Serenata de Horror

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Minha mãe foi trabalhar mais cedo porque das piranhas que trabalham com ela não foram trabalhar no horário e ela era a única que podia substituir as bonitas, o que era uma sacanagem porque como todos sabiam que ela substituiria de qualquer forma eles sempre deixavam os trabalhos mais pesados para ela e bom, minha mãe é uma mulher forte o suficiente para aguentar isso, só que é uma palhaçada.

Ela é médica pediatra desde que eu me entendo por gente, uns treze anos mais ou menos, e a mesma nunca precisou do meu pai para nadinha, o que é ótimo porque ela não tem nem ideia de quem ele é.

Mas enfim, ela tava correndo de um lado para o outro, pegando uma coisa aqui e outra ali para arrumar a bolsa, ela gostava de levar brinquedos para as suas consultas, assim as crianças não ficavam tão assustadas, o difícil era achar os brinquedos aqui em casa, mas deu tudo certo.

Algumas horas depois a minha mãe me liga com uma respiração acelerada como se estivesse correndo-"Alô, Junie?"

"Oi mãe, o que houve?"- pergunto um pouco preocupado, alias não é todo dia que ela me liga assim.

"Vou ter que ir ao Japão"- disse, esqueci de contar que o hospital que ela trabalha faz parceria com um hospital do Japão, só que ninguém nunca teve que ir pra lá de uma hora pra outra-"Vou ter uma entrevista lá"

"Por que?"- não se entrevista ninguém sem um porque.

"Acho que vou ser promovida"- se alegrou-"Vou ficar aqui uns quatro dias, você fica bem sozinho?"- eu resmunguei um sim e ela disse um eu te amo para encerar a ligação.

Eu estava feliz por ela, mas ser promovida era sinônimo de ser transferida e isso me preocupou um pouco, não ao ponto de eu surtar, mas eu estava com um pé atrás, mas por outro lado casa só pra mim por três fucking dias.

Algumas horas se passaram desde que ela me ligou e eu tinha feito tudo o que queria, ouvido musica no ultimo volume, comer um monte de besteiras, beber umas bebidas loucas que ela guarda e nunca toma, tomar banho com a porta aberta, andar de nu por ai, fazer meus trabalhos da escola...gemer alto.

Enfim, eram duas da manha, eu tava quase dormindo depois de fazer um trabalho de matemática quando ouço uma musica alta tocar na minha porta 'mas não é possível' penso, olho da janela já indo mandar meu vizinho tomar no brioco arrombado dele quando vejo ninguém mais ninguém menos que Choi Soobin em um carro de som e não é pra ser exagerado, mas meu sangue ferveu, eu sentia que ia explodir de ódio.

Ele não vai fazer isso...pensei tentando ser positivo, ele sabia mais que ninguém que eu odeio essas palhaçadas e com certeza era pra me irritar e olha tava funcionando direitinho.

Assim que ele me vê o mesmo sorri tipico de alguém que quer te fuder e começa a cantar, okay eu como sou um belo de um ator resolvo ignorar fingindo que não é pra mim.

"Choi Yeonjun, onde você está?"- filho de uma boa mãe, que raiva, me arrependo de ter me feito de princesa até a minha próxima geração.

Alguns vizinhos olharam pra mim na janela com um olhar de desgosto e eu entendia muito bem o que eles estavam sentindo porque eu estava me afogando naquilo.

Desci rápido e o Soobin desceu do carro de som sem parar de cantar, eu puto tiro o microfone das mãos dele e mando o cara ir embora antes que sobresse para ele também, ele estava visivelmente bêbado o que era pior ainda.

"Tá comendo bosta?"- pergunto irritado quase pegando ele de porrada ali mesmo.

"To tentando ser romântico"- então tínhamos visões diferentes do que é ser romântico.

"Você conhece esse menino, Yeonjun?"- a minha vizinha megera perguntou antes que eu pudesse entrar em casa e sentar em posição fetal chorando.

"Eu?"- sorri-"Não, não mesmo"- ela me olha desconfiada-"Um pouco, ele é o primo do amigo do meu amigo, é estrangeiro, tá meio deslocado..."- eu já nem tinha mais controle da minha boca nesse momento, era tanta mentira-"Enfim, boa noite"

Entro e fecho a porta, Soobin estava meio zonzo então decidi colocar ele na cama, eu ia aproveitar que minha mãe viajou para cuidar dele, fiz um chá e dei um remédio para o mesmo afim de a ressaca amanhã ficar mais suportável.

Ele dormiu bem rápido, pra ser exato assim que eu o coloquei na cama e eu também estava exalto então nem me importei de dormir do seu lado por mais embaraçoso que isso será amanhã de manhã.


Yeonjun o hétero de TaubatéOnde histórias criam vida. Descubra agora