Assalto

3

Cavalgavam no meio de uma parte arborizada da cidade, sem seguir uma trilha em específico. Diana parecia saber onde ia, mas a densa mata assustava Ângela, nunca fora acostumada a estar dentre mato maior que seu joelho, e agora se via perdida em um reino gigantesco de madeiras imóveis, tão grandes que nem o vento as balançava. Os pássaros voavam alto, como na cidade, mas mesmo assim, eram encurralados pelas folhas extensas.

– Aqui é bem diferente, nunca vi nada parecido – Ângela comentou.

– Eu e meu irmão costumávamos brincar aqui, é bem calmo, não há bichos terrestres, então os caçadores não se interessam. Um paraíso em meio aquelas pessoas horríveis.

– Não entendo por que os odeia tanto, mas aqui realmente é surpreendente.

– Os homens daquela cidade são corruptos, senhora Nogueira, egoístas e hipócritas, por isso não costumo socializar com eles.

Todos sempre tratavam Ângela bem, talvez porque nunca procurasse as pessoas e sempre fosse apresentada por seu pai. Mas entendia que, talvez, o fato de Diana ser negra fizesse com que muitos não a tratassem bem como tratavam a si.

Aos poucos, a mata foi ficando menos densa e mais baixa, os arbustos iam tomando o lugar das grandes árvores, até que chegaram em uma alta parede de pedra, tão alta a ponto de ser impossível saber se acima de si havia vegetação ou não.

– Desculpe me, senhora Baltazar, mas escalaremos aqui?

– Pode chamar-me apenas pelo primeiro nome, e não se preocupe, não seria louca de fazê-la escalar tudo isso.

Diana amarrou o cavalo e continuou a andar, Ângela tentava acompanhar seu ritmo, mas era difícil por causa das vinhas e raízes no chão. Seus sapatos também não ajudavam, tinham um pequeno salto quadrado e apertavam a ponta de seus dedos, não eram feitos para passeios.

– Senhora Baltazar, espere-me, por favor! – assim que terminou de falar, foi ao chão, batendo com a testa em uma grossa raiz, mas não forte ao ponto de desmaiar. Ficara um pouco atordoada, seus olhos pareciam girar, o máximo que conseguiu foi se sentar e, quando levantou o olhar, viu que tinha uma companhia indesejada à sua frente.