𝑼𝒎 𝑵𝒐𝒗𝒐 𝑹𝒆𝒊𝒏𝒂𝒅𝒐 | ᴀs ᴄʀᴏ̂ɴɪᴄᴀs ᴅᴇ ɴᴀ́ʀɴɪᴀ | 𝓕𝓪𝓷𝓯𝓲𝓬

Capítulo 9: O castelo de Beruna

Os dias passaram voando, sendo sempre intensos, e Noah e Anna muito aprenderam sobre Nárnia. Algo que não havia sido mencionado, foi o fato de eles precisarem participar, ainda, de outras aulas, como dança e etiqueta. Dessas, Noah não se agradava muito, enquanto faziam Anna se sentir uma lady.

Mas o mais notável avanço dos dois foi nos treinamentos: Corin mostrou ser um ótimo instrutor e Noah um ótimo aprendiz. A primeira vez que o menino conseguiu desarmar o príncipe foi uma festa!

E Flora acabou acertando em seu palpite: Anna tinha tudo para tornar-se muito melhor do que ela. Aliás, creio que a menina somente não superaria Rainha Susana, pois esta fora uma arqueira notável, a melhor em toda Nárnia.

Poucos dias antes da data marcada para a coroação acontecer, Anna recebeu uma notícia esplêndida e mal podia esperar para compartilhá-la com outra pessoa.

— Noah! Noah! Noah! — ela gritava e corria pelos corredores do castelo de Anvar, estava empolgada demais para pensar em manter as aparências naquele momento.

Ao passar pela porta da cozinha, parou de olhar para a frente, atraída pelo aroma da comida, e foi nessa hora que o menino apareceu e Anna bateu com tudo nele, fazendo ambos caírem no chão.

— Perdão! Eu não queria que isso acontecesse.

— Que desespero todo é esse? — ele perguntou, já de pé, indo auxiliar a amiga. Ao fitar o rosto dela, percebeu grande sorriso, e ficou curioso para saber o motivo de tamanha alegria.

— Flora disse que estamos no fim do treinamento, em poucos dias, talvez menos de uma semana, será feita a coroação! — Anna contou, eufórica, e deu um pulinho de alegria. — E ela também disse que hoje visitaremos o castelo de Beruna, onde reinaremos! Não é incrível?

— Agora entendo todo esse seu entusiasmo! A cada dia que passa, sinto a alegria tomar o lugar do medo em meu coração.

— Ainda estou dividida quanto a isso, mas creio que Aslam nos ajudará — disse ela. — Ele sempre ajuda.

— Majestade! — Flora se aproximou dos dois, dirigindo-se a Anna. — Sairemos logo, venha, precisa aprontar-se!

A menina seguiu Flora, enquanto Noah resolveu ir até os jardins do castelo de Anvar. Ao atravessar o grande arco que dava acesso ao exterior do lugar, ele respirou fundo e continuou a caminhar.

Passou por diversos canteiros de flores, não tão majestosos como os de Cair Paravel, porém ainda magníficos. Quando alcançou o pomar, o menino cumprimentou alguns funcionários que por ali estavam trabalhando, mas não parou de andar.

Noah permanecia indo cada vez mais além, até o único som perceptível ser o de seus próprios passos sobre a grama verdinha do jardim. Ele sabia que estava dentro dos domínios do castelo, então não se sentiu amedrontado quando viu um pequeno morro entre algumas árvores do bosque. Afinal, era exatamente onde queria ir. O menino encontrou uma escada um pouco coberta de musgo esculpida no morro e subiu por ela até o topo.

Ao enfim alcançar seu objetivo, Noah contemplou a paisagem. Estava virado para o Beruna, embora não conseguisse enxergar tão longe, e vislumbrava o resto do jardim. Para além dos muros estava a cidade, agora tão familiar para o garoto, iluminada pela dourada luz do sol.

O vento batia contra seu rosto, bagunçando seus escuros cabelos e, de alguma forma, o trazendo paz. Quando começou a sentir os lábios ficando secos, Noah pronunciou as palavras mais sinceras possíveis.

— Aslam... Tenho tentado me manter forte e focado, mas é difícil. Fico feliz em saber que posso contar contigo, porque não sei caminhar sozinho. Porém, hoje senti minhas inseguranças se esvaírem ao ouvir Anna contar sobre nossa visita ao Castelo de Beruna. Não sei o motivo disso, e nem me convém saber, só quero dizer o quão grato estou por tudo o que tem feito por nós. Obrigado, Aslam. O senhor é nosso verdadeiro Rei.