TRÊS DIAS

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"Já reparou como cada pessoa define o amor? É porque cada
pessoa sente de um jeito. O amor não é um padrão, nem um clichê. O amor É e ponto.
Não procure definições, só sinta."
--- desconhecido.

S

e você acha que depois de tudo aquilo com o Edu eu esqueci do meu melhor amigo no telefone, achou certo. Minha mente tava a mil e eu estava chorando em um local público. O auge da minha fragilidade.
---- Ow. Cê não vai me contar o que tá acontecendo???-- berrou Levi do outro lado da linha.
---- Desculpa. Eu acabei esquecendo que tava em chamada. Eu não tô bem. Sinceramente, não sei nem o que pensar...-- disse por fim.
---- Tu tá com internet? Eu posso te ligar por chamada de vídeo?-- perguntou. Eu sempre amava a companhia dele. Levi se tornou meu amigo e a gente vivia grudado antes dele se mudar, mas foi uma mudança NECESSÁRIA. Eu, particularmente, não queria que ele fosse mas, sabia do bem que iria fazer a ele e não seria egoísta a ponto de querer ele só pro meu próprio bem. Concordei com a chamada de vídeo ainda na cafetaria mesmo. Ele ligou e eu apoiei meu celular no porta- guardanapos.
---- Que cara é essa?-- perguntou assim que me viu. Sequei o rosto e me arrumei na cadeira.
---- A que eu tenho. Ué.-- disse ironizando.
---- Cê tá acabada.-- resmungou.
----- Bom ver você também.-- disse, fazendo ele rir.

---- Qual foi o problema? Quê que tava rolando aí? História de beijo sem querer e de desculpas... Vai contando tudo.-- pediu carinhosamente- do jeito dele- e eu contei tudo. Desde o dia em que conheci o Edu, até o dia em que ele topou os 6 encontros, e agora essa "amiga" dele.
---- Duas coisas. Primeira: ele deve ser bom demais pra fazer você ter tanto ciúmes e Segunda: se você ainda gosta dele não tem que desistir. Tenta até o último dia. Se ele não se apaixonar por você, homem é o que não vai faltar. Se ele disse que não foi por querer, olha... Deve ser verdade...-- disse isso rindo. Sabia que nem ele acreditava naquelas palavras. Então ficou sério e continuou.--- Acho que se ele aceitou isso, ele deve gostar de você lá no fundo, do fundo, do fundo, da poeira cósmica do coração dele. Então fé. Tenta ser mais próxima dele e mostra a menina maravilhosa que tu é. Eu sei que se ele conhecer você tão bem quanto eu- meio impossível, diga-se de passagem- mas, enfim, se ele te conhecer bem ele vai te querer sim. Que homem hetero/pan/bi não quer esse mulherão?! Eoem. Fica tranquila, não pensa nesse beijo e tenta.-- concluiu.
---- Tá bom. Você acha mesmo que eu teria alguma chance? Sei lá... Às vezes ele é tão... Frio.-- disse.
---- tu me disse que ele se mudou à alguns meses só. Vai que na outra cidade que ele morava ele tomava aquelas pílulas ridículas?! E é claro que você tem chances. E olha se ele não quiser, eu quero.-- ele afirmou e eu ri. A gente sempre tinha essas brincadeiras.
Depois disso eu voltei pra casa, ouvi umas músicas relaxantes, coloquei uma roupa de frio e fiquei deitada. Tinha começado a chover forte, do nada.
Não mandei mensagem pro Edu, nem liguei, nem esperei que ele ligasse. Sabia que ele não o faria.

***

Amanheceu com o tempo limpo, mas o frio permanecia ali. Me cobri direitinho e continuei deitada. Vez ou outra minha mãe me deixava quietinha no meu canto e essa era uma dessas raras vezes.
As palavras do Levi martelavam na minha cabeça "vai que ele tomava aquelas pílulas ridículas?", e se ele tomasse mesmo? E se ele tomasse por obrigação como grande parte das pessoas? E SE? Isso começou a me enxer a paciência. Tinha que parar de pensar nisso ou ficaria paranoica. Desci as escadas preguiçosamente e minha mãe estava vendo tv. Passei por ela em silêncio até o banheiro pra escovar os dentes. Fiz tudo o que tinha que fazer e depois do café da manhã fiquei vendo anime. Primeiro bay blade buster, depois Super onze e a cada gol do adversário era eu falando com a tv. Aí começou outro anime que eu nem gosto, então saí pra estudar francês. Depois disso fiquei pensando no que fazer ou dizer pro Edu.
Como que eu começo uma conversa??? "Oi, dormiu bem?" Vou fingir demência? Devo? Ele ficaria bravo? Ah, tantas perguntas e nenhuma resposta. Sete minutos de coragem insana, era disso que eu precisava. Peguei o celular e mandei.

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