Magia é poder

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Sirius desejava algo que ele não entendia.

"A magia que ele emanava era mais límpida, sombria, viciosa, sedutora e você se viu momentaneamente atraído por ela. Como se houvesse uma sede em seu corpo e ela fosse a única forma de saciá-la."



Você sempre tinha sentido essa atração por um certo tipo de magia, a conhecia desde muito pequeno, sua casa era impregnada dela e até ir para Hogwarts era a única magia que conhecia. A primeira vez que viu James Potter foi como respirar um sopro de ar limpo pela primeira vez e talvez por isso tenha se conectado com aquela criança tão rápido. Ele era tão diferente do resto de sua família.

Mas não importava o quanto você gostasse daquela magia limpa, que lhe trazia um conforto que era difícil explicar, havia uma parte sua, aquela que passou onze anos convivendo com a outra magia, que a desejava ardentemente. Remus disse que foi isso que o atraiu em primeiro lugar, magia dele. Você riu, mas ficou pensando sobre isso durante um tempo. Ela não era inteiramente como aquela de sua casa, mas estava longe de ser como a de James.

Por isso, talvez, você manteve James e Remus tão próximo. Uma magia era a que você desejava, a outra era a que necessitava. Você só não sabia qual era qual.

***

Você não era mais uma criança, não aos seus olhos pelo menos. Agora que conhecia mais sobre o mundo achava que estava começando a entendê-lo. Aquele era o primeiro Natal que passaria em casa em cinco anos, não que você quisesse, mas depois de uma carta efusiva de sua mãe não podia recusar.

Você cresceu em uma redoma. Quando muito criança sua mãe costumava dizer o quanto era especial, era mais Black do que muitos outros, a magia que corria em seu corpo era pura há séculos, sem nenhuma mácula. Ela costumava passar a mão gentilmente em seu cabelo e lhe dar pequenos sorrisos.

Quando as coisas haviam mudado?

Lembra, quando você tinha por volta de nove ou dez anos começou a fazer perguntas durante o jantar, algo que seus pais abominavam, mas o que você poderia fazer? Era o único momento em que todos estavam reunidos. Seu pai era muito mais paciente que sua mãe, mas isso se devia a ele o ignorar completamente deixando a cargo de Walburga fazê-lo calar a boca e mastigar dignamente.

Você ouvia seus pais e os amigos dele falando sobre os mestiços e nascidos trouxas – sangues-ruins – mas sua mente infantil não conseguia compreender completamente aquilo e ninguém queria lhe explicar. Claro que tudo desandou quando você não foi para Sonserina e suas questões começaram a serem respondidas por outras pessoas.

Sua mãe havia dito que nascidos trouxas eram sujos, impuros, feios e que sua magia não era nada como a deles, você era um Black. Mas sua mãe não conhecia Lilian Evans, ela não era suja, na verdade era bastante higiênica e bonita, mesmo com aquela constante expressão irritada quando você e James se aproximavam. Era inteligente também, esforçada. Quando não entendia algo passava horas na biblioteca e só voltava ao dormitório quando tinha a resposta para suas dúvidas. E a magia dela... Ah, a magia dela era quase tão boa quanto à de James.

Você ousou falar sobre aquilo para seus pais no Natal e recebeu um tapa de sua querida mãe. Ela que antes afagava seus cabelos e dizia o quanto você era especial.

Escória, imundos que infectam nosso mundo e roubam o que nos pertence.

Você nunca mais passou um Natal em casa depois daquele.

Mas o Natal daquele ano não era igual aos outros, havia mais pessoas. Suas primas estavam ali e outros também, parentes que aos olhos da sua mãe não era tão importantes e por isso você não se preocupou em confraternizar.

BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora