[EUA, Califórnia, São Francisco]
Jane olhou para o redor antes de começar a gravar, ela apertou no play e olhou para câmera.
"Bem, hoje é terça-feira e este é a nossa última publicação da página. Espero que não sintam minha falta" ela riu sem graça "Talvez vocês me vejam no jornal amanhã, hoje dia 17 de março de 2020. Eu, Jane. Estou a alguns quilômetros da ponte Golden Gate e quando este vídeo for publicado já não haverá mais tempo para salvação" ela olhou nervosa em direção a Golden Gate “Sem promessa de volta, sem replay, sem segunda chance. Eu prometi a algumas pessoas que não faria isso, eles dizem: você precisa viver, a vida é uma escola. Mas eu digo: se a vida é uma escola, a morte é um tipo de férias".
Ela se despediu da câmera e olhou mais uma vez para a ponte, ela agendou a publicação para as 09 do dia seguinte, ela entrou na cafeteria e colocou o celular carregar ela trancou o celular na caixa de segurança.
—Moça? Precisa de mais alguma coisa?
—Um café – Jane disse a moça do outro lado —E qualquer lanche, pode escolher o melhor para mim por favor?A moça concordou e sorrio para Jane, ela sentiu seu estômago revirar-se, como se aquilo fosse um aviso para que ela não fizesse o que estava pensando.
Ela sentou na mesa e pegou o cardápio, virou-o algumas vezes na mão, esperando que o tempo passasse mais rápido. Ela começou a se lembrar de todas as coisas que a fizeram chegar naquela conclusão.
O pai, por tê-la deixado seminua em frente a vários homens desconhecidos pela jovem e por tê-la abusado.
A morte do irmão, da qual ela sempre se culpava. "Se eu não estivesse lá, ele estaria vivo ainda".
Elena que foi sua namorada por 1 ano, que morreu afogada no lago do acampamento o qual Jane frequentava, e a mesma achava que foi culpa dela, por ter chamado a jovem para ir no acampamento com a família de Jane.
San, que mesmo sendo maravilhoso para Jane e a amando com todas as forças, Jane acreditava que ele era bom de mais pra ela e que ela o estragaria como sempre estragará seus outros relacionamentos.
Bem, Jane parou de procurar motivos quando o café e um lanche chegou em sua mesa. Ela sorrio e agradeceu a garota.
—Uma última refeição? – ela perguntou a si mesma e afirmou com a cabeça
Jane não tinha certeza se iria conseguir comer, seu estômago se revirava como nunca. Pois hoje ela sabia que daria certo, ela sabia que ninguém conseguiria salva-la desta vez.
Jane sabia que aquele seria o final da história, ou pelo menos pensava que seria.
Ela lembrou-se de cada passo dado para estar ali, do baú com todas as cartas e o papel colocado em baixo do mesmo, no qual estava escrito "guarde-o com cuidado, aqui está a verdade sobre o que realmente aconteceu".
Jane nunca se sentiu tão estranha, quanto se sentia agora. Ela amava Santiago e não queria abandona-lo mas por outro lado ela não conseguia resistir a dor que a chamava para a morte.
Como se Jane estivesse nascido pra isso, como se as lâminas já não fizessem mais efeito, como se tudo que ocorresse a leva-se para aquela conclusão.
Ela comeu o lanche e tomou o café paciente, enquanto isso, do outro lado da cidade San pegava o celular para ver o que era a notificação que estava ativada.
"Horário de publicação agendado" ele riu, mas seu sorriso sumiu quando ela abriu o vídeo.
Enquanto San assistia a o vídeo de Jane falando sobre sua morte, quando e onde seria. Jane pegava o skate e ia em direção a porta da cafeteria.
—Ok Jane, é o mais uma ponte – Ela disse a si mesma —É só mais uma tentativa, mas essa vai dar certo
Ela seguiu pelas ruas quase vazias de São Francisco, o sol diminuía na mesma quantidade em que Jane chegava mais e mais perto da ponte.
Então ela finalmente estava lá, na ponte vermelha, na famosa ponte Golden Gate. Ela segurou o skate apertando-o contra o próprio corpo, como em um abraço.
Ela olhou para a água que passava por baixo da ponte e para todos os carros que estavam passando rápido sobre a ponte, indo para ambas as cidades além da ponte.
Jane andou mais um pouco e parou no meio da ponte, ela andou até a barra de segurança e jogou seu skate sobre ela.
Ela queria que ele partisse com ela, que ele também se acabasse quanto batesse na água daquela altura.
A jovem subiu na barra de proteção e olhou para os lados, agora a água parecia tão escura e tão fria lá de cima.
Ela escutou algumas pessoas gritarem atrás delas e a maioria delas surgiram segurando celulares e os apontando para a garota.
Jane deu um passo a frente, com o skate em sua mão, agora ela estava a um único passo de sua morte.
—Jovem, não vale a pena – gritou o único homem que não estava com um celular nas mãos
Jane olhou para ele e sorrio, suas bochechas estavam doendo e as lágrimas escorriam rápido.
—Não é sobre valer a pena – Jane deu seu último passo
Ela sentiu o vento batendo fortemente contra seu rosto e ouviu os gritos das pessoas desesperadas.
Ela apertou o skate com mais força contra o peito, ela se sentiu como se estivesse voando, como se aquele fosse o fim.
Ela tentou gritar, mas sua cabeça estava de baixo d'água, ninguém chorou, ninguém nem ligou.
Jane sentiu todo seu ar escapar de uma única vez e a água invadindo seus pulmões.
Ela pensou que estivesse sonhando, pois aquilo realmente não parecia normal, ela antes de soltar a última bolha de ar do pulmão sorrio para si mesma.
E então tudo ao seu redor se apagou e Jane se sentiu fria e morta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Garota, Mil Pensamentos
Short StoryIndicado para maiores de 14 anos Talvez você deva guardar este livro só pra você - Pensei - Talvez não deva dividir sua pior parte com o mundo, talvez eles te achem louca, ou achem que você está perto de morrer Mas na verdade, a vida é uma escola...