Bianca
Eu - Amor! - Grite da cozinha. - Josh? - Gritei mais alto dessa vez.
Josh - To descendo! - Ouvi ele responder do segundo andar.Os últimos 12 anos da minha vida foram como uma montanha-russa. Sair do relacionamento com o Caio, conhecer o Josh, casar e logo depois do casamento descobrir que eu já estava grávida? Não foi nada fácil.
Josh - Bom dia. - Falou me dando um selinho.
Olhei pra cadeirinha de bebê na ponta da mesa e lá estava meu raio de sol. Melissa.
Eu - Bom dia. - Sorri. - E bom dia pra você, sol da mamãe.
Mel tinha apenas 2 anos, mas era quase como se me entendesse mais do que minhas próprias amigas. Ela era, sem dúvidas, a pessoa que eu mais amava nesse mundo.
Josh - Eu preciso ir. - Fez uma careta se lamentando.
Eu - Promete que vai tentar chegar cedo?
Josh - Vou tentar. - Falou de modo nada convincente.
Eu - Não esquece que teremos visitas. - Lembrei mais uma vez.
Josh - Como eu poderia esquecer? - Perguntou revirando os olhos.Não que Josh não gostasse dos meus amigos, mas ele não tinha uma amizade como a nossa e simplesmente não entendia porquê precisávamos fazer reuniões semanais.
Durante esses anos, nossas vidas tomaram caminhos completamente distintos. Porém, apesar disso, nós nunca viramos as costas uns pros outros. Todos casados e com um emprego, mas quando nos juntávamos parecia que a adolescência estava de volta.Mel - Mamãe. - Ela resmungou fazendo com que meu momento nostálgico acabasse.
Eu - Oi, filha. - Sorri gentilmente.
Mel - Comida. - Pediu com a voz ainda arrastada de sono.Meu sorriso se alargou. Quanto mais minha filha tentava falar, mais meu coração se derretia.
A campainha tocou antes que eu pudesse fazer algo pra ela comer e eu fui atender a Bárbara.Bárbara - Bom dia, Dona Bianca. - Falou, sorrindo como sempre.
Eu - Que bom que você chegou cedo, Bárbara. Tenho uma consulta agorinha mesmo. - Falei olhando o relógio de pulso.Bárbara era uma senhorinha que me ajudava com a Mel durante a semana. Por mais que eu tivesse optado por exercer minha profissão de casa por via das consultas online, era impossível prestar atenção no trabalho e na Melissa ao mesmo tempo. Babi foi como um anjo em nossas vidas.
Babi - Como está minha menininha? - Falou já indo em direção à Melissa.
Aproveitei a distração da neném pra ir ao escritório e ligar para a primeira paciente. A psicologia havia me ganhado completamente nos últimos anos e eu acabei decidindo que queria trabalhar com adolescentes, por mais complicados que eles fossem as vezes.
Eu - Oi, Júlia. - Falei assim que a morena de 16 anos apareceu na minha tela.
Júlia - Oi, Bi! - Sorriu.
Eu - Como você tá? Alguma outra crise de ansiedade durante esses dias que não nos falamos?Júlia tinha muitas crises de ansiedade, mas desde que começamos o tratamento ela havia mostrado uma melhora significativa.
Júlia - Não.
Eu - Ótimo!
Júlia - Podemos falar sobre outra coisa hoje?
Eu - Claro... Aconteceu algo?
Júlia - Nada demais. - Deu uma risadinha envergonhada. - Você acha que sou esquisita?
Eu - Como assim, Jú? - Perguntei confusa.
Júlia - É ridículo, mas ouvi o irmão de uma amiga minha comentar com os amigos sobre como eu era esquisita.Ouvir "o irmão da minha amiga" fez com que meu coração pulasse uma batida. Eu quase nunca via o Caio, mas só a menção do nome dele me dava uma sensação estranha no estômago.
Eu - Me conta mais sobre isso. - Pedi tentando disfarçar a enxurrada de lembranças que invadiram minha mente.
Caio
Ouvi os passos acelerados da minha irmã enquanto eu já preparava meus ouvidos pra euforia que seria.Mari - Caio! - Ela gritou antes de se jogar em cima de mim em um abraço apertado.
Eu havia passado a maior parte dos últimos anos viajando, fazendo poucas paradas pra visitar minha família. Agora, porém, as coisas haviam mudado. Surgiu uma oportunidade de emprego que eu não pude recusar, mesmo que isso me fizesse voltar pro lugar que me trazia lembranças até demais.
Mari - Espera, o que você tá fazendo aqui? - Perguntou desconfiada.
Eu havia resolvido visitá-la no trabalho, pensei que seria mais fácil de fazer a surpresa dessa forma.
Eu - Estou oficialmente de volta!
Mari - Não acredito! - Falou, pulando em cima de mim novamente. - O Lucas já sabe? Meu deus, precisamos marcar alguma coisa com todo mundo! Você já avisou pros nossos pais?
Eu - Calma, criatura. - Gargalhei. - Uma coisa de cada vez.
Mari - Desculpa, senti saudades.
Eu - Eu também.E era verdade. Senti muita saudade da minha família durante esse tempo.
Eu - Só passei pra te ver mesmo, preciso correr pra assinar o contrato do apartamento e pegar a chave.
Mari - Você comprou um apartamento? - Perguntou surpresa.
Eu - Aluguei. - Esclareci. - Se quiser passa lá depois do trabalho, te envio o endereço por mensagem.
Mari - Hoje não posso. - Respondeu fazendo uma cara estranha.
Eu - O que foi? Lucas vai te manter ocupada? - Brinquei.
Mari - Não... Tenho um jantar na casa da Bi. - Falou a última parte um pouco mais baixo.Quase que imediatamente me arrependi de ter perguntado. Não era novidade que elas ainda eram super próximas, afinal, eu via todas as fotos dos encontros semanais no instagram. Porém, alguma coisa ainda doía dentro de mim toda vez que eu lembrava de tudo. Não importava o número de pessoas que eu tinha me relacionado nesse tempo, parecia que nenhuma conseguia preencher o vazio dentro de mim.
Mari - Tudo bem? - Perguntou me tirando do transe.
Eu - Claro. - Sorri fraco. - Amanhã então?
Mari - Com certeza! Só me avisar o horário e eu apareço lá com o mala do seu amigo.
Eu - Acho que agora ele é muito mais seu marido do que meu amigo. - Brinquei mais uma vez.Nos despedimos e eu entrei no elevador da empresa da minha irmã mais nova. Encostei na parede e minha mente começou a viajar. Era quase que inacreditável as coisas que tinham acontecido nesses anos, mas eram bem reais e eu tinha que me acostumar de uma vez por todas. Agora, mais do que nunca, tava na hora de colocar um ponto final em qualquer sentimento que ainda estivesse presente dentro de mim. Afinal, seria inevitável começar a conviver com a Bianca e sua nova família perfeita.

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A amiga da minha irmã
RomanceParte 2 de "O irmão da minha amiga". O tempo passou, mas Bianca nunca parou de se perguntar como teria sido se ela soubesse perdoar na época. Como fazer pra matar as borboletas que insistem em brotar no estômago quando os olhares se cruzam? Como ig...