Estavam ambos cansados. Deitados – estirados de forma despreocupada – na cama. Recuperando o fôlego perdido. Os músculos estavam cansados e Liam se perguntava se já era a terceira vez, ele havia se perdido na contagem. Estava preocupado se Theo iria querer uma próxima, se eles teriam o pique; pois as pausas haviam sido mínima. E o torpor lhe deixara com uma manha preguiçosa.
Lá fora, por detrás do mar de casas, além das copas das árvores. O sol ia se pondo lentamente. Deixando o céu azul manchado de tons rosados, laranja e verde. E era nisso que Theo se apegava. Fitava o céu colorido com um olhar distraído, como se nunca tivesse visto tal imagem da janela de seu quarto.
Ele e Liam estavam em sua casa. Somente os dois e mais ninguém. Seus pais viajaram para a cidade vizinha naquela manhã, para visitar uma tia. E a previsão era que retornariam em dois dias; julgando que o filho era responsável o suficiente, deixaram-no sozinho.
Era um momento oportuno. E eles aproveitaram. E estava nos planos continuarem a aproveitar a ausência dos mais velhos. Tendo como combustível o fogo da juventude.
Era tudo muito bom, passar um tempo a sós com o Dunbar. Mas algo não havia saído como ele planejou. Um sentimento estranho se espalhava em seu peito. Um frio pesado e incerto, como se algo lhe faltasse. Aos poucos fora encaixam as peças e percebendo que não havia deixado aquele assunto de lado. Era um vazio que ele queria preencher. Aparentemente, apenas ele.
Eles permaneceram deitados na cama. Não era uma cama de casal, mas era grande o suficiente para que os dois coubessem sem ter que se espremer. Não pareciam se importar com o suor e o gozo que lhes grudavam aos lençóis, o descanso era a prioridade.
Tirando um ou outro suspiro avulso o silêncio reinava. Seco e quebradiço. Como Theo havia reparado algumas vezes. Mas naquela parecia pior. Parecia piorar a cada foda. Ou seria apenas sua imaginação?
Liam não perguntava como ele estava se sentindo sempre que acabava? Se fora bom? O sorriso dele não era o suficiente? E os afagos? Os beijos? Nesse exato momento não eram os lábios quente que lhe arrepiavam a nuca com beijos demorados?
Porque aquilo não era o suficiente... Era tantas perguntas, em um momento inoportuno, que sua cabeça doía.
Theo sentiu uma movimentação inquieta na cama. Foi só então que desviou os olhos da rua para encarar seu amante. Sim, isso, essa era a palavra adequado para o que possuíam e viviam. A-m-a-n-t-e-s.
Não sentiu mais nada apesar da sua expectativa. Esperava muita coisa: mais beijos, um abraço, uma encoxada, uma mordidinha na orelha, um sussurro quente. Mas Liam não fez nada disso, parecia ter desistido de insistir dado ao seu silêncio. O que ele fez foi se virar e pegar o celular, que estava em cima do criado. Passando a mexer no aparelho com entusiasmo. Teclando, digitando, sorrindo.
Aquilo o frustrava, dar mais atenção a um mísero eletrodoméstico do que a si. Tudo bem que ele não reagiu aos beijos na nuca, de início, pois estava ocupado refletindo sobre o que não tinha e o que lhe faltava. Mas não era exatamente aquilo que Theo esperava depois de tanto tempo juntos, enrolados. Liam não percebia como aquilo lhe afetava? Que o magoava?
Era algum tipo de castigo sórdido, se apaixonar assim. Se sentia estúpido por se ver tão entregue a alguém. E ser tão menosprezado. Era como se sentia.
Liam riu baixinho, achando algo engraçado. Era uma risada gostosa de se ouvir. O rapaz parecia animado com o que havia recebido. Aos invés de curtir os seus momentos.
Theo grunhiu inconformado. Estava visivelmente insatisfeito. Não com o sexo, claro. Mas com o bizarro elefante na sala que seu amante parecia não notar. Estava insatisfeito por não ter aquilo que julgava ser a almejada cereja do seu bolo. O clímax de um relacionamento recluso.
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Pétalas de um Girassol
FanfictionTheo estava cansado daquela mesmice que vivia. E da forma passiva como Liam via a situação em que estavam. Ele era ciente de que não é o melhor exemplo de pessoa. Tinha seus defeitos e erros. O mais recente ainda pairando sobre sua cabeça feito um n...