Prólogo

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               "Ele irá devorar nossas crianças

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               "Ele irá devorar nossas crianças... fuja para as colinas antes que a praga tome seu corpo... As vidas! Proteja as vidas, elas não tem culpa! Não o deixe as tomar... Dance, dance com terror e glória, pois o bruxo irá chegar." __O poema repetia-se em versos dentro do grande pergaminho, vozes e melodias complementavam o texto, dando assim uma resposta final ao enigma; uma profecia.

             "Corra! Eles a querem, não os deixe a pegar, ela precisa chegar..."

             " Precisa chegar..."

             " Você é a filha do ar, é a vida em dias de guerra."__ As vozes disparavam na mente da jovem moça, algumas eram agudas, outras graves, roucas e até mesmo cansadas, eram almas. Eram protetores daquela que iria curar a terra, ou destroça-la.

              "Mexa-se! não seja pega! Uma guerreira jamais é pega... Corra! Por sua vida Mauca! Poucos nascem com essa graça divina, preserve-a ou entregue-a. O fogo e a lua irão guia-la para o seu destino... Entre os destroços desta floresta, está marcada a história de alguém que um dia fora vivo!" __ Elas gritavam cada vez mais alto, formando um coro ensurdecedor.

                 As orbes num tom de dourado cinzento alternavam entre visões e realidade enquanto corpo feminino afundava em meio ao breu da floresta. Vagava por vontade própria indo contra os comandos do cérebro humano. Ela não tinha controle sob ele, fora amaldiçoada a escultar as profetizas de seu espírito e assim seria até que os deuses dissessem o contrário.

                O vento gritava, gritava em alerta e agonia, seus berros uivantes  arrastavam a dor da pobre mulher para além das colinas, dissipando seu versos em longo véu de uma neblina densa. A moça seguiu o caminho íngreme e desnivelado feito de rochas rústicas e instáveis, um líquido rubro escorria pela pele escura manchando toda mata de Oxóssi, consequência  das feridas abertas feitas pelas mãos de um guerreiro sujo e indigno. Estava coberta apenas por um tecido marrom. Suas vestes poderiam ser comparadas às roupas de um mendigo, sujas, rasgadas e imundas. Completamente maltrapilha e inapropriada, ela irá onde o sol não  brilha, onde a escuridão reina e esbanja suas correntes nas colunas adornadas com ouro e prata, onde a luz deixou existir e um demônio voltou a sorrir. Um ser sombrio a esperava.

                Um ser corrompido, um filho da madrugada, ele mata, come e bebe com graça. Ele é o prisioneiro cruel de uma vida atormentada e reclusa, angústia e dor tomam os cantos da sua morada, assim como as sombras tomam as rédeas de seu mundo. É terrível que a filha da rainha das águas tenha que se deixar dominar pelas garras de um destino perverso, pelas garras de uma fera maldita. Ela conseguiria salva-lo?
A maldição dissera a verdade? Ou eles iriam se afogar em um caos de dúvidas e versos de sangue?
                        
                 A vida de Mauca estava fadada a um precipício de medo e desconfiança. Mate-me se eu estiver errada, mas quem se sente seguro andando em meio a uma cova de leões? A luz está escapando pelas frestas da nossa alegria, a morte está engolindo tudo o está ao alcance dos olhos do rei, deixando rastros escarlates nas ruas e levando o povo a devastação! O que há de seguro nisto?

                  Mauca sentia-se como uma árvore, cortada e desamparada, sua única utilidade seria dar vida as chamas crepitantes de uma guerra barbara e desnecessária. Estava destinada a ser consumida pelas trevas do vazio, aquelas que viviam em sua mente. Aquelas que dominavam ele.

                  "Ele irá devorar nossas crianças... fuja para as colinas antes que a praga tome o seu corpo. As vidas! proteja as vidas! Elas não tem culpa! Não o deixe as tomar... Dance, dance com terror e glória, pois o bruxo irá chegar, ele irá tomar o que é seu, ele irá se encontrar. Ele irá mata-la, se ela não ensina-lo amar."

                       
     

         

          
                         

                 

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