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Era chegado o dia da mudança. Anna estava com todas as suas coisas em malas e caixas que aos poucos Caio e seu pai iam colocando no porta-malas do carro recém adquirido de Caio. Eles haviam combinado que sairiam logo após o almoço, então Anna aproveitou para ir até a casa de Amanda e se despedir pela ultima vez da amiga.

Ao chegar, ela se deparou com uma Amanda de moletom comendo sorvete e assistindo TV Globinho.

— Amanda, a senhorita poderia, por favor, me contar porque está nesse estado de calamidade publica sentada nesse sofá?

— Eu estou comemorando Anna.

— Comemorando? De moletom com sorvete e desenho animado?

— Sim — Amanda respondeu com uma voz entediada. — Eu passei na faculdade de jornalismo e essa é minha forma de dizer ao mundo que também posso fazer algo da minha vida.

Anna começou a gritar de felicidade pela amiga que parecia não dar a mínima para essa conquista.

— Amanda! Você vai agora largar esse pode de sorvete, desligar a televisão, tomar um banho e sair de casa comigo. Amiga, a gente tem que comemorar!

Anna pulou em cima do sofá e tomou o pote de sorvete de Amanda. Estava muito feliz pela amiga, mas mais uma vez sentia a sensação de que estava sendo um erro não ir agora para a faculdade.

Amanda se deixou ser abraçada e após um banho rápido percebeu o quanto estava sendo infantil sobre isso. Ela jamais confessaria para Anna que na verdade, estava com ciúmes que ela podia largar tudo e ir para São Paulo ficar com o Caio enquanto que ela não recebia nem se quer uma mensagem de Daniel.

As duas saíram para dar uma volta na praia, e Anna sentiu como se fosse a ultima vez que veria a praia de Nova Granada. Ela sabia que estava sendo infantil, ela estaria a poucas horas de casa, mas ainda assim não parava de pensar quando estaria ali de volta.

Elas correram na areia e se deixaram molhar pelo mar gelado. Apesar de ser 1º de janeiro e estar muito calor, a praia estava quase deserta. As pessoas não deveriam ter levantado ainda.

— Anna, eu vou sentir sua falta. Falta de poder ligar para uma amiga no meio da noite sabendo que ela não iria se importar com os dramas. Vou sentir saudades da minha amiga comprometida que sabe colocar razão nas minhas atitudes mais idiotas.

Anna sentiu seus olhos lacrimejarem e abraçou a amiga.

— Aah Amanda, você também vai fazer muita falta. Eu agora vou ficar cercada de meninos e o Bruno e o Rafael vão começar a me perturbar. Vou virar o saco de pancada dos meninos agora.

Amanda riu da amiga, mas concordou. Anna agora seria a Amanda de anos atrás, a única mulher entre os marotos.

— Você vai ser sim o saco de pancada deles — concordou — mas você também vai ter o Caio ao seu lado. Você vai ser muito feliz minha amiga, e saiba que sempre que quiser, eu estarei aqui de braços abertos para te receber de volta. Eu te amo.

— Também de amo.

E elas se abraçaram novamente, sem esconder as lagrimas, sentindo a dor da despedida.

— Amanda, eu estou indo agora, mas vou te esperar tá bom?

Amanda se assustou com o comentário da amiga que a pegou pelo braço e foram juntas andando de volta para a casa de Anna.

— Como assim Anna?

— Eu sei que você e o Daniel ainda vão se acertar. E quando isso acontecer, eu estarei esperando por você em São Paulo.

As amigas riram da previsão de Anna, rezando para que ela estivesse certa.

As malas estavam todas no carro. Caio estava encostado no carro dando espaço para a namorada se despedir dos pais e amigas. Sabia o quanto isso era doloroso, pouco menos de um ano atrás ele havia feito o mesmo, mas havia deixado Anna para trás. Dessa vez, ele a estava levando junto, e não tinha intenção nenhuma de deixa-la ir novamente.

Anna abraçou seus pais em meio a choros, e eles lhe recomendaram que ela se cuidasse, arrumasse um emprego e que no fundo, fosse muito feliz, mas que sempre que precisasse estariam de portas abertas para receberem a filha de volta.

Em meio a soluços, lágrimas e desejos de boa sorte, Anna abraçou Amanda, Maya, Guiga e Carol como se fosse a ultima vez que veriam as amigas. Entrou no carro ainda sem ter certeza e acenava em meio às lagrimas para as pessoas paradas na calçada. Caio deu partida no carro e deixou que Anna respirasse, indo embora sem olhar para trás. Então ele apertou a mão da namorada.

— A gente vai ser muito feliz. Eu te prometo que vou fazer de tudo para te deixar feliz, e nunca esqueceremos de Alta Granada, que foi o palco onde tudo isso começou.

Anna sorriu sentindo um pouco mais de coragem para enfrentar a vida que viria a seguir. 

Sábado à Noite e meioOnde histórias criam vida. Descubra agora