Prólogo

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Villefranche - Henry Mason.

"Sobre uma camada constante de nuvens sobrecarregadas, existe Villefranche. Uma pequena cidade localizada ao Sul da França, com cerca de 3.000 habitantes.

Os dias por aqui são quase os mesmo, a polícia por assim dizer não tem muito trabalho, tirando os pequenos infratores causados pelos caçadores da região. Villefranche tem uma extensa e abafada floresta, o que é o sustento pra muitos, tanto na caça quanto no trabalho na madeireira, que é o maior negócio que se tem.

Há cerca de uma semana e meia, dois corpos foram encontrados dentro de sacos plásticos atrás da única Igreja da cidade. Ninguém estava preparado para isso, ninguém nunca está. Os corpos foram achados por uma aluna do ensino médio, Louise Bertrand, de 17 anos, e uma freira da paróquia, Heloíse Martin, de 67 anos. Nenhuma das duas testemunhas quiseram conversar com a polícia local.

A minha opinião sobre os assassinatos? Pois bem, eu posso não ter anos de trabalho em campo e nem de vivências reais, mas eu tenho certeza que essa assassinatos não foram feitos por qualquer coisa, e que sem dúvida alguma, não irão ser os únicos. Mesmo com poucas evidências, já dada a grande decomposição dos corpos, eu posso dizer que consigo ver um "Modus Operandi" do nosso assassino... "

- Detetive Henry? O que está fazendo? - Com os coturnos de couro emprastados de lama, a Xerife Rebecca veio dar-me as "Boas-vindas" por assim imaginei. - Bom, não importa. Me desculpa o atraso, como você já sabe, a cidade está um caos com os corpos.

- Bom dia, Xerife Rebecca. Eu estava fazendo algumas anotações sobre o que temos do caso enquanto esperava. Nem consigo imaginar como deve estar o caos com a população, não é sempre que se tem corpos em sacos plásticos. - O desconforto em minha voz e o clima esquisito no gabinete chegava a ser palpável, mas não posso me julgar, tenho andado em extremo estresse nós últimos dias.

- É, bem, já tomou café da manhã? Venha comigo, vou te mostrar a cidade, não como se tivesse muita coisa pra ser ver aqui. - Rebecca pegou sua jaqueta da polícia e o distintivo na gaveta da mesa, que por sinal estava uma bagunça. Assisti seus movimentos atenciosamente, ela estava tão tensa quanto eu poderia estar, não julgo, a pressão deve ser horrível. - Você vem? - perguntou segurando a porta pra que eu a seguisse.

Durante nosso curto percurso da Delegacia ao onde deveria ser a Lanchonete principal de Villefranche, eu pude notar coisas formidáveis sobre a Xerife. Sua pele chegava ao um tom retinto quase tão frio quanto a temperatura do mar que cercava a cidade, e mesmo com a pose de durona ela matem sua sensualidade feminina em pequenos detalhes quase imperceptíveis, como por exemplo os brincos pequenos e dourados nas orelhas, o lenço que prende os cachos, o hidratante labial, os anéis junto da aliança...

- Se continuar a me encarar desse jeito, eu vou deter você. - Disse ela com os olhos focados na estrada, sinto meu sangue ferver por vergonha.

- Desculpe a indelicadeza... Eu não queria constrange-la. - Voltei meus olhos para a estrada, estávamos passando pelo centro da cidade. Alguns pais apertavam as mãos de seus filhos com demasiada força, algumas lojas estavam fechadas com placas em suas vitrines. - Estão todos com medo...

- E com razão. Investigador Mason, aqui é cidade pequena, não tem crimes desse tipo, nunca! É claro que estão com medo, eles não sabem o que fazer, os corpos... Eram crianças, nossas crianças. - As palavras que começaram com força e raiva, aos poucos perderam-se e quase se transformaram em sussurros. Todos estão assustados.

- Eu entendo. - Não há muito o que se dizer em uma situação dessas, palavras nem sempre são o conforto que todos buscam e precisam, e a Xerife não parecia do tipo que se contenta com meras palavras com significados vazios.

Villefranche.Onde histórias criam vida. Descubra agora