A fortaleza número nove

69 6 37
                                    


Ele sentiu uma mão suave sobre sua testa. Sentia algo frio tocar seu rosto e então sair e voltar. Por fim conseguiu abrir os olhos e pensou estar sonhando. Tinha uma mulher diante dos olhos que não parecia real. A pele era escura e bonita, os cabelos eram intensamente negros, longos, lisos em um rosto oval e delicado. Os olhos pareciam ainda mais escuros que os fios que cobriam seus ombros e caiam livres pelas costas.

Tinha certeza de que nunca tinha visto uma mulher assim na vida.

— Bom dia, Lay. Como se sente?

— Bem... Acho.

Se ergueu com a ajuda dela e só então percebeu onde estava. Era um cômodo baixo, com duas camas estreitas, ele estava em uma e Can dormia encolhido na outra. Não havia mais nada ali, só uma porta com grades que agora estava entre aberta.

A mulher a sua frente usava uma espécie de vestido leve e tinha uma cesta e uma bacia de água do lado. Aparentemente ela estava cuidando dele.

— É água fria que eu estava usando para diminuir sua febre durante a noite. Agora está melhor, mas deve fazer pouco esforço ainda. Seu amigo estava bem preocupado, mas também esteve febril, contudo, ele já acordou melhor e voltou a dormir. Aparentemente vocês comeram tomate selvagem da região, eles não estão bons nessa estação, acho que foram envenenados de algum modo pelos externos.

Lay arregalou os olhos. Sim, naquela manhã eles tinham achado um arbusto de tomatinhos e pegaram para comer. Isso foi antes de irem para o rio e...

— Can...

— Vocês estão bem, aqui é seguro. Logo que os Batedores acharam vocês dois, eles voltaram para casa, meu marido reconheceu que estavam com febre na hora.

Ela sorriu suave e ele se sentiu estranho, como se tudo fosse ficar bem, como se tudo estivesse bem no mundo e aquilo não era uma sensação nova... Era como se de alguma forma já tivesse sentido aquele sentimento... Contudo tudo o que pode dizer foi:

— Marido?

— Sim, Xiao é meu marido, ele faz parte da equipe de batedores. Você acordou recentemente não foi? Seus olhos ainda estão vagos, você não se lembra de quem é.

— Como você sabe disso?

— Eu sou uma cuidadora, Lay. Eu lido com os adormecidos também. Como eu disse, tudo vai ficar bem e...

— Lay? LAY? - Ele deu um pulo quando viu Can sair rápido da cama estreita em que estava, subitamente, e vir para si esfregando os olhos aflitos e então tocando seu corpo como se ele fosse uma massa de pão – Ei, você está bem, acordou, está tudo bem?

— Estou. Fique tranquilo.

Disse baixo segurando as mãos aflitas que finalmente pararam e o amigo lhe encarou suspirando:

— Tive medo, a gente passou por tanta coisa e aquela porcaria de tomate nos derrubou, malditos tomates!

A mulher deu um risinho divertido e ele acabou sorrindo também. Sim, era irônico de fato.

— Bem, agora que estão acordados ambos, eu vou avisar o guarda – Ela pegou a bacia de água e a cesta que tinha várias ervas e olhou ambos de forma doce – Vai ficar tudo bem, só não mintam e não tentem nada ruim. Somos uma grande família aqui e cuidamos uns dos outros, pensem sobre isso.

Ela saiu, fechou a porta e ele ainda ficou olhando-a sumir pelo que parecia ser um corredor.

— Lay do céu, eu achei que a gente ia morrer, caramba!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 02, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora