S e v e n

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Bianca
Não sabia o que tinha se passado na minha cabeça pra fazer aquilo. Toda aquela conversa, aquele abraço, aquele pedido. Tudo estava errado em tantos níveis. O que estava acontecendo comigo? Josh não falou nada, mas ficou de cara feia o caminho inteiro até chegarmos em casa.

Josh - Vou colocar ela na cama. - Avisou e subiu com Mel adormecida em seu colo, sem nem esperar que eu falasse algo.

Não era possível que depois de anos o Caio ainda conseguia mexer comigo. Era irritante que ele tinha aquela postura de quem não tava ligando pra nada enquanto eu estava quase tremendo enquanto conversávamos. Peguei meu celular e vi que tinham algumas mensagens da Mariana.

 Peguei meu celular e vi que tinham algumas mensagens da Mariana

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Não respondi. Não estava com raiva dela, mas não sabia o que dizer. Se eu falasse pra alguém que ver o Caio mexeu comigo, isso se tornaria mais real e isso não poderia acontecer. Eu teria que me acostumar a vê-lo uma vez ou outra porque agora ele tinha voltado pra California de vez, mas eu não poderia deixar isso causar algum tipo de reação em mim. Pedir pra ele não sumir foi ridículo, não sei porque fiz aquelas palavras saírem da minha boca.

Caio
Dirigir até em casa foi quase impossível. Eu estava completamente distraído e avoado. Foi quase um milagre eu não ter batido em lugar nenhum.

"Não some de novo."

Essas palavras ficavam ecoando na minha cabeça. Havia esperança? O que ela queria dizer com isso? Eu não posso fingir que quero ter a Bianca como amiga, isso seria tortura. Preciso dizer a verdade. Preciso tentar mais uma vez. Se existe alguma chance dela realmente não estar feliz e querer se divorciar, eu preciso explorar isso. Por mais que seja egoísta da minha parte querer que ela largue o porto seguro e se junte à mim, não posso fingir que não é isso que está se passando na minha cabeça agora. Eu achei que o que tínhamos passado na adolescência tinha sido complicado, mas isso é mil vezes pior. Tem um casamento no meio. Porra, tem uma criança no meio. Eu seria capaz de ser padrasto daquele pontinho loiro?

Ligação On
Lucas - Cadê você? - Ele perguntou assim que eu atendi o telefone.
Eu - Acho que estou ficando maluco. - Foi a primeira coisa que saiu da minha boca.
Lucas - Por favor não me diz que você teve uma recaída. - Minha mente viajou pra longe nesse momento. Tinham anos que eu não usava droga. Desde que a Bianca me deixou. - Caio?
Eu - Não. Não tive uma recaída.
Lucas - O que aconteceu, cara?
Eu - É loucura eu estar pensando na possibilidade de ficar com a Bianca de novo? - Silêncio. - Eu não consigo ficar aqui e fingir que não é isso que eu quero. Preciso que alguém me diga se estou ficando maluco ou se essa possibilidade existe.
Lucas - Ela está casada. Tem uma filha, cara.
Eu - Isso é um não? - Silêncio novamente. - Lucas, pelo amor de deus. Vocês conviveram todos esses anos com ela. Você acha que ela realmente seguiu em frente?
Lucas - Cara, eu não sei. - Respondeu depois de uma eternidade. - Mas eu acho que você talvez precise.
Eu - Como assim?
Lucas - Caio, se passaram doze anos.
Eu - Eu não sou mais a mesma pessoa que ela largou.
Lucas - Ela também não é mais a mesma. Existem outras prioridades.
Eu - O que é mais importante do que realmente ser feliz?
Lucas - Você acha que ela seria feliz com você? - Não respondi. - Você acha que ela sairia de um casamento de anos, com uma criança, e pularia de cabeça em um relacionamento com você?
Eu - Preciso ir. - Falei e desliguei, sem esperar uma resposta.
Ligação Off

De repente tudo que eu estava pensando antes de falar com o Lucas pareceu sem sentido. Era impossível. Se passaram doze anos e ela com certeza não sente mais nada. Se sente, não é nada que possa fazer com que ela largue a vida confortável que tem. E não, eu não quero ser padrasto. Eu nem gosto de crianças. Está na hora de realmente tentar seguir em frente e ignorar as palavras dela. Não posso deixar isso entrar na minha cabeça igual deixei hoje. Eu voltei pra minha antiga cidade, mas não preciso voltar pra outros hábitos. Olhei pra bancada da cozinha e vi um cartão brilhar com o número de Stella. Era errado ligar pra ela e fingir que sempre tive essa intenção. Ela nem tinha passado pela minha cabeça até agora, mas se eu iria seguir o conselho do Lucas e seguir em frente era assim que eu iria começar.

Mari

Lucas - Seu irmão está bem. - Ele falou e se deitou ao meu lado na cama.
Eu - Tem certeza? - Perguntei, mas ele ficou em silêncio.

Era óbvio que o Caio não estava bem. Eu não sabia o que tinha acontecido quando a Bianca foi pro lado de fora do restaurante, mas obviamente boa coisa não era.

Lucas - Não sei não, amor. - Passou as mãos pelo cabelo. - Tenho medo dele fazer alguma besteira.

Sentei na cama nervosa pelas palavras que o Lucas tinha acabado de dizer. Não era possível que ele achasse que o Caio teria uma recaída.

Eu - Como assim? Ele falou alguma coisa de recaídas?
Lucas - Não, calma. - Falou se sentando também. - Não é disso que estou falando.
Eu - Então que besteira que ele poderia fazer? Com o que você está preocupado?
Lucas - Com a Bianca. Ele estava com um papo estranho, de reconquista-lá.
Eu - Isso não pode acontecer. - Falei de imediato. - Não tem nada que a Bi se esforce mais pra manter do que aquele casamento.
Lucas - Eu falei que ele precisa seguir em frente.
Eu - Não vou deixar meu irmão estragar a vida da minha melhor amiga de novo. - Suspirei. - Eu amo os dois tanto, mas isso não está certo.
Lucas - Acho que eles só precisam de um ponto final, sabe? Eles nunca tiveram um.
Eu - O casamento da Bianca era pra ter sido um ponto final.
Lucas - As vezes não foi suficiente.
Eu - Lucas, ela está casada e tem uma filha. O que mais vai ter que acontecer pra ser suficiente?
Lucas - Não sei.
Eu - Meu irmão não pode continuar se torturando desse jeito. Isso é perigoso e pode realmente gerar uma recaída. Ninguém quer ele de novo no mundo das drogas.
Lucas - To começando a pensar se foi uma boa ideia ele ter vindo pra cá de novo.
Eu - Talvez não.

Meu coração ficava apertado pelos dois. Era óbvio que a Bianca valorizava muito mais aquele casamento do que ela deveria, mas o que também era óbvio era que ela não largaria aquilo de jeito nenhum. Oferecer pra filha dela a tranquilidade de um lar com os dois pais juntos era maior que qualquer coisa que ela estivesse sentindo pelo Caio nesse momento. Eu não duvidada que o sentimento ainda existia, eu duvidava que isso seria suficiente. E isso não ser suficiente simplesmente destruiria o meu irmão.

A amiga da minha irmã Onde histórias criam vida. Descubra agora