To triste, não to feliz

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Pós detenção, fui para casa como se nada tivesse acontecido, cheguei em casa feliz feliz com a maior cara de cínico que eu já fiz na vida e minha mãe tava lá na cozinha preparando a janta, fui nela pra beber uma água e ela me olha com uma cara de quem vai me interrogar até arrancar todos os meus segredos mais obscuros, mas eu sendo o ator de novela da emissora mais vista no brasil que sou, sairia intacto.

No caso fugi para o meu quarto no estilo dashi run e me tranquei lá, joguei minha mochila de para um lado, meu celular pra outro, minhas roupas no cesto-porque se não minha mãe fica irritada- e fui tomar um banho para pensar na burrada mais vantajosa que já fiz na vida.

Chorei tanto aquele dia para repedir a dose dois dias depois e chorar mais porque eu não confio nadinha no tal príncipe encantado e tenho certeza que a escola toda já sabe, não que eles não soubessem a alguns dias atrás, enfim acabou minha reputação perfeita de hétero que ninguém acreditava a anos.

Resolvi que tava bom de pensar no banho e fui para o quarto, coloquei uma roupa nada haver, deitei na cama, mas levantei logo depois porque esqueci de pegar o celular e depois deitei de novo, eu ia reclamar da vida com meu melhor amigo sim, mesmo sabendo que ele ia me dizer para superar e desligar na minha cara igual ele sempre faz, mas quando quer conselho vem correndo pra mim dizendo 'porque o taehyun isso, porque o taehyun aquilo' e eu besta fico ouvindo.

Entrei no telefone branco no fundo verde e fui olhar minhas mensagens não respondidas que eu fico com preguiça de responder e um número desconhecido, entrei né, vai que é o silvio santos falando que eu sou o filho perdido dele, mas não era só o Soobin me chamando de lindinho e dizendo que daqui a pouco ta aqui, nem dei importância e fui tentar dormir, mas minha mãe bate na porta.

"Juniie, se arruma que a Jiwon e o Soobin vem jantar com a gente hoje"- disse do outro lado da porta.

Senti meu coração pedindo arrego e meus pulmões chorando e olha que eu nem to fazendo execícios, pulei da cama, fiz um coque bagunçado e fui desci, eu conhecia muito bem a minha mãe e ela também me conhecia muito bem, tanto que ela sabia que eu não ia dizer bulhufas se me perguntasse algo e bom o que já tava ruim sempre piora, vou ter que ficar olhando para cara do moreno, lembrando do motivo de eu ter saído da escola com a boca inchada.

"Que loucura é essa?"- pergunto vendo ela arrumar a mesa como quem não quer nada.

"O que? Nós não fazemos isso a anos, vai ser divertido"- se empolgou-"agora se arrume, antes que eles cheguem"

A mesa tava tão silenciosa quanto sala de prova, um olhando para cara do outro e eu olhando pro chão, enrolei com a comida o máximo que consegui e torci para minha mãe continuar conversando sobre como a vida é um morango com a tia Jiwon.

"Juniie, nunca fez besteira, eu estava preocupada, ainda bem que veio essa detenção"- comentou e eu não sei com o que eu fiquei mais preocupado: com o caminho que a conversa estava indo ou que ela ficou feliz em eu ter ganhado uma detenção-"Mas eu nem fiquei surpresa"- minha mãe ta cada vez me surpreendendo.

"Eu fiquei, achei que ele gostasse de garotas"- bom pelo menos alguém acreditou.

"A gente pode falar sobre outra coisa?"- perguntei olhando as duas darem de ombros.

"Não precisa ficar envergonhado, bobinho, isso é normal"- disse minha mãe apertando minhas bochechas e o Soobin riu.

É eu to triste, não to feliz, nunca mais que eu quero beijar aquela boca linda ali.




Yeonjun o hétero de TaubatéOnde histórias criam vida. Descubra agora