3- Sonho

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— Kaira! — Sofye chama a irmã mas ela finge não escutar. — Kaira! É sério, você tem que levantar ou vamos nos atrasar! — A garota pula em cima da minha cama e tira o fino lençol do rosto da irmã.

— Que horas são? — Kaira esfrega as mãos no rosto na tentativa de despertar.

— O importante é que o sol já está para nascer! Não podemos deixar que a família real acorde e não estejamos a postos.

— Olhando assim parece até uma adulta responsável. — Kaira provoca a caçula.

— É sério!

— Existem milhares de empregados aqui... Só uma não faria diferença. — Ela tenta se justificar e fecho os olhos novamente.

— Kaira! — Sofye a cutuca. — Tava sonhando com o rei?

— Por Deus, Sofye! Ele deve ter o quê? Setenta anos? Nunca, mesmo. — Riem.

— Justo. Então eram soldados bonitões?

— Na verdade... Eu tive um sonho bem estranho sim. — Kaira começa a pentear os longos cabelos escuros. — Nada de soldados bonitões! Eu estava num lago... Molhando os meus pés e alguém segurou minha mão direita e me disse que eu nunca mais teria que ter medo do que o futuro traria.

— Isso é macabro. — Sofye pega seu pequeno espelho e dá uma última checada no cabelo.

— Foi confortante... Não sinto mais medo de... — Kaira dá um longo suspiro. — Nos descobrirem e acabarmos mortas.

— Kai? — A menor fica boquiaberta. — Você é tão negativa! — Sofye entrega o uniforme. — Pelo menos viu o rosto dessa tal pessoa?

— Não. — Ela começa a trocar de roupas. — Só olhei pra mão e percebi uma cicatriz em forma de um "C", na parte de cima... Se não estiver errada, no terceiro dedo da mão esquerda.

— Uau que específica.

— Sempre.

— Pronta? Mamãe e Joana já foram.

— Prontíssima!

As irmãs se separam no meio do palácio e então Kaira sobe para os quartos reais para recolher os lençóis e cumprir com meus afazeres. A menina mais apreciou a decoração do que trabalhou. Cada detalhe nas paredes, os quadros, as cadeiras banhadas a ouro... Ela ouve vozes no corredor e se apressa para se retirar do quarto, descendo as escadas até que se distrai novamente.

— Kaira! — Diana surge da multidão e a puxa pelo braço. — O que está fazendo no meio do palácio?

— Aquele quadro... — Diz, imóvel.

— Venha logo! Olhe só para você! Não vê o movimento no palácio? Se te pegam com essa cesta de lençóis admirando a beleza das artes você está encrencada!

— Me desculpe, foi só um descuido meu. É que eu trabalhava com artesanato e sempre me encantei por...

— Não importa! Nada do que pensamos ou sentimos importa aqui. — A garota olha para os dois lados checando se alguém estava reparando nas duas paradas ali. — Agora vá!

— Se acalme, se acalme. — Kaira brinca.

— Algum problema por aqui, senhoritas? — Um guarda estranha a inquietação.

— Está tudo bem, Bernard.

— Por que ele nos chamou assim? — Kaira sussurra.

— Ele é nosso amigo. Cresceu comigo e meu irmão. Agora vá!

Kaira arruma a cesta em suas mãos e se dirige até o local onde já deveria ter chegado há muito tempo.

Mais tarde, volta ao quarto e a mãe das garotas e Sofye já estavam lá.

— Como foi o dia querida? — A mãe pergunta enquanto penteia os cabelos de Sofye.

— Foi...

— EU TIVE O MELHOR DOS DIAS! — Joana entra atropelando o diálogo.

— Nos conte! — Sofye sorri animada e todas nos sentamos nas camas.

— Eu vi a princesa e dois dos príncipes! — Joana responde eufórica.

— Como isso é possível? — Kaira pergunta curiosa.

— Parece que uma família que trabalhava aqui há anos teve que partir então consegui uma das vagas e ajudei a servir a refeição! — Todas abrem um sorriso ao ouvirem as palavras de Joana.

— Como eles são? — Sofye sempre pede detalhes de tudo, típico de irmão mais novo curioso.

— Deslumbrantes, formidáveis, simplesmente uma venustidade!

— Por Deus, Joana! Parece que está descrevendo deuses! — Kaira exclama ao ouvir os adjetivos exagerados.

— Kaira, eles são! A princesa tem um longo cabelo negro e olhos cor de mel. Um dos príncipes tem os olhos azuis como o mar, o outro tem olhos verdes como um campo na primavera... E a pele deles são reluzentes como o ouro. — A garota suspira ao recordar o encontro.

— Reparou até na pele deles? — Kaira se choca com tamanha ousadia.

— Mal posso esperar para conhecê-los! — Sofye fica animada.

— E depois o quê? Virarem melhores amigos? Oh! Virar uma princesa também? — Kaira provoca. — Vamos tentar ser mais realistas aqui?

— Kaira Hooda Bjørn, modos! — A mãe das hives chama a atenção da filha.

— Nem suas provocações conseguirão estragar meu dia hoje, Kaira. — Joana afunda a cabeça no travesseiro e parece pensar alto.

— Quer saber? Boa noite! — Kaira pula para sua respectiva cama e apaga sua vela.

— Ah! Quase me esqueci! Lamarro nos convidou para um passeio amanhã pela tarde. — Sofye se anima com o possível programa para o dia seguinte.

— Se divirtam. — Diz, já com os olhos já fechados.

— E você vai, Kai! — Sofye insiste.

— Boa sorte para me convencer! — Enfim todos apagam as velas. — E eu sei que fez careta para mim, mocinha.

— Como voc...

— Boa noite! — Kaira interrompe suas palavras obtendo o silêncio que precisava.

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⏰ Última atualização: Mar 26, 2021 ⏰

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