Prólogo

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"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor."
— William Shakespeare.



         Um amor escondido no tempo, mais precisamente após a batalha de culloden. Um lorde britânico cujo único motivo de continuar vivo era um homem escocês, seu rival em guerra e dono do seu coração.

John Grey era o homem que comandava a prisão que abrigava os rebeldes jacobitas cujas as vidas haviam sido poupadas por Deus na batalha contra as forças britânicas. Um desses homens era Jamie, um escocês ruivo e forte, o líder que representava todos e era idolatrado por todos.

Era de se esperar que personalidades tão parecidas acabassem se conhecendo. John com sua delicadeza e empatia e Jamie com sua coragem e bondade. Uma pena a história tê-los deixado em lados opostos, deveriam ser inimigos, era assim que John sentia que deveria ser toda vez que se pegava dando privilégios para o seu prisioneiro favorito. Volta e meia servia um jantar e o convidava a participar, Jamie deixava claro que estava ali apenas como representante dos demais, mas John fazia questão de ter nem que fosse um pingo da amizade do mesmo.

Quanto mais tentava fugir do que sentia, mais sentia necessidade de se aproximar. John tinha longos diálogos consigo mesmo a respeito de tudo isso e um deles era sobre como deixara tudo acontecer, como se apaixonara. Não era ele quem havia perdido o seu grande amor da juventude em um campo de batalha? Porque então desejava passar pela dor sem estar armado mais uma vez?

Por vezes pegava seu próprio corpo queimando em nome daquele por quem se perdia de paixão. Sentia a pele ferver com a simples menção do nome dele, um desejo proibido de ajudá-lo a ser livre, mas um medo egoísta de perde-lo para sempre. Procurava entreter-se com algumas mulheres, talvez alguma lhe despertasse o mesmo que sentia pelo prisioneiro Jamie, mas o máximo que conseguia era desfilar com alguma delas pelo pátio da prisão na tentativa falha de chamar a atenção do homem que amava.

Quando já não suportava mais, John resolveu oferecer um novo jantar. Convidou Jamie para juntar-se a ele e ofereceu comida de boa qualidade para todos os demais, sentia que não estava sendo um comandante à altura. Foi com um olhar sem expressão e uma dor profunda cuja causa John desconhecia que foi surpreendido com a presença de Jamie em seu local de descanso, ele o aguardava com uma mesa cheia de alimentos saborosos e um sorriso farto no rosto, mas que logo se escondeu atrás de um rubor.

— Bem-vindo, Jamie — Disse se recompondo — Espero que esteja do seu agrado.

— Para homens que comem ratos estou satisfeito com qualquer coisa — Respondeu ele.

— Como assim?

— Pensa que há comida para todos aqui? Seria uma ilusão — Jamie cerrou os olhos ardilosamente.

— Eu lamento, senhor Fraser — enrubesceu — Eu pretendo melhorar as condições.

John logo o conquistou. Talvez tenham sido os jogos de xadrez ou as conversas tranquilas e extrovertidas que afastavam Jamie de todo caos do passado ou a forma como lidava com as questões dos presos. Na verdade ele não sabia ao certo, mas sentia que o prisioneiro estava se abrindo aos poucos, estava confiando nele.

Entre uma risada e outra, John lhe contava sobre a vida que tinha antes de se conhecerem. Jamie se mantinha em silencio e muitas vezes evitava falar de si, buscava auxilio no vinho que  bebericava toda vez que era questionado.

— Pois o senhor nunca me falou da sua, caro senhor Fraser — Dizia John sorrindo lado.

— O que teria para falar sobre mim para um homem como você? Não acharia entediante? — Jamie dizia com a voz baixa — Sou um simples escocês.

— Jamais — John deixou escapar depressa.

Segundos depois ele conseguiu arrancar uma história romântica do homem por quem estava apaixonado. Um caso de amor entre ele e uma estrangeira. Parecia que ela o havia realmente conquistado, ainda ocupava uma grande porção do espaço no coração do prisioneiro.

— E onde ela está agora? — Questionou interessado.

— Foi morta em Culloden.

Talvez essa fosse a deixa para John Grey também contar sobre a perda de seu primeiro amor: O menino louro que havia morrido em seus braços no campo de batalha. Ele a contou e não viu nenhuma surpresa no rosto do prisioneiro, nenhum desgosto por ele ter se apaixonado por outro homem. Isso fez seu coração se aquecer, talvez com mais duas ou três taças de vinho tivesse coragem para dizer o que sentia.

— O que acha do que eu falei? — Pergunta curioso. Jamie se encolhe sobre a poltrona ao seu lado.

— Eu quero que se afaste – Sussurra ele com a voz rouca — Não quero que toque em mim, por favor.

O amor de Lorde John • Fanfic Onde histórias criam vida. Descubra agora