Capítulo 3 - Fogos e chuva de gostosuras!

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     Dom Pepito entrou correndo na cozinha, atrás de Dona Maria que repousou o cesto sobre um banquinho de madeira e foi apressadamente mexer na panela que estava no fogo. Sem perder tempo, ele se colocou ao lado do cesto e começou a latir, pular e fazer gracinhas para ganhar pelo menos um pedacinho daquela que era uma de suas gostosuras preferidas: Maçã! Mas Dona Maria estava muito ocupada preparando aquele negócio de cheiro diferente, e que ele estava curioso para saber o que era também. Era um caldo de cheiro doce e de cor vermelha, que ele nunca tinha visto antes. Dom Pepito achou bem cheiroso, mas estava mesmo interessado em comer uma maçãzinha daquele cesto!

- Anjope, o que você quer, hein? Acho que você está gostando deste cheirinho de maçã do amor, não é? Vou cortar um pedacinho de uma maçã bem cheirosa para você antes de separar algumas para colocar a calda doce. 

     E então ela pegou uma maçã do cesto. Os olhinhos de Dom Pepito brilharam de felicidade,  ele deu um sorriso e todo serelepe se preparava para comer aquela fruta que ele amava!

      De repente, um estrondo! Pum pum pum! E a cachorrada do vizinho entrou no quintal de Dona Maria, surgindo porta a dentro e derrubando tudo que estava pelo caminho! Dom Pepito estava prestes a saborear a maçã quando levou um susto com eles e deu um salto! Começou a latir, rosnar e correr para todos os lados atrás dos bagunceiros. Derrubaram aquele cesto enorme de maçãs que estava no banquinho e foi chuva de gostosuras na cozinha, voando e rolando em todas as direções! E Dom Pepito vendo aquele monte de maçãs, se apressou para pegar uma maçã voadora, mas não conseguiu, pois a confusão era muito grande. E a criançada, Teresinha e o vizinho Chico, tropeçando nas maçãs, fizeram de tudo para tentar acalmar os fujões que tinham medo de fogos. E também Dom Pepito, que entrou na farra.

     Dom Pepito, ou Anjope, não tinha medo de fogos. Ele nem ligava. No entanto, sabia que a maioria de seus amiguinhos tinham muito medo.

- Soltaram os fogos do início da festa junina na hora que eu estava alimentando a Pati, o Sardinha e o Moleque! Desculpe, Dona Maria, eles ficaram muito assustados e correram pela rua até entrar em sua casa para se abrigarem. E eu ainda tenho que sair com o carro de som novamente e agora não sei como - Disse Chico, sem saber o que fazer.

- Não se preocupe, Chico, vamos acalmá-los. Deixe-os aqui um pouco com meu novo hóspede, o Anjope, se quiser – respondeu Dona Maria, com aquela doçura de sempre.

     E Dom Pepito, depois de correr para lá e para cá no meio daquela bagunça toda, se recolheu num canto, com uma das maçãs ao seu lado. Deu uma cheirada nela, mas não comeu, pois ainda estava muito agitado e resolveu ficar quieto.

- Ei, você vai comer esta maçã? Perguntou Moleque, já com fome novamente. Sem esperar a resposta de Dom Pepito, Moleque pegou a maçã e deu uma mordida, pois estava muito nervoso ainda com o barulho dos fogos. E quando ele não corria, ele comia. Como ele já tinha corrido, era hora de comer! Moleque era um cão misturado e bem engraçado, cheio de pintas coloridas. Estava usando uma gravata xadrez, igual a de Dom Pepito.

     E então, deu um pedaço a Dom Pepito, que finalmente pode comer aquela gostosura que tanto lhe atiçava o apetite e o fazia lembrar de sua casa. Pati e Sardinha também comeram um pouco. E os quatro amigos ficaram sossegados e tranquilos, na cozinha de Dona Maria.

- Chico, gostaria de pedir um favor. Anjope está perdido e precisamos ajudá-lo a voltar para casa. Se você puder, anuncie no seu alto falante que temos um menino poodle à procura de sua casa.

- Claro, Dona Maria! Vamos achar a casa deste menino bonito!

E Chico, agradecido pela ajuda de Dona Maria, deixou os cachorros ali e saiu para trabalhar mais um pouco com o carro de som, aquele que chamava as pessoas para ir no Arraiá da rua.

     Um tempo depois, Chico veio buscá-los.

     Já era noite. A festa na rua já tinha começado. Dom Pepito acompanhou Chico e os seus novos amigos até o portão, mas Chico não deixou que ele saísse com eles. Então, ele se despediu de Pati, Sardinha e Moleque, que estavam bem mais tranquilos que antes. Ao vê-los ir embora, Dom Pepito reparou na rua e viu um grupo de pessoas com roupas parecidas com as que as crianças estavam vestindo, se preparando para dançar a quadrilha, uma dança típica de festa junina. A música era muito animada e as pessoas estavam felizes! Ele viu também as barraquinhas, todas aquelas comidas cheirosas, a rua toda enfeitada e os fogos no céu. As crianças soltavam estalinhos, brincavam e dançavam. E ele ficou encantado com o Arraiá!

- Uau! Quantas pessoas! Quanta alegria! Suspirou Dom Pepito, maravilhado com aquela festa junina tão animada.

     E atento a todas aquelas luzes, cores, sons e perfumes, sentiu saudade da alegria da sua casa e de seus familiares. Pensou que poderiam estar todos juntos se divertindo naquela festa animada, e então teve uma ideia.

     E no mesmo instante, ouviu a voz de Dona Maria o chamando:

- Anjope, venha cá, tenho uma surpresa para você!

     Então ele foi correndo ao encontro de Dona Maria.

Dom Pepito no arraiáOnde histórias criam vida. Descubra agora