CAPÍTULO 2

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{|Sem Revisão|}

RAFAEL GUIMARÃES
《Dias Atuais》



A organização desse hospital é definitivamente, lamentável. As filas não são organizadas e, a ausência de sinalizações e instruções que indiquem onde ficam cada setor, só contribuem para o desalinho desse local.

Aonde é que eu vim parar?

Suspiro audivelmente enquanto arrumo da melhor forma possível as pastas e a prancheta do Doutor Simões em minhas mãos. Um furacão com olhos de coruja me atropelara ainda a pouco, desorganizando as fichas médicas. Corro os olhos pelos nomes listados e percebo que falta somente um paciente para conhecer.

Ainda bem!

Hoje o dia foi conturbado, caótico e cansativo. Tudo o que preciso é ir para casa.

Nunca imaginara que a precariedade do hospital fosse tão evidente. Toda esse desarranjo está congruente com a loucura que minha vida se tornou ultimamente. Tomo fôlego, endireito os ombros, bato na porta do consultório médico, giro a maçaneta e entro.

— Aí está ele! Entre meu jovem, vou apresentá-lo ao seu último paciente do dia. — Doutor Simões diz, levantando de sua cadeira giratória e vindo até mim.

Adentro o cubículo pequeno, abafado e mal cheiroso e me posiciono ao lado do médico rechonchudo. Meus olhos involuntariamente recaem sobre ela, o vendaval loiro com olhos de curuja que trombara ainda pouco. A menina atrevida me olha de volta contorcendo o nariz e com os lábios comprimidos em uma linha fina.

Escuto ela praguejar, exasperada. Com toda certeza não gostou de me ver aqui. Desvio minha atenção dos seus olhos expressivos e cumprimento o Doutor Simões. O homem de expressões marcantes e cabelos brancos ao lado da menina, olha-me de maneira amistosa e cordial. O médico de barriga avantaja, pega-me pelo braço e faz as devidas apresentações:

— Rafael, esse é o Inácio e — aponta para a loira, revelando seu nome: —, essa é a Júlia, a filha que o acompanha todos os meses em suas consultas.

Aperto a mão que o Senhor Inácio me estende e para a menina desastrada ofereço apenas um menear de cabeça que acaba sendo totalmente desconsiderado.

— Seja bem-vindo à nossa pequena, mas acolhedora Flor do Oeste, Doutor Rafael. — diz Inácio de maneira afetuosa. 

— Obrigado.

Acompanho o Doutor Simões até um sofá desgastado, sujo e muito velho disposto no canto do consultório e me sento ao seu lado.  Agora consigo compreender o porquê do jaleco do médico viver sempre tão imundo. Minha posição no mobíla acaba me deixando exatamente de frente para os olhos acusadores e coléricos de Júlia.

— Rafael, não sei se você chegou a ler o prontuário do Inácio, mas ele tem Osteoartrose. Desde que descobriu a doença, realiza o tratamento comigo. — o atual médico comenta, fazendo com que eu desvie meus olhos da menina desastrada.

— Sim, dei uma breve analisada em todas as fichas.

— Excelente. — seu sorriso se alarga e ele dá dois tapinhas amigáveis no meu ombro.

— Tem certeza que esse médico é competente e inteligente o bastante para cuidar do meu pai, Doutor Simões? — a menina com olhos de coruja pergunta, fuzilando-me com o olhar.

Minha língua coça para dar uma resposta para essa garota petulante, no entanto antes que eu possa proferir qualquer palavra, Doutor Simões toma frente, defendendo-me:

— Júlia, não se preocupe. O Doutor Rafael é muito competente, além de possuir excelentes referências.

Quem diria!

Um Amor Para RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora