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Duda's POV:

amanhã faz 3 meses que minha mãe fugiu, continuo depressiva, mas pelo menos voltei a comer e agora estou tendo consultas com uma psicóloga, pra me ajudar a não ficar triste, eu achava besteira isso de eu ver uma psicóloga, pois eu tinha o igor, que dá na mesma, mas ultimamente nós não estamos nos falando muito, na verdade, quem está me ajudando mais é Giu, ela sempre vai em casa me levando doce ou comida, porque se depender de mim, eu fico sem comer mais umas 3 semanas, ela e o Pedro ainda estão saindo, fizeram 4 meses de namoro, mas ela ultimamente está me ajudando mais e ele está apoiando completamente, o que é estranho, porque a gente não se dá muito bem.

Bom, minha casa está mais limpa, eu voltei a tomar banho—eu não devia nem ter parado, masok— mas continuo infeliz, continuo fumando, bebendo, vomitando e agora, eu me corto, sim, me corto.

Antes a minha forma de descontar a tristeza era deixando a casa uma bagunça, uma desordem total, mas agora, o jeito é se cortar. Ninguém sabe disso, nem giulia, nem igor, nem psicóloga, nem ninguém, e pretendo deixar assim por um tempo, ninguém merece uma adolescente miserável com pena de si mesma. A única coisa nova e feliz que aconteceu na minha vida foi a minha nova amizade com Luiza. Ela é super compreensiva e quase sempre vem em casa pra eu não ficar tão solitária. Isso é ótimo, já que pelo menos alguém me faz companhia.

ligação de igóvisk

"oi Igor"
"oi"

"diga"
"preciso falar com você"

"vem pra casa"
"ok, já to indo, beijo"

"beijo"
fim da ligação

Depois de longos 10 minutos, ele entra em casa.

"Duda?" ele me chamou.

"no sofá!"ele se dirigiu à sala, sentando do meu lado, enquanto eu fumava e assistia Teen Wolf."diga"

"preciso te contar uma coisa" ele me disse, sua expressão era de preocupação, como se eu fosse julgá-lo. Ele pegou o controle que estava do meu lado e desligou a TV. Fudeu." eu não sei como você vai reagir mas por favor, não fique brava" iiiih, lá vem merda.

"fala logo"

"eu vou me mudar"

sério? Só isso?

"osh, tudo bem, pra onde?"

"pra New York" deixei cair o cigarro na minha perna, queimando um pedacinho, mas logo o joguei no chão.Não respondi, só fiquei encarando-o com cara de ódio.

"duda, não. Não me olha assim, por favor, para, eu falei pra não ficar brava"

continuei a encarar.

ele ria de nervoso.

"por favor para, não é minha culpa"

"quando você vai?" só lhe fiz essa pergunta.

"amanhã de manhã" ele disse, se protegendo, na esperança de eu bater na brincadeira e que ficasse tudo bem. Quebrei sua expectativa, eu estava puta da vida, ele demorou a porra de UM dia pra me contar que ele ia se mudar pra puta que pariu!

" então vai logo, você tem malas pra fazer" levantei ele do sofá e fui empurrando pra porta.

"mas eu fiz ontem, pra poder passar o dia com você!"

"não fez não, cala essa boca. Você deixou aquela camisa lá, atrás do seu armário, ela é muito importante vai lá" eu disse, segurando as lágrimas.

"ah duda, para, pelo amor de Deus. Você acha que é a única que vai sentir falta? Porra meu, a gente de conhece des do dia que a gente nasceu! Para de drama. E outra, sua mãe ainda tá desaparecida —comecei a chorar— não fica acumulando coisa pra você ficar mais triste"ele entrou de novo em casa "por favor" e me abraçou.

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Passamos o dia fazendo um monte de coisas, assistimos a primeira temporada inteira de American Horror Story, fizemos pipoca, vimos uma fita de quando éramos pequenos e ele me obrigou a dançar Fireproof, do One Direction.

Já era bem tarde e igor estava indo embora.

"quer ir no aeroporto comigo amanha?"

neguei com a cabeça

"ah qual é?! Sério mesmo?Nem pra me dar tchau?" eu dasabei, essa palavra doía, talvez porque minha mãe nunca a disse pra mim antes de partir, ou talvez eu não queira que ele fosse.

neguei de novo com a cabeça

"ok então, pelo menos levanta do sofá pra me dar um abraço, né, tchonga?" eu ri.

Levantei do sofá e o abracei, tentei segurar o máximo de lágrimas possível, mas não deu, não é fácil falar tchau pro seu melhor amigo de infância, ok? Escondi minha cara entre seu pescoço e ombro."come várias, beija muito, gasta, e compra coisas pra mim, beleza?" eu disse pra quebrar a tensão.

"pode deixar, Duda istu flai"

"Hã?"

"aquela música lá... duda, istu flaaaai "

"não é dream?"

"eu sei lá"  nós rimos.

Vou sentir falta disso, das risadas, das piadas inúteis , dos apelidos nada amistosos, e a delicadeza de javali dele.Mas não há nada que eu possa fazer. Levei ele até a porta.

"se cuida em jovem, tenta não se matar" ele disse, indo pro carro. Ah, se ele soubesse.

"brinca com isso não, filho da puta" eu disse baixo e entre o sorriso, enquanto acenava de longe.Assim que ele saiu com seu carro eu entrei, peguei um cigarro, o acendi, peguei uma lamina de estilete e fui pro banheiro. Continuava triste.

The one with the blue hairOnde histórias criam vida. Descubra agora