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Fazia um ano que Caio havia se mudado para São Paulo com os Scotty e viviam o sonho de serem uma banda de verdade. Anna sentia falta do seu namorado, sempre olhava para o anel que Caio um dia lhe dera. As amigas estavam loucas estudando para os vestibulares enquanto ela não fazia ideia do que queria fazer no próximo ano.

Se lhe perguntassem alguns meses antes, ela diria que com certeza iria entrar na faculdade de Direito e se tornar uma grande advogada, mas agora isso tudo parecia sem sentido sem o Caio. Anna nunca fora de viver por outra pessoa, mas ela sabia que o que os dois tinham era raro, e não queria deixar que ele fosse embora.

Quando completaram um ano de namoro, Caio aparecera de surpresa na sua porta. Ele trazia um rosa vermelha em uma mão e um urso de pelúcia na outra. Anna se assustara com a presença do namorado, ela queria que ele viesse, mas por causa dos compromissos da banda nenhum dos dois sabia se seria possível, ela ficara perturbando o Fred por um mês pedido ajuda.

Caio a levou no Paintball, lugar em que havia pedido Anna em namoro, e na ocasião todos os amigos estavam presentes. Como ele sentia falta de saírem juntos sem preocupações, sem obrigações, apenas curtindo a companhia um do outro, seja no Paintball, na sala da casa do Bruno jogando videogame e tomando cerveja ou na sorveteria do pai do Kevin.

Anna sabia que Caio teria que voltar para São Paulo, então fez questão de aproveitar os mínimos segundos. Caio ainda se lembrara do tanto que ela chorara quando eles contaram que se mudariam, ficara preocupado dela terminar tudo com ele e ele não sabia o que seria sem ela. Cara, como que ele amava aquela garota!

Os dois passaram o dia no Paintball e Anna teve certeza que ficaria dolorida por um bom tempo. Depois que tomaram banho, Caio a levou em um restaurante de comida japonesa que havia aberto na cidade. Nova Granada estava realmente crescendo.

— Então, como é em São Paulo?

— Muita correria. Todo dia tem uma coisa nova para fazer. É uma musica para gravar, algo para compor. O Daniel está compondo muito, mesmo não estando em uma boa fase.

— Ele e a Amanda não se resolvem nunca não é?

— Pelo jeito não. Mas vamos deixar os dois de lado por hoje. Eu não estou acreditando que já faz um ano. Parece que foi ontem que fomos atacados por milhares de bolinhas de paintball — Caio começou a rir enquanto apertava a mão de Anna.

Ela sorriu, não tinha como não sorrir ao lado dele. Faltavam alguns meses para terminar o terceiro ano, e Anna vinha pensando seriamente em se mudar para São Paulo e ajudar os meninos no que podia, mas ela ainda não tinha certeza, e não sabia se contava ou não para Caio.

— Mas fala mais amor, como é a gravadora? Como vocês estão morando lá?

— Por enquanto estamos nós quatro dividindo o apartamento. O CD deve sair no próximo mês, e com isso iremos finalmente receber algo a mais da gravadora. Eu estou pensando em arrumar um flat, começar a ter minhas coisas, mas ainda é apenas uma ideia. Nem sei se vou ter grana para isso, fora que sou um desastre morando sozinho.

— Com certeza você se sairia bem. Melhor que o Bruno pelo menos.

Caio riu da namorada zoando o amigo. Bruno morava sozinho em Alta Granada desde muito cedo. Seus pais viviam viajando até que finalmente se mudaram para a capital. A casa dele era uma bagunça, mas apesar disso, sempre fora um porto seguro para os amigos.

Caio sentia saudades da família, da comida da mãe e de ter alguém para lavar sua roupa. Agora, apesar de tudo o que estava acontecendo em suas vidas, ele estava aprendendo a se virar. Queria sim conseguir um espaço para ele, mas ao mesmo tempo não queria se afastar dos meninos, e também não queria se sentir sozinho em uma cidade tão grande quanto São Paulo. Como seria bom se Anna passasse em alguma faculdade por lá e eles pudessem morar juntos.

Daniel, Bruno e Rafael viviam saindo, conhecendo boates e garotas. Caio nunca fora disso. Ele amava Anna e era a única garota que ele queria. Geralmente, enquanto seus amigos saiam nos fins de semana para as baladas, ele ficava em casa jogando vídeo game ou conversando com a namorada pelo Skype.

Eles saíram do restaurante e foram andando pela rua abraçados. Já estava escuro apesar de ainda ser cedo, não deveria passar de umas 6 da tarde. Caio pegaria o ônibus às 7 e meia, no dia seguinte tinham uma entrevista grande para promover o CD logo pela manha, mas queria prolongar seus momentos com Anna o máximo que pudesse.

— Anna, como você se vê daqui a cinco anos?

Anna assustou com a pergunta, mas entendeu onde ele queria chegar. Ela poderia ter respondido um milhão de coisas, que se via formada, trabalhando com alguma coisa que gostasse, ou que queria mudar de país, mas pensou por um tempo e respondeu com uma certeza que nunca antes tivera.

— Daqui a cinco anos eu me vejo ao seu lado. — Ela se virou para ficar de frente para o namorado e olhou no fundo dos seus olhos. — Eu me vejo do seu lado aqui em Alta Granada, em São Paulo ou em qualquer outro lugar do mundo. Você pode se tornar um rockstar ou ser apenas o Caio de sempre, mas independentemente disso, eu me vejo ao seu lado. Daqui a cinco, dez, vinte anos, eu me vejo com você para sempre. Eu amo você Caio.

Caio suspirou aliviado com a resposta da namorada, segurou seu rosto com as duas mãos e beijou sua boca com a ansiedade de quem sentia saudades o tempo inteiro. Depois de um tempo se afastaram um pouco, mas apenas o suficiente para que Caio pudesse olhar nos olhos da namorada que já começavam a lacrimejar com a aproximação de sua partida.

— Eu também te amo Anna. 

Sábado à Noite e meioOnde histórias criam vida. Descubra agora