Quando os Anjos se Calam

Capítulo 1 (Acreditar não é tão fácil assim)

Bart, ou Bartholomeu, nasceu em Paquetá, uma ilha muito visitada por turistas no estado do Rio de Janeiro, no Brasil, mas sua realidade não era tão interessante assim. Aos 9 anos de idade, em todas as manhãs, lá estava ele, com Pedrina, sua mãe, vendendo café para os turistas que ali chegavam, pois precisavam arrecadar dinheiro para o sustento de sua casa.

Francisco, pai de Bart, contraiu uma bactéria em seu pé quando o filho tinha apenas 3 anos que o impedia de andar e trabalhar, pois era pescador e com isso, a responsabilidade de toda renda da casa passou a ser de Pedrina.

Era 6 da manhã e Bart havia acabado de chegar ao terminal da embarcação que chegava com os turistas.
"-Sejam bem vindos! Venham começar o dia com um café e um delicioso bolo de milho quentinho!" Exclamava Bart.
Alguns turistas paravam e admiravam a espontaneidade de uma criança daquela idade, outros apenas o ignoravam. Mas isso não abatia Bartholomeu, ele queria ajudar sua mãe com as vendas e que as 10 já estivesse esgotado todo o bolo e o café, nessa hora, no rádio da padaria falava um jornalista famoso, entrevistava celebridades, aquilo encantava Bart, que tinha consigo uma convicção: um dia se tornar jornalista.

Ao chegar em casa era quase sempre a mesma história, Francisco, amargurado por sua vez, por não poder andar, murmurava enquanto Pedrina ia preparar o almoço, que quase sempre era a mesma coisa, pois o lucro das vendas era bem baixo, enquanto isso, Bart escrevia, escrevia contos e poesias, pois sabia que um dia seria um grande homem e apresentaria todas aquelas obras pra muita gente.

Mas pra Bart, até escrever era uma tarefa difícil "-Levanta menino, larga esse papel, você tem que ralar milho, isso sim te dará sustento!" Exclamava Francisco em voz alta e arrogante, mas tudo que Bart sabia que precisava fazer era acreditar, mas acreditar não é tão fácil assim.

Naquela família nada mudava, a rotina, as dificuldades, era tudo exatamente como sempre foi, sofrido! Mas Bart sabia que não pararia por ali, ou melhor, ele nunca parou. Era 8 de agosto e Bart fazia 18 anos, cresceu e não viu nada mudar. Bart pensa em sair de casa, mas seus pais jamais aprovariam, mas eis a questão: honrar a vontade dos pais ou arriscar?
Ao cair da tarde Bart dobrou seus joelhos para orar, como de costume, mas dessa vez um anjo veio lhe dizer: "vai e acredita, você não está só, eu te guiarei!".

Bart, por sua essência, tinha coragem, fé, mas também era insistente e teimoso. Reverente aos pais, pensou: "Posso continuar por aqui, escrevendo, alguém pode me encontrar e me ajudar. Talvez exista alguma forma de continuar aqui!". 

Ao cair a noite, Pedrina foi ao quarto de Bartholomeu para ler e avaliar algumas das obras que o filho escrevera naquele dia, mas nesse dia foi diferente:

      - Filho, me mostre suas escrituras de hoje! Disse Pedrina.

Bart respira fundo e com as mãos suadas e frias segura a mão de sua mãe e diz:

      - Mãe, hoje preciso conversar com a senhora, quero ser um jornalista, como os do rádio, que entrevistam famosos e ganham muito dinheiro. 

Pedrina olha para o filho comum olhar piedoso e responde:

      - Mas Bart, jornalistas precisam estudar e você sabe que não temos condições de custear uma faculdade! Nossa realidade não é essa. Você é um sonhador, meu filho, mas acho que precisa sonhar um pouco mais baixo!

      - E se eu sair em busca do meu sonho, você aprovaria, mãe? Sair pelo mundo vendendo minhas cartilhas, uma hora terei dinheiro para realizar meu sonho.

      - Você enlouqueceu?! Lá fora o mundo é perigoso, cruel e eu não vou permitir que cometa tal loucura! Exclamou Pedrina.

      - Mãe, estou decidido, em breve estarei partindo. Agora já sou um homem, um homem adulto!

Pedrina não aceitou de maneira alguma a ideia de seu filho sair de casa, mas Bart insistia e, cada vez mais, estava determinado a, não apenas ir em busca dos seus sonhos, mas também de viver, e por mais que seus pai não entendessem, almejava também oferecer uma vida melhor à sua família futuramente.