Está em cima, em cima de mim.
Não consigo mexer-me, quero abrir os olhos, mas não posso.
Ele não fala, não me toca, mas eu o sinto.
Sou apenas eu, os lençóis e ele. Mas ele não existe!
É uma ilusão, não é real!
Está quente, como o inferno. Queima-me, devore-me, mas sem ao menos tocar-me.
Ergue-se sob o meu corpo e o toma como seu.
E eu apenas sinto.
Em meio a minha calorosa prisão no mundo da inconsciência, eu deixo escapar:
--- Por que assombra meus sonhos?
E ele, prende meus lábios numa promessa silenciosa, trazendo consigo um enigma num sussurro libertino:
--- Encontre-me...
Agora está frio, frio como o inverno. Poderia mata-lo, mas ainda o sinto.
Ele afasta-se.
Eu o seguro.
Ele grita.
Eu acordo.
Se os céus algum dia falarem, ela seria a única profetiza verdadeira, seria aquela que vaga na terra assolando o mundo dos sonhos, seria a luz nas trevas; as trevas na luz. Seria o calor de um receptáculo frio e cruel cuja a alma havia perdido-se nas linhas do tempo. Estava morto? Vivo? Insano talvez?
Ele atravessou além dos séculos. Alguns diziam que ele era o espírito da ganância, cujo o caráter era tão imundo que ele ousara roubar o fogo do inferno e aprisiona-los em seus cabelos, outros diziam que ele era demônio manipulador, cujo o poder era tão grandioso que ele conseguira domar a escuridão e adorna-la em seus olhos. Assim como a areia é levada pelo ar, as colunas da historia são abaladas pelo tempo, como todo verso que se perde na terra, elas são enterradas em uma grande caixa chamada passado; e como toda boa lenda, ele fora esquecido.