Prologue

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  Cheguei em casa as 4:30pm de domingo. Ao entrar, encontrei meus pais e meu irmão mais novo, Mikey, sentados no sofá da sala com expressão preocupada.

  Mal cheguei a me encostar na porta e minha mãe já correu até mim, pedindo explicações.

— Eu fui até o exército, mamãe. — respondi, temendo sua reação.

  Ela, assim como papai e Mikey, me encararam confusos.

— Exército? — ela perguntou, franzindo o cenho. — Fazer o quê?

  Engoli em seco. Era agora, eu ia contar a verdade... Mas temia a reação deles diante a minha resposta.

  Lancei um olhar preocupado a meu pai, que franziu o cenho.

— Me alistar. — respondi, por fim.

  O que aconteceu após eu terminar de responder, eu nunca havia esperado. Senti minha bochecha esquerda queimar, onde uma provável marca dos dedos de minha mãe deveria estar.

  Observei afetado minha mãe se desmanchar em lágrimas na minha frente, enquanto meu pai a abraçava, tentando acalmá-la. Engoli em seco quando meu pai olhou para mim, mas sorri ao ver que ele estava orgulhoso. Meu irmão Mikey, por outro lado, me lançou um olhar magoado e subiu as escadas para o segundo andar, correndo.

  Meu pai assentiu, como se dissesse para eu ir atrás de Mikey e foi exatamente isso que eu fiz. Subi as escadas calmamente, pensando em uma explicação boa o suficiente para que Mikey me desculpasse. Mas eu não conseguia pensar em nada.

  Caminhei até a porta do seu quarto que havia sido fechada com um estrondo, momentos atrás.

— Mikey, abre a porta. — falei, batendo duas vezes.

  Escutei um "não" baixo, como se Mikey estivesse encostado do outro lado da porta.

— Por favor. — pedi.

  Depois de alguns segundos, Mikey finalmente abriu a porta e o encarei. Seus olhos estavam vermelhos, suas bochechas marcadas pelas lágrimas e sua expressão era de raiva.

  Ele se virou e foi em direção a sua cama, onde se sentou. Respirei fundo e entrei no quarto, fechando a porta.

— Olha, — comecei, procurando as palavras certas. — eu precisava fazer isso.

  Mikey olhou para mim, sua expressão era de mágoa e raiva.

— Como você pôde? — perguntou com nojo, se levantando. — Você sabia que está destruindo a nossa família?

  Engoli em seco. Sim, eu sabia.

— Eu precisava... — murmurei novamente.

— Precisava? — agora ele estava na minha frente. — Você não precisava de porra nenhuma, Way! Você não tem o direito de estragar esta família, de fazer mamãe sofrer!

  Senti as mãos de Mikey contra meu peito, me empurrando de modo à me fazer bater as costas na porta.

— Me perdoe. — sussurrei, sentindo as lágrimas preencherem meus olhos que arderam.

  Meu irmão observou-me, as lágrimas voltando a descer por suas bochechas rubras.

— Nunca. — sussurrou de volta.

  Engoli em seco, ao mesmo tempo em que Mikey abria a porta e me empurrava para o corredor, trancando a porta na minha cara.

The Ghost Of You || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora