Param as bicicletas na frente da casa de Emeli já com o véu crepuscular cobrindo a extensão do céu acima. A construção era uma típica casa comum de dois andares, com os painéis de madeira pintados numa cor branca. Algumas bicicletas estavam escoradas num canto do jardim - esperavam não terem chegado tão tarde. Cruzam o caminho de pedrinhas e tocam a campainha. Tobias parecia nervoso. Erik o observava com o canto dos olhos. Enquanto ele arrumava o cabelo. Seria por causa de Emeli? No fundo, esperava que não.
A porta se abre com um rangido, mostrando uma Emeli sorridente. Ela os cumprimenta igualmente com abraços e beijos no rosto, e puxa ambos com a mão até a sala, onde Rikard e as duas colegas dela, Inga e Juliet, já esperavam. Estavam confortáveis, espalhados pelo sofá e pelas almofadas do chão. As janelas estavam fechadas, cobertas com cortinas floridas. No centro do tapete, algumas tigelas com pipocas, nuggets, latinhas de refrigerante e salgadinhos. Erik senta-se ao lado de Rikard, cumprimentando-o com um sorriso amigável e um "e aí?" já conhecido entre os dois. Em seu lado livre, Tobias faz-se confortável. Vê os dois amigos se cumprimentarem com tapinhas-soquinhos.
Sexta-Feira 13.
O filme começa apenas quando Justin e seu namorado Michael chegam acompanhados de algumas outras meninas da escola. Não tinha contato com elas - eram de outra sala, do time de basquete. Tinha uma tigela de nuggets e uma lata de Pepsi no colo.
Esse fodido desse Jason.
Sentia-se apreensivo com o filme.
Lá fora, os pingos de chuva batendo contra as janelas. Um trovão ou outro ao longe.
O coração parecia até bater devagar no peito, seguindo o ritmo de uma respiração lenta - ar contido nos pulmões conforme a ansiedade aumentava nas cenas mostradas.
Sente a mão de Tobias tocar a sua. Não sente a menor vontade de tirar a própria de lá. Deixa. Os olhos atentos à tela, sem ver realmente o que acontecia. Esboça o que seria um carinho com o polegar, mas a outra mão havia sido mais rápida nisso. O coração agora batia forte no peito. Ousa olhar na direção dele, que lhe dá um sorriso gentil, sem mostrar os dentes. Sorri de volta.
****
A fita VHS estava meio para fora da boca do aparelho, deixada lá após o final do filme. Na televisão, uma tela estática azul no canal 3, conectado com o aparelho, pronta para a exibição de um novo filme que chegasse a ser empurrado totalmente contra a entrada.
Risos ecoam pela sala.
As tigelas de comida já vazias.
O filme era recapitulado em tom jocoso pelo círculo de adolescentes, que agora fingiam não ter medo das cenas as quais os fizeram gritar pela última hora.
Erik coloca o último nugget, já frio e murcho, na boca. Emborca a lata de Pepsi apenas para notar que já estava vazia. Levanta-se para beber água na cozinha. Tinha um sorriso fácil no rosto. Ainda evitava olhar na direção de Tobias - sabia que um rubor lhe tomaria a face e não daria a possibilidade disso acontecer de forma tão óbvia na frente de tanta gente.
Já conhecia a casa de Emeli.
Aquela cozinha cheia de armários e cortinas, com artesanatos que a própria vó dela fazia pra todo lado.
Busca um copo e o enche. Bebe em goladas grandes.
Quando volta para a sala, o assunto já havia mudado um pouco.
Senta-se novamente em seu lugar original.
Rikard lhe passa um chocolate.
- É sério - Emeli falava entre risos - Fala pra eles, Inga, aquilo que você me disse sobre Jeff. Por isso que eu acho suspeito que ele esteja tomando conta da biblioteca.
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Contos da Cidade Das Torres - Livro I - Caos Dos Filmes De Terror
Science FictionAnos 90. Primeiros fóruns e chats online, bandas de grunge, guerras no Oriente Médio e o final do milênio. Além disso, o desaparecimento misterioso de um colega de escola durante uma noite de filmes de terror - apenas alguns dias antes da cidade com...