Eu que não amo você...?

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"Akko?!", Lotte assustou-se ao ver a porta se abrir com tamanha rispidez, "A-aonde você estava? Eu tive que cuidar de tudo sozinha..."

Mas a garota de cabelos longos passou por ela desconsiderando totalmente o que dizia. Sem compreender aquela atitude incomum, acompanhou-a com os olhos até que ela parasse atrás do segundo assento do estúdio, deixando que a alça da mochila escorregasse pelo braço e colidisse com o chão. Agilmente puxou um dos microfones da mesa e deu-lhe duas batidas de leve com o dedo, testando sua funcionalidade.

"Desliga", Akko pede sem fazer contato visual.

A interrupção brusca da música passou despercebida pelos estudantes de Luna Nova, e os poucos que notaram pareceram não se importar tanto, de uma forma que não despertou neles o desejo de indagar o que teria acontecido. O som que completava os burburinhos dos corredores lotados nunca foi alto suficiente para que sua falta fosse sentida quando desligado, se tratava apenas de algo que disfarçava o clima rígido de um colégio. Delicadamente Akko aproximou o microfone da boca.

"Eu gostaria da atenção de todo mundo, por favor."

Os estudantes olharam para cima, como se pudessem ver através dos alto-falantes, a voz que falava com eles, os lábios vermelhos, preenchidos pelo gloss sabor tutti-frutti, hesitantes em dizer. Não que eles realmente se interessassem em receber qualquer comunicado, estavam apenas curiosos para saber o motivo pelo qual se devia a alteração na rotina da rádio da escola. Até a pausa que sucedeu, entediou os estudantes, e antes que seus frágeis interesses chegassem ao fim a locutora se pronunciou novamente.

"Diana Cavendish."

Mas o nome deu a importância necessária para o conteúdo se tornar atraente. Eram como urubus atraídos pela carnificina. Todavia, dentro de uma das salas de aula, um par de olhos azuis se mostravam temerosos pelo que viria a seguir. Todos do recinto a olhavam, como se esperassem que ela tomasse alguma atitude que arrancasse-a do pedestal que se manteve por tanto tempo. Suas amigas por outro lado, pareceram lhe perguntar o que significava aquilo, talvez se sentissem traídas por não saberem antes de todos qual era a fofoca. Mas ela não perderia a compostura tão facilmente, era uma Cavendish, tinha seu orgulho. Levantou o queixo e ignorou o resto da sala.

"Acho que vocês sabem quem eu sou, Atsuko Kagari, a desastrada, que só causa confusão. Sempre fui motivo de piada para todo mundo aqui e o que estou prestes a fazer talvez só dê mais motivo pra vocês rirem de mim. Mas quer saber? Eu não ligo. Eu não vou reprimir as coisas que sinto por achar que é errado. Então, senhorita Cavendish, quero que saiba que, mesmo que não sinta o mesmo, eu te amo. E te digo isso com a mesma emoção que o Paul McCartney canta em Silly Love Songs"

Luna Nova foi tomada por conversas paralelas nada discretas e risos maliciosos.

"Mas o que essa garota... ela é louca?", Hannah diz irritada.

"Atsuko Kagari é a vergonha dessa escola. Não é Diana?"

Mas da boca da loira só saiam risadas involuntárias, um misto de sentimentos que provavelmente nem ela fosse capaz de dizer quais eram. E quando tentava balbuciar algo, as frases começavam com "Ela é..." e se perdiam com as várias possibilidades de palavras que ela podia usar de complemento. Hannah e Barbara se olhavam desentendidas, quiçá, receosas.

Akko sentia seu coração bater como britadeira dentro do peito após ter se confessado. Não forçou suas pernas quando elas vacilaram revelando não conseguirem mais sustentar seu corpo, puxou a cadeira que havia ao lado de Lotte e sentou-se aliviada.

"Não que se isso fosse um segredo.", ela posiciona o microfone na mesa, "Eu sei o que a rádio corredor diz. Bom... vocês estavam certos. Mas Diana quero falar com você agora. Eu lembro de sempre te ver pelo colégio com uma cara de brava e você tinha um ar de sabe-tudo que me deixava irritada. E a primeira vez que te vi sorri, eu pensei 'Olha, ela sabe sorri. E tem um sorriso bonito'. "

Dentre as pessoas que acompanhavam a história encontrava-se Andrew. Nada que Akko tivesse dito até agora foi uma surpresa para ele, mas isso não o impediu de se recostar em um dos armários e escutar atentamente.

"Você diz que é mais fácil para as pessoas amarem o Andrew do que você. Mas como alguém poderia te amar se você não deixa? E quando as pessoas tentam se aproximar você afasta, como se elas fossem te fazer mal", Akko não sabia como Diana estaria recebendo tudo aquilo, possivelmente estaria a odiando, "Se você me dissesse o que eu tenho que fazer pra te provar que eu a amo, eu..."

Permitiu que seus olhos se fechassem para impedir que as lágrimas, que guardava há tanto tempo, rolassem por suas bochechas. Sua boca aberta, estática, deixava escapar um ar pesado, de quem já não tem forças para continuar. Proferir todas aquelas palavras em voz alta era demasiadamente exaustivo, ninguém ali se importava com a dor que ela tentava inutilmente tirar de si, era apenas mais uma pauta para conversas superficiais.

"Kagari.", a voz rouca e fria ecoou por toda sala

Seus olhos passearam de Lotte até a porta, onde o motivo de seu mundo ter virado de ponta a cabeça a fitava. Os azuis frios lhe fizeram lembrar da música que ela tinha composto tempos atrás. Diana não parecia nem um pouco feliz com toda repercussão de algo que sempre se esforçou para esconder. E se ela queria parar de fugir das coisas, aquela era uma excelente oportunidade. Consertou sua postura e disse segura:

"O que você quer Diana?"



Notas Finais:

Sinto muito se não ficou bom, principalmente pelo fato de que eu deixei o final em aberto (e quem faz isso em oneshot pelo amor de Deus?). É a primeira que escrevo e era apenas um pedaço de uma história que não consegui concluir. Eu só precisava "desbafar" ela aqui. Estava na dúvida entre fazer sobre Diakko ou Bubbline, não sei se acertei na escolha, mas está aí ^.^

Eu Que Não Amo Você - OneShotOnde histórias criam vida. Descubra agora