PRÓLOGO

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{|Sem Revisão|}

JÚLIA SOUZA 《5 anos atrás》

O intenso farfalhar das folhas sobre os meus pés deixam evidente a velocidade com que corro em zigue e zague, por entre a vasta plantação de girassóis. Forço minhas pernas a me levarem cada vez mais rápido, para longe de tudo e de todos.

Não olho para trás, mas também nada vejo diante de mim. As lágrimas descem como cascata dos meus olhos, correm em abundância sobre meu rosto e deixam minha visão ainda mais turva.

A barra do vestido longo enrosca em alguns galhos secos no chão, criando uma trilha de tecidos sobre o caminho. Não me importo. Não dou a mínima se juntei o pouco dinheiro que me restara para comprar essa peça que a princípio, parecera-me tão bela. A única coisa que eu queria agora era me livrar de tudo. Conseguir apagar dos meus olhos e do coração, as cenas horrendas que presenciara.

Uma rajada de vento gelado resvala minha pele, ferindo-me como navalha. Detenho-me no meio do caminho e apoio as mãos nos joelhos. Meus pulmões ardem em busca de ar. Só agora sinto o gosto salgado das lágrimas mesclado com a saliva em minha boca. 

Minhas pernas estremecem e cedem, fazendo com que meu corpo caia inerte no chão. O por do sol em forma de um caleidoscópio fragmentado por belas combinações de laranja e azul, destoa completamente da sensação esmagadora do meu peito.

Fecho os olhos e aperto com força minhas pálpebras. Sinto meu coração espremido, pequeno, insignificante. Abraço meus joelhos e me encolho em posição fetal, enquanto meu interior se contorce em dor e angústia.

Lembranças de minutos atrás caem como raios e trovões em minha mente. Agarro um punhado de terra com as mãos enquanto contemplo a fúria me inundar. Torno-me partícula ínfima a medida que o sorriso de escárnio daquele infeliz regressa vívido para mim.

— Não está na hora de você ir buscar a filha do velho Inácio? — perguntou Agatha, em meio a gemidos e murmúrios.

Sentia meu coração sendo comprimido diante de Roberto e sua Amante. Justo Agatha, a garota que mais debochara de mim na cidade. 

— Eu não vou buscar ninguém. Depois invento alguma desculpa. A Júlia sempre acredita no que eu falo. — respondeu o desgraçado, enquanto percorria seus lábios pelo pescoço dela.

Agatha riu e comentou:

— Você é um homem sem coração Roberto e eu adoro isso.

— O que eu queria da Júlia, ela já me deu. Só falei em casamento para conseguir por as mãos na fazenda e de quebra, tomar a pureza e inocência dela para mim.

Ouvi-lo dizer isso, aniquilou o pouco que restara do meu coração. Mesmo com as lágrimas turvando minha visão, ainda pude vê-los rindo e debochando de mim.

— Eu nunca me casaria com aquela bicho do mato. A Júlia é uma selvagem, Agatha. Tudo não passou de um jogo para me tirar do tédio que é viver aqui, nesse fim de mundo.

Obriguei meus pés a caminharem o mais depressa possível. Precisava sair dali. Mas para onde iria? Estava nos limítrofes da minha terra. Roberto nem se deu ao trabalho de ser promiscuo longe de mim. Ridicularizou-me nesse chão que tanto amo.

Observei ambos entrarem na velha picape de Roberto e me camuflei atrás de um pé de manga. No entanto, antes de partirem, ainda pude ouvi-lo dizer, com aquele timbre de voz que por incansáveis vezes, enganara-me:

— Essa fazenda não rende mais nada e para piorar, o velho Inácio está doente. Ficarei mais um pouco com aquela caipira e quando ela me entediar, eu simplismente caio fora.

Solto o ar com força e, lentamente abro meus olhos. A torrente de lágrimas de outrora, ainda manam sobre minhas bochechas. Com muita força de vontade, levanto-me chão. A imensidão dos lindos girassóis ao meu redor, em nada aplacam a dor do meu peito.

Sempre amei me embrenhar em meio as flores. O aroma, as cores, a terra que sinto sobre meus pés, o canto dos pássaros em reciprocidade com o uivo do vento, sempre foram minhas paixões. Mas nada disso agora, acalenta o buraco que se abrira no meu coração.

E é aqui, nesse chão no qual me forjei e nessa poeira que me moldei, que aprisiono a minha vida para o amor. Jamais serei feita de boba novamente. Viverei apenas para o meu pai e por esse solo que sustenta meu corpo.

~

RAFAEL GUIMARÃES
《1 ano atrás》

— Não quero mais vê-la na minha frente.

Passo por Melissa sem olhar para trás. Pouco a pouco, acomodo todas as minhas malas dentro do carro e me preparo para sair.

— Rafael, volte aqui! Ainda não terminamos de conversar.

— Eu não tenho mais nada para falar com você. Faça bom proveito da casa e de todo luxo que restou.

Ela gargalha, histérica e coloca a cabeça dentro da janela do carro.

— Você é ridículo. O que acha que vai conseguir sem mim? Por que pediu demissão do hospital do seu pai? Vai trabalhar na onde? Em um postinho de periferia? Você é deplorável, Rafael.

Suas palavras me deixam ainda mais colérico. Dou um soco no volante e a buzina grita em resposta.

— Porra! O que eu irei ou não fazer, não é da sua conta.

Por um segundo ela empalidece, porém logo as cores voltam ao rosto sempre impecavelmente maquiado. Seus olhos castanhos faíscam fúria e revolta.

— Podemos passar por tudo isso. Você vai sair perdendo muito. Desce desse carro e vamos conversar.

Não a mínima para suas palavras. Giro a chave na ignição e quando faço menção de dar partida, Melissa se posiciona na frente do carro esbravejando, pasmada:

— Rafael, por que você não me responde?

Olho no fundo dos seus olhos e retruco:

— Sua pergunta é muito tola para eu me dar ao trabalho de responder. E por favor, afaste-se da minha frente com essa cena patética, pois eu tenho mais o que fazer.

Mesmo chiando e contra a vontade, ela abre caminho para mim. Saio em disparada rua a fora, cantando pneus. Como diz um velho ditado: algumas pessoas são como vinho, ficam melhor com uma rolha na boca. E esse é o caso da Melissa.

Não sei o que farei daqui para frente. Necessito de um período para organizar minha vida. Sinto-me aliviado, desafogado. A verdade é que eu nunca deveria ter me casado. Essa droga não me servira para nada! Só me trouxe dores de cabeça e um belo par de chifres. Apenas uma certeza se preserva intacta dentro de mim, preciso ir embora de São Paulo o quanto antes.

~♡~

Oiiiiii amoresssssss, como vocês estão? Estava muito ansiosa para liberar logo esse prólogo e decidi trazer de presente para vocês hoje, espero que tenham gostado! ❤

E ai, qual foi a impressão de vocês sobre os personagens? Estão ansiosos? Eu estou muito ansiosa rsrs. Júlia e Rafael são personagens com personalidades únicas e marcantes e espero conseguir passar isso dá melhor forma para vocês. Darei início as postagens provavelmente no começo de Setembro, mas já deixo aqui um prelúdio do que está por vir.

Não esqueçam de comentar bastante e de votar também. Isso me ajuda e faz com que o livro fique mais visível aqui dentro da plataforma. Compartilhem com as amigas e amigos que gostem do gênero. Obrigada por embarcarem comigo em mais uma aventura. Um beijo no coração de cada um de vocês!! Até breve! ❤

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Um Amor Para RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora