor, acho isso expressa muito bem como me sinto por dentro.
Mesmo já tendo comido, encho um copo térmico com um café bem quente e forte, tenho certeza de que o dia será longo e vou precisar de combustível. Praticamente corro para o metrô, nessas horas sinto falta de dirigir, mas aí me lembro do passado e o sentimento passa mais que depressa. Chego cinco minutos atrasada, mas milagrosamente ninguém reclama ou se manifesta, suspeito que seja pela minha cara de poucos amigos.
Contra todas as minhas orações o dia é completamente cheio, mal tive tempo de conversar com Anne pelo telefone para explicar o que aconteceu, ela disse que foi sua chefe que contou tudo o que sabia quando chegou pela manhã, falou que assim que conseguisse terminar seu trabalho iria pro hospital para tentar ver Lis ou falar com meus pais. Consegui sair da última reunião do dia quase na hora do fim do expediente e ainda assim meu chefe pediu para que eu ficasse mais alguns minutos pra que ele pudesse me mostrar as mudanças que quer em um dos croquis.
Quando consigo finalmente chegar na recepção do hospital meu estômago ronca e só então me lembro que minha última refeição foi o almoço junto com uma lata grande de energético, que parece já ter perdido o efeito, pois toda a minha energia parece se esvair. Recebi a liberação para entrar no quarto em que Lis está, mas antes passo na lanchonete e compro um sanduíche para comer enquanto ando até lá.
Olho pra Lis e meus olhos se enchem de lágrimas, vê-la ali, tão vulnerável é como ter uma faca perfurando a minha alma várias e várias vezes, faço carinho em seu cabelo e me permito chorar enquanto nossos pais não voltam, já que saíram pra comer. Minha irmã está com vários roxos pelo rosto, com marcas de dedos e isso me faz querer matar aquele infeliz com as minhas próprias mãos, seu pescoço também possui algumas marcas e fecho os olhos tentando controlar minha raiva.
Escuto a porta sendo aberta e ao me virar vejo Matthew e sua mãe parados, seco os olhos e os chamo para entrar. Ele me entrega um buquê de rosas brancas que trouxe pra ela, só ao procurar um lugar para colocá-lo percebo que Lis recebeu mais algumas flores, pois o quarto está colorido por elas.
A Sra. Miller passa alguns segundos ao lado da cama e vem na minha direção, me encontro encostada em uma das janelas,
- Manuela não é? Sinto muito querida. - Ela me abraça e eu me seguro para não cair no choro novamente. - Sua irmã é uma menina de ouro e muito forte, pode ter certeza que ela vai sair dessa o mais rápido possível, estamos todos torcendo e rezando por isso. - Ela segura minha mão e olha na direção do filho, que está ao lado de Lis, segurando sua mão e afagando o seu cabelo.
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Se o amor perdoar
RomanceO amor cura? Será que ele é mesmo benevolente como dizem por aí? Que tudo espera, perdoa e suporta? E se ele for a fraqueza que te colocará de joelhos sentindo-se vazio como nunca? A mão que te empurra diante de um precipício ou...