Capítulo 13

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Nehemia andava a passos firmes e largos pelos corredores da Casa do Vento. Suas asas pesando mais do que nunca em suas costas. Ela as amava, mas essas eram um lembrete constante daquele dia infeliz. Num simples pensamento elas sumiram.

A garota não estava com raiva pelo que aconteceu a cinco anos atrás, já havia superado aquilo a muito tempo, muito menos se resentia de Rhyagan ter descoberto suas asas, aquilo ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Ela estava furiosa pelo simples fato dele ter ligado os pontos e descoberto o tanto de dor que causara nela, o quanto a havia machucado. E o cretino ainda tinha coragem de perguntar porque ela não contara nada a ele. Inacreditável.

Nehemia sentiu o pesar dele pela ligação. O quanto ele se sentiu mau ao encarar a verdade. Mas ela não queria a pena dele, muito menos suas desculpas. Nehemia queria respostas.

Porquê ele fez aquilo? Alguém que supostamente devia ama-la. Medo não poderia ser o único motivo, pois ela mesmo teve medo e ainda assim não o abandonou.

Odiava se sentir vulnerável. E foi assim que ela se sentiu naquele momento sobre a montanha. Depois daquilo, Nehemia nunca mais foi a mesma. Prometeu que ninguém, nem mesmo seu parceiro, a faria se sentir vulnerável e fraca novamente.

Então ela usou a raiva que Rhyagan lhe causou como motivação. Usou toda a dor que quase lhe consumiram para ficar mais forte. E foi andando por aqueles largos corredores que a fêmea chegou a conclusão de que ela não devia explicações a ninguém além de se mesma. Ela era mais do que suficiente.
Como ela se deixou pensar que estava errada? Que ela era a culpada pelas ações babacas do primo? Como permitiu que ele tivesse esse poder sobre ela? Nehemia se perguntava enquanto bufava de frustação. "Não mais" ela falou pra se mesma. Não era um monstro. Não era uma aberração. Ela era uma força da natureza e ninguém seria capaz de dete-la.

A

s horas se passaram rápido. Nehemia acabou almoçando na Casa do Vento e ficou lendo um de seus livros de feitiços para matar o tempo que restara até a aula com seu tio.

Estava sentada com o corpo atravesado na horizontal na poltrona da sala que sempre usavam, a cabeça pendendo no braço do móvel e as pernas cruzadas no outro.

Rhysand chegou minutos atrasados e parecia alegre. Mas do que o normal, a garota notou. Usava uma de suas túnicas pretas com bordados em prata, que o deixavam extremamente elegante, o que não exigia muito esforço, seu tio era a elegância em pessoa, o termo fora criado em homenagem a ele. Os cabelos preto azulados estavam bagunçados e pela postura relaxada, Nehemia soube que ele e sua tia Feyre deviam está aprontando.

-Está atrasado.- Ela reclamou sem tirar os olhos do livro.

-Me desculpe querida, mas tive uma reunião de urgência com minha parceira.- o macho respondeu com um sorriso malicioso.

-Então se foi por isso, está mais do que perdoado. Eu bem que ando querendo mais um primo mesmo, o primeiro anda me dando muita dor de cabeça.- ela brincou, mas não deixava de ser verdade.

-Ah vamos, Rhyagan não é tão ruim assim.- Rhysand falou enquanto se jogava na poltrona ao lado da sobrinha.

-Tem razão, ele é pior.- ela retrucou, fechando o livro e olhando pro tio com uma sobrancelha levantada e um bico provocativo, instigandoo a discordar dela.

Rhysand sabiamente não o fez.

-O que vai me ensinar hoje?- Ela perguntou ao abrir um sorriso.

-Bom, já passamos do básico. Você já consegue entrar na mente de alguém facilmente, sabe plantar informações lá e sabe como se proteger também. Aliás seu muro é excepcionalmente sólido, está de parabéns, é um desafio até pra mim...- o grão senhor falava, apoiando o braço na poltrona.

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