IV

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Pela manhã, no primeiro pequeno raio de sol, Cecília já estava de pé, devidamente vestida como fazia todas as manhãs. Ela olhou para a ternura que era Eleanor dormindo e lhe beijou devagar o rosto.

Logo que chegou na cozinha, viu a Rose preparando o café da manhã.

- Bom dia, senhora Cecília.

- Bom dia, Rose. Gostaria de lhe pedir um favor.

Elas conversaram rapidamente e minutos mais tarde, após passar pelo quarto de Vitta e Eleanor, ela foi até o quarto de Cecília vendo-a sentada.

- Bom dia, senhorita. — a mais jovem parecia confusa ainda.
— A diretora me pediu que lhe ajudasse a se trocar, sua tia prometeu vir essa manhã.

Eleanor estava frustrada, Cecília havia sido incapaz de sequer lhe desejar bom dia, uma despedida que fosse. Pensou que agora mudaria, que se esse lhe era o destino, aceitaria e seria exatamente a esposa que sua tia esperava que fosse.

Eleanor assentiu e Rose começou a ajudá-la.

Na mesa, era Cecília quem servia o café da manhã à espera das meninas. Logo veio Amélia.

- Por favor, não me atormente mais do que já estou. — Cecília disse sem vê-la.

Amélia sequer ousou dizer alguma coisa, a ajudou e não tardou para que às alunas começassem a descer, devidamente vestidas com seus vestidos e chapéus.

- Bom dia. — Cecília forçou um sorriso mas estava orgulhosa em vê-las. — Estou muito feliz por vocês e queria lhes comunicar algumas decisões que tomei.

Até mesmo as professoras lhe olhavam com atenção, finalmente trocou o primeiro olhar com Eleanor.

- Sei que algumas de vocês irão embora essa manhã, outras durante a semana e outras ainda ficarão para se juntarem às demais que chegarão. Depois de mais de dez anos a frente dessa escola, quero comunicar que em breve me retiro.

As moças se olhavam incrédulas, igualmente que as professoras. Cecília sorriu com carinho e imediatamente várias lhe foram abraçar ou pegar em sua mão.

- Sentem-se. — ela esperou. — Será somente daqui há três meses, me enviaram uma carta pedindo que ficasse até acharem outra para meu lugar, é isso. Vamos tomar nosso café da manhã sem dramas. — Cecília riu mas sentiu seu coração quebrar.

O café da manhã foi um pouco mais triste que nas outras, mais silencioso também. Ao findarem, a diretora lhes pediu para que subissem e preparassem suas malas, cinco iriam embora naquela manhã.

- O que foi aquilo? Acha que consigo viver sem ti aqui? — Amélia quase gritava com ela. — Me deixa ir embora com você, Cecília, vou onde quiser!

Cecília estava na sala de leitura separando alguns documentos. — Eu preciso ir sozinha.

- Vai enlouquecer! Ninguém deseja viver sozinha a vida inteira, o que vai fazer?

- Pare. — ela colocou-se de pé e trazia a voz firme. — Não faço tudo ao meu desejo, agora estou fazendo porque sei que é o certo. Não há coisa alguma que não tenha seu tempo, o meu aqui terminou e nada mais direi a respeito.

Amélia saiu batendo a porta enquanto Vitta e Eleanor desciam com suas malas.

- Me promete que me escreverá?

- Eu prometo, você é a melhor amiga que eu poderia ter aqui. — As duas se abraçaram forte.

Vitta se despediu das demais, de suas professoras e logo partiu com sua mãe. A tia de Eleanor também já a esperava.

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