Beca
Há três meses eu fugi da casa do meu pai porque eu não conseguia mais conviver na mesma casa que ele sabendo que ele matou meu namorado na minha frente, ele fez isso por puro orgulho disse que não aceitaria a filha dele namorar com os bandidos que ele tinha que prender, meu pai é um típico PM arrogante.

Vim morar aqui com minha mãe achando que poderia deixar os problemas para trás mais a verdade é que eu não tenho sossego, meu pai liga todo dia pedindo pra eu entender o lado dele e perdoar, ainda tem uns amigos falando que eu não devia ter feito isso e tals.

Tô cansadona dessa situação, mais a única que tá ganhando nessa bagaça é minha mãe dês do dia que mudei pra cá a coroa quase não para em casa, acho que ela tá me achando com cara de empregada arrumo a casa todos os dias faço tudo mesmo!

Quando eu ainda morava com meu pai fiquei sabendo que meu padrasto tinha falecido, eu só pude ir no velório dele porque ele foi enterrado lá em MG, já tem uns dois anos isso desde então minha mãe desandou a vida, tem dias que eu acho que ela esquece que tem filho pequeno pra cuidar. Mais como me mudei pra casa dela eu tô de boa nem fico reclamando nada pra ela, até entendo o lado dela meu padrasto era muito importante pra ela.

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Ajeitei as coisas na casa passei pano no chão e lavei as vasilha suja, não tinha muita bagunça porque eu fiquei a manhã todinha arrumando tudo eu tenho a mania de querer tudo no lugarzinho certinho, tem hora que dá até raiva.

_Beca! –luiz gritou da varanda. Vamo da uma voltinha lá na pracinha?

Como sempre minha mãe saiu de novo e deixou eu olhando meu irmão, ainda bem que ele é de boa nem dá muito trabalho.

Beca= Espera eu tomar banho que a gente vai lá rapidinho. – Falei secando a mão no pano de prato.

Subi pro meu quarto tomei um banho rápido e sai enrolada na toalha, vesti um short jeans preto e uma blusa branca com desenhos, ajeitei o cabelo e passei perfume, coloquei minha correntinha e peguei meu celular e coloquei dinheiro na capinha.

Desci e o moleque já tava sentado no sofá com uma bola de futebol no colo, esse é meu flamenguista!

Luiz= Tô esperando maior tempão aqui, pensei que nem ia mais. –falou todo dengoso e eu comecei a rir.

Beca= Ihh calma menorzinho! Eu já tô pronta. –passei a mão na cabeça dele e abri a porta.

Sai de casa e tranquei a porta porquê minha mãe deve chegar só de noite, peguei na mão de Luiz e começei a caminhar passamos por alguns becos e descemos umas escadas, eu já tô cansada pra caramba mais esse minino tem uma energia tão grande. Como ele aguenta?

Luiz= Vou jogar bola tá!

Beca= Luiz para de correr menino! Um doido vai passar por cima de tu.
–Gritei indo atrás dele.

Ele se soltou da minha mão e saiu correndo no meio da rua atrás dessa bola, se acontecer alguma coisa com ele eu não vou aguentar minha mãe falando no meu ouvido.

Beca= Olha o carro Luiz!

Meu Deus, o carro quase passa em cima do garoto ainda bem que esse cara tirou ele da frente do carro em cima da hora.

Beca= Tá ficando maluco Luiz! sai correndo que nem doido na rua oxih.

Luiz= Desculpa é que eu chutei a bola pra longe. – Aí gente ele falou com uma carinha tão assustada que eu fiquei até com pena.

Beca= Tá tudo bem Luiz, mais você tem que agradecer o cara que te ajudou.

Eita só agora eu fui olhar quem realmente é o cara, tinha que ser ele? O tal do R.K eu não vi ele desde do baile, até porque eu nem saí de casa.

R.K= Você? – Me encarou com um sorriso meio disfaçado.

Beca= Eu mesmo! – Respondi em um tom de deboche olhando pro meu próprio corpo.

R.K= Continua debochada e linda Beca.

Confesso que tô surpresa por ele lembrar do meu apelido, nem lembrava de ter dito a ele.

Beca= Olha ele lembra meu nome.
–Falei sorrindo.

R.K= Como não lembrar né! A primeira vez que conversamos você surtou, e também esse seu sotaquezinho não saiu da minha mente, sabia?

Beca= Foi mal pelo show que eu dei aquele dia eu perdi a cabeça, foi o álcool que subiu pro cérebro. – Passei a mão na cabeça. E eu espero que não fique zuando meu sotaque cara!

Tenho que me desculpar pelo barraco que eu arrumei né! Bagulho feio, mais na hora eu achava que tava com a razão e nem pensei que o cara tinha o direito de escolher contar ou não que é traficante.

_ Seis vai ficar conversando no meio da rua nesse sol quente mesmo? –Um cara que tava perto do RK falou enquanto cobria o rosto do sol.

R.K= É o sol tá quentão, bora ali na lanchonete comer alguma coisa? O farofa vai pagar! – Ele falou olhando pro cara do lado que deu uma gargalhada.

Beca= Não dá... Vou levar o Luiz pra brincar na praça aqui. –Apontei pra praça. Depois eu vou cobrar esse lanche, blz?

Farofa= Pode pegar lá depois, coloca tudo no nome do RK. –Rimos juntos.

R.K= Vai lá! Mais não deixa o menor no meio da rua assim não cara.

Eu não acredito que ele tá falando isso! Tá falando como se eu tivesse culpa do Luiz ter saído correndo doido na rua.

Beca= Ihh eu sei tá, ele só tá empolgado com a bola nova que eu dei de presente pra ele. –Falei pegando no ombro de Luiz pra atravessar a rua pra chegar na praça.

R.K= Mesmo assim... Daqui a pouco eles passam por cima de você surtada! –Ele respondeu já entrando na lanchonete que fica bem de frente pra pracinha.

Atravessei pro outro lado e sentei no banquinho da pracinha e fiquei observando enquanto Luiz brincava de bola com um outro menino que ele acabou de fazer amizade.

O Morro SEM PAZOnde histórias criam vida. Descubra agora