Hinata - 1860

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A cada momento que passa eu me sinto mais desconectado desse mundo, se não puder dizer completamente por conta do meu amigo Kenma, pois acredito que já tenha desistido de mim e de todos se não fosse por ele.

É engraçado pensar em todas as pessoas no mundo, por que logo eu fui uma das sorteadas pra nascer com essa marca? Pra viver esse mundo sem fim, e pior, pelo resto da eternidade sofrer por um certo alguém, que infelizmente vai estar entre nós, pro resto das nossas vidas.

- Tá pensando o que Hina?

- Ah, nada demais amigo, só pensando pra qual cidades nós podemos ir daqui a pouco, eu sei que todos sabem da nossa existência, mas dói ficar preso em um local onde todos os meus conhecidos morrem todos os dias, sabe?

- Eu sei, por isso eu sempre te digo pra não se apegar a ninguém, seu besta.

- Kenma eu queria entender como você não consegue se apegar a nenhum desses mortais, eu te conheço a mais de 200 anos e você nunca mostrou o minimo de afeição a nenhum deles, você não pensa em se apaixonar nem que um pouquinho por essa gente?

- Você é louco? Pra me magoar depois? Eu já te contei essa história Hina, mas vou contar de novo...

De certo modo eu amava quando o Kenma me contava a história do primeiro e único amor dele, foi antes da marca ter nascido nele, aos 16 anos e ele vivia por volta de 1400/1500 e ele havia se apaixonado pelo seu melhor amigo mortal, o Kuroo, eles planejavam fugir juntos já que nessa época nem passava na cabeça dos cidadãos um relacionamento entre dois homens, e como eram muito jovens tiveram que esperar a maioridade para poderem fugir, mas foi aí que tudo deu errado.

Faltavam exatas uma semana pro Kenma completar 18 anos, e eles já tinham o plano perfeito pra poderem fugir juntos, já tinham contato outra cidade a procura de emprego e moradia, mas como naquela época era três vezes mais difícil a comunicação ambos tiveram que ser bem pacientes com o que estava por vir, e foi quando já estavam no fim dos preparativos pra poderem fugir, a marca de infinito nasceu no pescoço dele. Kenma entrou em desespero pois não sabia como falar com Kuroo sobre isso, na época o conhecimento sobre seres imortais era bem fraco comparado aos dias atuais, e quando ele contou ao seu amante tudo, Kuroo disse que mesmo com isso, gostaria de passar até o último dia de sua vida ao lado dele, e Kenma concordou, mesmo que com um aperto no coração.

Kuroo e Kenma viveram uma vida "comum", mas pela condição do Kenma ele teve que ver seu amor crescer e envelhecer diante dos seus olhos, sem poder fazer nada em relação a isso, porque era apenas o ciclo da vida comum dos mortais. Quando Kurro morreu, Kenma passou centenas de anos sofrendo, porque além de ter perdido seu único e verdadeiro amor, ele estava sozinho nesse mundo, já que nós nunca fomos algo comum, até que ele me encontrou, e desde então somos amigos, o pior de tudo isso é a promessa que ele fez pra si mesmo logo após a morte de Kuroo, ele nunca mais iria se apaixonar e/ou se relacionar com alguém, sendo imortal ou não, porque ele já sentiu na pele o que era perder alguém que ele amava muito, mesmo tendo prometido a Kuroo que iria seguir em frente, que ia encontrar alguém como ele e que seriam eternamente felizes juntos.

- Hina... Você está chorando? É literalmente a milésima vez que eu te conto essa história.

Enxuguei as lagrimas, mesmo sabendo que essa história sempre ia me causar esse mesmo efeito.

- Não... Você está delirando Kenma - Dei um suspiro e voltei a falar - Bom, que tal irmos tomar um café e já vermos qual o nosso próximo destino?

- Pra mim parece uma ótima ideia

Guardamos nossas coisas e fomos direto para o nosso lugar favorito.

Kagehina au || Centuries Onde histórias criam vida. Descubra agora