Prólogo

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Há dias que não para de chover.

Victor mandou mensagem no celular "velho" que me deu para emergências dizendo: "Não poderei sair até que a tempestade passe."

Os trovões fazem as paredes vibrarem, e a chuva passa pelos buracos no teto e pingam no chão. Moro em um teatro abandonado, próximo ao centro de Meridian, desde que fugi daquele orfanato infeliz. Ninguém merece passar por tudo que passei naquele lugar. Se o inferno existe, é exatamente lá.

A comida acabou hoje, e não poderei esperar até que ele volte. Terei que sair para conseguir alguma coisa pelos próximos dias.

Apesar da chuva forte que caia, muitos estabelecimentos estavam abertos, como restaurantes, mercados e pequenas bancas de feira. Com o estado em que eu me encontrava, não teria como eu entrar em um mercado. Carrey, uma senhora simpática de uma pequena lanchonete, poderia me dar sanduiches para hoje, porém nada a mais que me faça passar os dias, pois a mesma está passando por dificuldades financeiras. Então apenas me resta uma opção. 

Nunca gostei de roubar, fazia isso apenas quando sentia muita fome, mesmo assim não tirava o fato de que eu estava sempre roubando. Até que o Victor me encontrou, quando eu tentei roubar seu almoço. Ao contrário das outras pessoas, ele não gritou comigo e nem tentou me bater, apenas perguntou: "Está com fome?". E foi assim que viramos amigos. Victor vem me ajudando sempre que consegue, me traz comida e roupas depois da escola. Mas como o tempo não está nada bom, sua mãe tem ido busca-lo todos os dias. 

Observo o dono da banquinha atendendo um casal, fico esperando até que ele entre para dentro. Assim que o faz, atravesso a rua, observo dentro da feirinha, aproveitando que a barra estava limpa tentei encher minha mochila com tudo que podia. 

— Hei! Sua ladra!

Pulo com o susto. Olho para dento da feira, o dono apontava para mim com uma cara de poucos amigos. Não espero que chegue até mim ou chame a atenção das 

autoridades, ponho a mochila nas costas e saio correndo.

— Volte aqui! — Começa a correr atrás de mim. — Pare! Segurem-na!

Apitos são ouvidos ao longe, arrisco olhar para trás e me arrependo imediatamente. Além do senhor que eu havia roubado, guardas me perseguiam também. 

Em que merda eu fui me meter!

Esbarro com algumas pessoas que passavam pelo meu caminho e sou atingida por algo duro quando passo pra a rua para desviar de outras. Minha vista fica meio turva quando caio no chão.

— Ai meu Deus! — Um homem desce do carro e vem até mim. — Você está bem?

— Qual o problema Valter? Por que paramos? — Uma senhora desce logo em seguida.

Ela vestia roupas finas e caras e tinha uma tiara na cabeça; seu enorme guarda-chuva a protegia da tempestade. 

Acabei de ser atropelada pelo carro da Rainha!

— Essa mocinha atravessou na frente do carro. Quase não deu tempo para frear. — O motorista se explica.

— Ali! A ladra está ali!

Olho para o lado e vejo o dono da feira e os dois guardas vindo ao meu encontro. Eu estava ferrada!

Tento levantar, mas minha perna protesta. 

A Rainha me encara com um olhar perdido e distante, como se estivesse se lembrando de algo.

— Está fugindo de algo, querida?

Balanço a cabeça freneticamente.

— Finalmente te peguei sua... Majestade?! — Os três homens param ao se dar conta de quem estava em sua frente e a reverenciam. — Sinto muito por isso vossa majestade real.

Ela pisca várias vezes antes de voltar sua atenção ao mercador.

— Estão perseguindo está garota por quê? — A senhora pergunta alternando seu olhar entre mim e eles.

— Essa garota estava roubando a minha banca de alimentos, majestade.

— Isso é verdade? — Me olha incrédula.

Não respondo.

— Está tudo na mochila!

Os guardas não esperam uma ordem ou qualquer resposta e tiram a mochila de mim, confirmando o que o mercador havia contado.

— Quanto ela te deve? — A Rainha pergunta e motorista tira a carteira do bolso.

— Majestade, eu nã...

— Apenas diga quanto ela deve e deixe a garota ir. — Ela diz e volta a me encarar daquele jeito outra vez.

— Acredito que isso seja suficiente para arcar com todo o prejuízo. — O motorista diz entregando um cheque ao mercador, e mesmo fica todo sem graça.

Já os guardas devolvem minha mochila.

Não espero para ver o desenrolar dessa confusão, assim que consigo ficar de pé, corro o mais rápido que eu posso para longe deles. Mas posso jurar que ouvi ela gritar o meu nome.

...

Quero agradecer desde já a quem ira dar uma chance a esse livro.

Se você gostou, por favor, deixe seu like e comentário, e se puder marque alguém para ler também, quanto mais tiver leitura, votos e comentários mais capítulos irei postar e mais feliz eu vou ficar.

bjs e até o próximo!

A Herdeira PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora