Lason 02

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Se Jason não estivesse em uma festa certamente estaria deitado na sua cama. Submerso em camadas de lençóis e provavelmente desfrutando do sétimo sono. Era o que ele deseja. Mas se mantinha ali, envolto em adolescentes, como ele, quase.

De qualquer forma era melhor estar ali, na festa, se divertindo como podia, do que em seu quarto; frustrado por não conseguir dormir com toda aquela barulheira.

Ele se mantinha alerta, prestava atenção em tudo, ou quase tudo, era como se fosse o vigia. Já que as pessoas tinham tendências estranhas, que as levavam a fazer loucuras e beber em recipientes duvidosos.

Como na casa de Frank, por exemplo, onde Bryce Lawrence subiu em uma mesa de cristal e dançou usando um pano de prato como tanga amarrado na cintura com barbantes, que acabaram se rompendo. Jason suspeitava que aquele trauma seria hereditário e que até seus bisnetos teriam pesadelos. Ou daquela vez, na casa de Percy, em que Dakota apareceu com uma caneca enorme nas mãos e foi desafiado a beber nela. Ao menos foi o que Jason pensou quando o viu de longe, estava sem os seus óculos; depois descobriu na verdade se tratava de um penico. Dakota alegava que estava novo, que havia comprado naquele dia. Por qual motivo? Era um mistério.

Afinal de contas quem compra um penico, leva para festa e bebe tang misturado com vodca? Muito suspeito.

Jason observava seus amigos dançarem, dispersos, meio que fazendo o mesmo; suas pernas reclamavam de tanto que pulava e se movimentava, na sua nuca e testa o suor se acumulava em gotas. Mas ele estava mais preocupado em não derramar sua bebida do que com o latejar de suas pernas. Ainda mais com você sabe quem ali perto; Luke Castellan dançava, embalado pela mesma música eletrônica. Ele não entendia como aquilo funcionava, duas músicas diferentes tocando ao mesmo tempo em dois polos diferentes da casa. Os sons de uniam e se emaranhavam criando batidas estridentes, como se uma respondesse a outra. Mas Luke estava bem perto do seu canto. Balançando a cabeça e o corpo, movendo-se ao som da melodia agitada. Ele literalmente se soltava quando ia as festas, quando bebia, Jason gostava disso.

Da primeira vez que o viu dançando ficou chocado, não achava que ele fosse do tipo que dançava em festas. Imaginava que Luke ficaria num canto, bebendo e rindo vez outro de algo contado, ou de algo inusitado. Mas ele mostrou-se totalmente o oposto do esperado. Dançava, bebia e até cantava quando tinha karaokê. Todo mundo cantava.

Algo naquele cara o cativava. Jason não conseguia pôr em palavras o que. Ou como e quando começou a se sentir daquele jeito em relação a Luke Castellan. O conhecia desde o sétimo ano – uma época um pouco confusa –. De qualquer forma, eles não eram tão próximos como agora. Antigamente não sentavam nem a mesma mesa. Não antes de frequentarem a mesma turma e seus amigos se misturarem. Foi algo bom, de qualquer forma. Era mais que ciente do seu interesse, mas não sabia como chegar em garotos, sempre esperava que eles tomassem a atitude.

Não imaginou que Luke iria a festa, apesar de tê-lo o visto em algumas. De qualquer forma não tivera a lista de convidados em suas mãos. Sabia que ela não existia. Jason ficou bastante surpreso quando viu a chegada de Luke, com Annabeth e Percy. Estava na cozinha quando o rapaz passou pelo corredor. Parecia tímido olhando ao redor, agora estava bem diferente de quando entrou na casa.

Livre, ele dançava, ao seu modo. E havia um charme em seus movimentos desengonçados, na expressão despreocupada. Vez ou outro Jason o pegou olhando na sua direção, assim ele acreditava. Jason sorria e Luke desviava os olhos, era como um roteiro ensaiado.

Jason sabia que aquilo provavelmente era um defeito seu: sorrir demais. Mas era um gesto além do seu controle; quando estava feliz, ou animado, ou quando estava convencido de algo. O sorriso simplesmente surgia em sua boca, esticando seus lábios e de quando em quando expondo seus dentes. As vezes se sentia um completo idiota. Era como uma alto-denúncia. Thalia sempre disse que seu rosto era muito expressivo e por mais que tentasse não conseguia esconder o que sentia.

AmbrosiaOnde histórias criam vida. Descubra agora