Era um dia frio e chuvoso, daqueles em que a chuva cai em torrentes, molhando e
congelando com seus pingos gélidos tudo o que há em volta. Park Jimin caminhava
tranquilamente em meio a chuva, trajando apenas um moletom preto com capuz cobrindo boa parte de seu rosto, e um guarda-chuva desgastado e um tanto desfiado, que não estava dando muita conta em exercer adequadamente suas funções.Jimin aparentemente não se importava mais em ter seus sapatos de brim completamente encharcados ao pisar em poças profundas de água, nem em ter sua franja pegajosa e ungida contra sua testa, bloqueando um pouco sua visão. Já estava bem acostumado com temporais e até mesmo gostava deles. O céu poderia desabar e o mundo poderia ser envolto por raios, tormenta e escuridão. Ainda assim, nada se comparava com a tempestade interna que vivia caindo dentro de sua mente.
Ao chegar em seu apartamento nos subúrbios da cidade de Busan, tirou seus calçados, seu moletom, abriu seu guarda-chuva e deixou-o em um canto para secar, e desabou na cadeira em frente ao monitor de seu computador. Suas mãos tremiam e as pontas de seus dedos estavam roxas em decorrência da baixa temperatura. Suspirou profundamente e apertou no botão de ligar. Passado-se cerca de alguns segundos, abriu os arquivos e clicou em uma pasta intitulada ''Contos da Meia-Noite'', e em seguida, em um arquivo do Word não nomeado. Começou a digitar.
''[...] mas o homem dos olhos vazios e opacos continuava adentrando os sonhos do pobre garoto, e com suas unhas longas e afiadas, raspava aquele mesmo quadro-negro devagarmente, sempre portando um meio sorriso horripilante em sua face. E durante muitos anos, o que era para ser uma noite tranquila e serena depois de um longo dia repleto de sufoco e repreensões, se transformava em um pesadelo cada vez mais pavoroso e insuportável, que chegou a fazer o jovem a se transformar em uma criatura noturna com olheiras profundas e com o olhar apreensivo e paranóico.''
Jimin parou de escrever e titubeou por alguns instantes. ''Esqueça'' pensou. ''Isso está uma droga''. E com isso, apagou tudo o que havia escrito e desligou o computador. Deu outro suspiro sôfrego e levantou-se da cadeira, encaminhando-se para o banheiro. Realmente, não há nada pior para um escritor do que ficar sem ideia do que escrever, ou então, de não ficar satisfeito com sua escrita.
Enquanto sentia a água quente e relaxante escorrendo pelo seu corpo, seu celular começou a tocar repentinamente em cima da pia do banheiro. Jimin não se importou. Deixou o aparelho apitando até quem quer que estivesse ligando se cansasse da demora e desligasse.
Ele só queria um pouco de descanso. Não estava afim de conversar com ninguém no momento. Ah, eu consigo entendê-lo.
Contudo, o celular continuou tocando incansavelmente, até que Jimin desistiu de ignorar a chamada e desligou o chuveiro, aos resmungos. Pegou seu celular. Quem estava ligando era um número desconhecido. Para sua tristeza, aquele mesmo em que o estranho do outro lado da linha ou não falava nada, ou ficava emitindo apenas alguns ruídos esquisitos.- Alô?
- ...
- Quem está falando?
- ...
- Estou cansado de ficar recebendo ligação sua todo santo dia, apenas me deixe em
paz! Vou te bloquear de uma vez. - disse, desligando a chamada e pegando a toalha
pendurada no box para se secar. O dispositivo começou a tocar novamente e Jimin não pensou duas vezes antes de aceitar a chamada e começar a falar num tom ainda mais alto:- Olha aqui, eu não estou de brincadeira! Eu...
- Ei, mas o que é que está acontecendo?? - uma voz conhecida disse, e Jimin deu-se conta de quem era.
- Ah, Taehyung, me desculpe... é só que eu estava tendo problemas com um número
desconhecido me ligando toda hora. Eu aceitei sua chamada sem nem prestar
atenção que era você. Estava achando que era ele outra vez.
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O Livro da Meia-Noite / JiKook
Mystery / ThrillerPark Jimin foi presenteado por um desconhecido com um intrigante e enigmático livro, que narra a história de um misterioso personagem intitulado apenas como K. Jimin logo descobre que pode fazer escolhas por K. e alterar o rumo da história sempre qu...