Capítulo 02

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Comecei a correr numa velocidade avassaladora, eu não fazia a mínima ideia se o lobo estava atrás de mim, só que era importante permanecer viva. Comecei a gritar pelo nome de Hollie, que não deu nenhum sinal de vida. Quais as chances dela ter esbarrado com um lobo também? Tarde demais para usar a cabeça né, Erin.

Eu teria que voltar, não tinha outra opção. Percorri o mesmo caminho, já ofegante e tomada pelo medo. Mais sortuda que eu, só duas de mim.

A cada passo que eu dava aquele lugar me parecia ser familiar, como muito dos meus pesadelos. Me aproximei do mesmo local e ao ouvir um barulho me escondi atrás de uma árvore. A floresta estava tão silenciosa que era possível ouvir uma respiração próxima à mim. Dei um grito ao sentir uma mão gélida tocar minha pele, virei quase quebrando o braço da pessoa, respirei aliviada, era Hollie.

- Onde você se.. - sou interrompida por ela que rapidamente pôs sua mão sob minha boca.

- Precisamos sair daqui agora. - ela me puxa sem ao menos me dar uma satisfação.

Hollie corria e desviava dos galhos e pedras com uma agilidade surpreendente, a mesma mantinha um silêncio ensurdecedor que me corroía aos poucos. Ao chegar manteve-se quieta, pra ela era como se nada tivesse acontecido.

- Você vai me contar o que aconteceu logo ou não? - a puxo.

- Não tenho o que falar! - cruzou os braços. - Eu disse que não era pra termos ido e você não me ouviu.

Eu nunca tinha a visto daquela forma, meio que irada.

- Hollie o que é isso no seu rosto? - reparei que tinha um arranhão gigante em sua bochecha, a mesma tocou sua pele e recuou me deixando sozinha no cômodo.

- Não vai me falar mesmo né? - não obtive resposta alguma, me deu as costas e nem sequer olhou para mim.

Fui em direção ao quarto me questionando a cada segundo, aquilo não fazia sentido, nada ali fazia. Me lancei sob a cama, e ali acabei adormecendo.

- Você pode correr o quanto quiser. - gargalhou. - mas uma hora eu vou te achar. Não adianta fugir de mim, querida. - sua voz ecoava pela minha cabeça.

De imediato tudo escureceu, a única coisa que iluminava ali era a luz da lua. Acreditava que não tinha como piorar quando um par de olhos surgiu no escuro me provando do contrário. O silêncio foi dissipado por uma série de gargalhadas perturbadoras.

Uma luz começou a surgir de mim, era o pingente, quando...

[...]

Acordei suando e assustada, ter pesadelos sempre que fecho os olhos não me surpreende mais. Corri até o banheiro enxaguei meu rosto com água fria.

- Foi só um pesadelo. - disse em voz alta encarando meu reflexo.

Notei que a janela estava aberta, o vento fazia um ruído medonho, e o cômodo estava iluminado pela luz da lua cheia.

- Eu preciso sair daqui. - peguei um casaco e uma calça ao notar que a temperatura de repente diminuiu.

Caminhei até o lado de fora da casa, eu sabia que era uma péssima ideia mas o ar livre me faria bem. Comecei a andar por algumas quadras, não muito longe de casa. Um barulho surgiu e o medo se instalou novamente.

- Quem está aí? - gritei percorrendo cada canto com meu olhar.

- Sou eu. - ouvi uma voz masculina vindo de trás. Era ele, Dylan Collins.

- Você quer me matar de susto? - coloquei a mão sob o peito com respiração extremamente ofegante.

- Foi mal, sou o Dylan. - ele estendeu a mão sorrindo.

- Erin. - sorrio de volta.

Dylan tinha um sorriso encantador, que certamente atraía a atenção de qualquer garota. Era de uma beleza sobrenatural, mesmo que fosse meio padrão por aqui, pele clara, loiro, olhos azuis e um corpo totalmente escultural. E eu? apenas uma ruiva medrosa.

- O que faz aqui sozinha a essa hora? - o mesmo pergunta me desvencilhando de meus pensamentos.

- Só sai pra tomar um ar. Eu deveria te perguntar a mesma coisa, não? - me arrependi assim que o disse.

- Eu sou um cara noturno, costumo andar por aí de noite, já se tornou um costume. - sorriu.

- Então, eu tenho que voltar. Foi um prazer te conhecer. - lancei as palavras meio sem jeito.

- Igualmente, princesa.

Eu não sabia mais o que pensar. Definitivamente toda minha vida eu me senti estranha, mas em apenas um dia nessa cidade minha vida praticamente virou do avesso. Cheguei a cogitar estar num pesadelo eterno e realista.

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