1- A caminho do palácio

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Kaira Hooda Bjørn é uma jovem de lindos olhos cor de avelã e longos cabelos escuros. Nasceu e cresceu na Alemanha com sua mãe e suas duas irmãs, Sofye, três anos mais nova, e Joana, um ano mais velha. Três lindas irmãs com traços e características físicas muito parecidas. Chamavam atenção por onde passavam, pela sua beleza, educação, inteligência, gentileza, simpatia e muitas outras qualidades que essas irmãs possuíam.

Certo dia, sua mãe recebeu uma carta de seu primo, distante, porém o único que lhe havia sobrado. Ele era um dos único ingleses da família e um importante soldado da confiança de toda a corte. O homem, já de idade, foi guerrear um ano antes da carta chegar e acabou sofrendo muitos ferimentos o que o levou a morte.

Ele não queria deixar sua única família, mesmo que nunca ás houvesse encontrado, desamparada enquanto ele usufruía de uma estabilidade financeira e moradia no palácio.

O primo iniciou a carta se desculpando por nunca ter tido a oportunidade de conhecê-las, mas logo explicou que guerras recentes, incluindo a Primeira Guerra Mundial, acabou tornando a Alemanha e a Inglaterra fortes adversários, o que impossibilitaria a entrada do Inglês no país de suas primas. Ele também conta que pedira ao rei que permitisse que as moças trabalhassem no palácio como servas, que conseguisse um bom casamento para as jovens e que as protegessem, enquanto o vida o rei tivesse pois o risco na Inglaterra era gigante visto que as meninas eram alemãs. O homem já as alertou do preconceito dos nativos. Poderiam achar que elas eram fugitivas, querendo se aproveitar da vida na Inglaterra e alguns brutos poderiam até mesmo matá-las se descobrissem de sua origem. O primo pediu que elas se mantivessem no palácio  na maior parte do tempo, pois o rei não poderia protege-las se não ás tivesse em vista.

A família de Kaira se mantinha pelo artesanato e a agricultura, o que não permitia muitas regalías. Apenas o necessário para comida e roupas, já que o país acabara de sair de uma guerra na qual acabou ficando num grande prejuízo.

Ao verem que receberam tamanha honra de trabalhar em um palácio, logo vêem a oportunidade de serem felizes e terem melhores condições financeiras.

Junto á carta, o falecido primo deixou uma quantia de ouro, na verdade, tudo o que ele tinha que era o suficiente para a passagem de navio. Ele ás instruiu que assim que chegassem, fossem pelo portão de trás e procurassem por Daniele ou Lamarro, eles eram irmãos e serventes que trabalhavam na cozinha. O casal de irmãos iriam lhes mostrar o quarto e designar-lhes suas tarefas.

No dia da viagem...

— Eu mal posso esperar para conhecer o palácio! Será que é verdade que a rainha na verdade é um homem? — Questiona Sofye enquanto sobe no navio.

— Claro que não filha! Dizem que o príncipe e a princesa, filhos dela, tem traços idênticos ao da rainha. Não seja tão inocente! — Responde a mãe com dificuldade para subir as escadas.

— E o fantasma do homem sem face? — Joana tenta assustar a irmã.

— Jo! — Sofye acerta a garota com sua bolsa menor. — Será que os ingleses são bonitos? - Continua, ao se sentar num banco, já dentro do navio. — Mal posso esperar para ser cortejada por um deles!

— De preferência um nobre minha filha. De camponeses em nossa linhagem já basta nós! - A mãe pega sua bolsa maior e entrega ao homem que é encarregado de guarda-las. — Além do mais, quando eu partir, quero que todas já estejam devidamente casadas e com filhos.

— Falando assim até parece que a senhora quer morrer mãe! — Sofye odeia quando a mãe fala assim.

— Nem se animem com a possibilidade do amor. — Diz Kaira, interrompendo sua leitura. - Casaremos com quem o rei escolher, quem nos aceitar! Isso se o rei se der ao trabalho de escolher alguém pra nós.

— Negativa... — Sofye revira os olhos.

— Quando descobrirem que não somos nativas, os rapazes certamente fugirão de nós. — Continua Kaira.

— Se nos amarem, ou quiserem uma esposa para logo dar filhos, nossa origem pouco importará. — Sofye tenta ser positiva.

— Fique nessa ilusão então, avisada você foi! Eu estou com a minha mente aberta e pé no chão. — Kaira volta a ler seu livro e Sofye revira os olhos novamente.

— Não entendo o desespero da Sofye para se casar. Já eu, não me casarei tão cedo... — Joana soa triste.

— Ainda sonha com o tal rapaz que viu uma só vez em sua vida? — Kaira para de ler novamente e se dirige a Joana sarcasticamente.

— Vocês não me entendem mesmo não é? Eu acho que o amo! Ele tão forte, não tão alto, cabelos escuros... Simplesmente... Perfeito. — Joana suspira. — Pelas roupas, de certo era um nobre.

— Você não tem chance com nobre algum. — Diz Sofye insinuando que sua irmã não era bonita ou fina o suficiente.

— Nenhuma de nós temos! — Kaira se entromete. — O que somos? Não temos títulos, terras ou riquezas para oferecer! Por que motivo um nobre escolheria uma refugiada ao invés de uma nativa rica? Cabe-nos aceitar que não somos e nunca seremos dignas de um deles.

— Kaira, hoje você está insuportável! — Sofye se irrita e se afasta da irmã.

— Era para ser o dia mais feliz de nossas vidas, até isso consegue estragar? — Joana fala antes mesmo de analisar suas palavras.

— Eu não ligo! Vocês precisam mais é de um choque de realidade! — Kaira bufa.

— Kai, meu amor, por quê não se permite? Sonhar não dói. — Diz a mãe passando a mão pelos cabelos da jovem.

— Sonhar não dói, sonhar e se frustrar é o que dói.

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