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- Louise! - Lucca disse enquanto me seguia.

- Você por acaso viu o que eu vi? O nosso professor de filosofia com minha mãe? Isso é tão repugnante! - franzi o cenho e balancei a cabeça, me sentando no sofá.

Minha mãe e Charles apareceram na sala. Quando Charles estava colocando os sapatos, minha mãe pediu para que ele fosse embora, e ele foi.

Minha mãe usava um roupão de seda. Aposto que comprou com o dinheiro do meu pai, essa cretina...

- Então você desistiu da sua fuga? - minha mãe arqueou a sobrancelha, sentando no sofá também.

- Bem... Esse é Lucca. Eu não pretendo voltar pra casa enquanto ele me deixar morar em seu apartamento. - sorri.

Minha mãe parecia surpresa e deu de ombros.

- Por que voltou?

Engoli em seco. Eu não tinha pensado nisso.

- Eu sei que eu tenho... Algo especial. O que eu sou?

Minha mãe ficou séria e fitou o teto.

- A mesma coisa que seu pai era. Você é algo... Poderoso. Uma bruxa.

Meu pai? Meu pai?! Então como ele morre... ELE ESTÁ VIVO?

Só de pensar nisso, senti um arrepio e olhei para Lucca, que parecia concentrado em olhar os quadros espalhados pela casa.

- Meu pai está vivo? - arregalei os olhos.

- Não sei. Ele nunca mais voltou pra casa, mas eu sei que ele te amava demais para abandoná-la comigo.

- Sequestrado, talvez? Se eu existo, devem haver mais pessoas como eu. Pessoas más... - pensei em voz alta.

- Tem um... Um bruxo que pode responder a isso. O nome dele é Alec Heradiw. Ele era mentor de seu pai, deve ter uns setenta anos agora.

- E como posso encontrá-lo?

- Não tem como. Ele encontra você, e não o contrário.

Meu pai estava realmente vivo? Eu tinha que encontrar esse Alec, mesmo que eu morresse tentando.

Saí de lá correndo, mas quando passei do portão, Lucca segurou minha mão.

- Eu vou com você. - ele sorriu.

- Isso não é coisa para pessoas comuns, Lucca. Você não tem nenhum poder e... Eu não quero que se machuque por culpa minha.

Ele sorriu.

- É aí que você se engana.

Então caíram uns cinco raios perto de onde estávamos.

Olhei para ele com curiosidade.

- Eu consigo controlar o tempo e os elementos. Não é algo muito foda que nem o que você consegue fazer, mas eu poderia ser útil. - ele sorriu.

- Você escondeu isso de mim e me deixou pensando que eu era um monstro? - fiquei séria.

- Eu não sabia o que você era, nem se era do bem ou do mal.

- Falso.

- Desculpa, Louise.

- Lucca! Estamos sem tempo para desculpas, temos que encontrar o tal Alec Har... sei lá o nome.

- Heradiw.

Olhei para ele com raiva. Meu melhor amigo era como eu, algo diferente e poderoso. Eu realmente precisaria da ajuda dele para achar o mentor de meu pai.

Quando estávamos no carro, paramos em um semáforo e vi que havia uma locadora de filmes chamada Heradiw.

- Ali, Lucca! Por que teria uma locadora de filmes com esse nome? Ninguém vai em uma atualmente, deve ser um sinal. - semicerrei os olhos.

Assim que o sinal abriu, fomos para a locadora.

Parecia ter sido abandonada há tempos, com a pintura rachada e um portão enferrujado.

- Deixa comigo. - Lucca disse, indo até o cadeado.

Ele o congelou e depois o quebrou.

Quando entramos, um velho estava roncando com um jornal pendurado em sua cabeça.

Pigarreei e ele acordou.

- Desculpa acordá-lo, mas o senhor conhece Alec Heradiw? - perguntei.

- Sou eu mesmo, senhorita.

Ele não parecia ser um bruxo, tinha uma barba enorme, uma camiseta que mostrava metade de sua barriga e uma cerveja do lado de onde estava sentado.

Quando olhei de novo, ele estava na forma de... De alguém jovem e... Parecia ter minha idade.

- Acho que assim será mais agradável para vocês. - ele sorriu e olhou para mim - Louise Tomás, é um prazer conhecê- la.

Ele me conhecia?

- Eu queria saber onde está meu pai...

Alec riu.

- Na torre dos bruxos de Gaarland. É tipo a polícia dos bruxos, ele foi aprisionado por casar com uma mortal e ter uma criança com ela. Eles são tão burros que só descobriram sua existência 17 anos depois, ou seu pai conseguiu esconder você muito bem.

Sorri de orelha a orelha.

ELE ESTAVA VIVO. Aprisionado, mas vivo.

Eu tinha que tirá-lo de lá.









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