Prólogo

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Nova Iorque, 21:35 h...

O aeroporto estava movimentado para aquele horário. Eu ainda não havia entendido o que tinha acontecido, estava um pouco perdida e com muito sono, um pouco zonza talvez. A última coisa que me lembro era do sorriso maldoso e satisfeito de Mary Anne. Minha mãe, eu estava tão preocupada com ela, mas não havia nada que eu pudesse fazer, do nada acordei em um jatinho particular com a cabeça no colo do Spencer chegando em Nova York.

No momento eu estava sentada no aeroporto com malas e malas enquanto o Spencer fora comprar algo que já nem me lembro o que era, estava frio. Eu ainda não sabia como eu tinha ido parar naquele jatinho, nem como o Spencer tinha me achado, muito menos o que aconteceu com o resto. Aaron devia estar louco, mas tentei não pensar nele naquele momento.

Meus olhos estavam pesados, e meu corpo formigava, me perguntei porque a maldita não me matou envenenada ao invés de me drogar, haviam duas opções:

1) Ela pensou na hipótese de meu corpo ficar boiando no mar e descobrirem na autópsia que fui envenenada.

2) Ela era muito idiota.

Com certeza a primeira opção, só me perguntava porque ela tinha tanto ódio de mim, tudo isso porque Aaron e eu nós amávamos? Ela era doente, só podia ser.

Minha visão não estava muito nítida mas percebi um homem estranho se aproximando de mim, ele usava roupas pretas e simples, aparentava ter no máximo 40 anos.

— Você não parece bem, quer ajuda? — ele se sentou ao meu lado e então pude sentir o cheiro de álcool e outras drogas — Se quiser eu posso tirar sua roupa pra você linda.

Ótimo! Cadê o Spencer que não chega logo?!

Eu ignorei o homen, me afastando um pouco, o que eu fiz pra merecer isso?

— Além de linda é surda também, é? — ele pegou meu braço com força me puxando pra perto dele — não tem problema, eu tô interessado em outras coisas...

Ele tirou as mechas de cabelo do meu pescoço e se aproximou mais, minha reação foi me levantar rapidamente e chutar onde dói mais. Ele me olhou com ódio nos olhos então eu corri.

— Volta aqui, sua vagabunda! Você me paga ! — ele corria atrás de mim enquanto eu procurava a saída do aeroporto.

Quase fui atropelada por um táxi mas continuei correndo, ainda pude ouvir o taxista gritar enquanto eu atravessava a rua as pressas. O vento frio cortava minha pele. Meu Deus, o que aconteceu com a minha vida?

Eu apaguei por algumas horas e minha vida mudou completamente, acordei em outro país, descobri que minha mãe morreu – embora eu ainda não tinha caído na real daquilo – e agora? O que eu ia fazer? Sozinha em Nova York, esse homen não ia me deixar em paz e eu estava tão zonza.

Olhei pra trás para ver se ele ainda me seguia quando acabei esbarrando em alguma coisa, não parei pra ver o que era até uma mão segurar o meu pulso, senti um calafrio percorrer meu corpo inteiro. Droga! Sai de uma encrenca pra entrar em outra.

— Ei, calma, poderia ter me jogado no chão — a voz do homen me soava tão familiar que fez meus olhos saltaram para ele, encontrando um par de olhos azuis — Por que essa correria toda?

Sua voz era calma e tranquilizante como a de um pai, no seu rosto havia uma expressão preocupada, ele usava um terno cinza escuro. Seu rosto era tão familiar também. Uma de suas mãos veio até o meu rosto, fazendo-me dar um leve passo para trás mas ele continuou me segurando.

— Calma, calma, não precisa chorar mais — ele passou o polegar pela minha bochecha e só naquele momento eu percebi que estava chorando.

Por algum motivo eu me sentia bem com ele.

Segredos De Uma Voz - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora