Capítulo 1

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Dizer que não se há esperanças não era apenas um modo de falar, Olivia nunca foi o tipo de garota que mente ou esconde seu estado emocional, talvez tenha sido porque desde cedo aprendeu que negar seus sentimentos e pensamentos é negar a si mesmo e que o faze-lo nunca é uma boa opção.

Encarava seus exames abertos em cima de sua penteadeira a pensar quais seriam suas explicações para os curiosos da cidade, mesmo que não tivesse muito a se dizer, ela estava morrendo. A fama de sua família pela cidade era o suficiente para gerar inúmeros questionários, tendo em vista que a garota de cabelos cacheados sempre esteve nos holofotes. A família Connor, conhecida por sua enorme fortuna e seu incríveis bailes beneficentes da cidade, nunca mediram esforços para mostrar a unigênita.

Olivia era a filha que todos os pais sonhavam ter. Carregava uma delicadeza digna de família real, sua voz era comparada a anjos, a pele extremamente branca como o mais recente floco de neve a cair. Para alguns, toda sua postura era forçada e já para outros, bom, ela era a Afrodite habitando a terra. Não os leve a mal, era inevitável não se apaixonar por Olivia e toda sua graciosidade.

— Olivia – Seu nome é pronunciado do outro lado da porta de seu quarto a tirando de seus devaneios. Devaneios esses que se tornaram constante desde que o médico olhou em seus olhos e lhe deu a noticia de que um ano a seguir, ela seria apenas lembranças. Alcançou uma presilha qualquer na gaveta de sua penteadeira e fez um penteado simples em seus cabelos loiros, não deixou de encarar seu reflexo agora pálido com um pouco de blush em suas bochechas em frente ao espelho. Adiantou seus passos ao ouvir o suspiro impaciente de sua mãe que ali esperava. Girou a maçaneta com pouca animação logo tendo a imagem de Justice Connor a sua frente, seus lisos fios loiros cortado em um perfeito pixie, suas longas pernas sendo cobertas por uma calça azul social que era acompanhado por um blazer de mesma cor que cobria uma camisa de botões champanhe.

-— Já era hora – a mulher fala ao bater seus saltos pretos indo em direção a escada. — Não quero vê-la trancada neste quarto, Liv. Faça do seu ultimo ano, o melhor  – As palavras saíram com facilidade e carregadas de duplos sentidos, e Olivia entendia exatamente sobre o que se tratava.
Apressou seus passos seguindo sua genitora em direção ao grande carro estacionado no jardim da grande mansão. Entrou no automóvel sem hesitação e se manteve quieta durante todo percurso. Não sabia para onde estava indo e o que iriam fazer, mas ela estava preparada para ser a garota contente e obediente que os pais tanto mantinham como troféu.

Ao chegar ao local, notou se tratar da fazenda da família Jones, conhecida por seus gados e produtos que dali saiam. Os Jones, ao contrario dos Connor, sempre foram extremamente reservados, principalmente, desde o falecimento do chefe da família. Eram composto pelos dois filhos mais velhos da família tendo apenas um ano de diferença entre si, e a filha caçula, que recentemente tinha voltado de outro país desde o falecimento do pai. A mãe morrerá ainda nova, logo após a caçula completar dois anos, deixando um enorme buraco nos corações de seus filhos e de seu amado que agora a fazia companhia.

Mesmo esboçando seu melhor sorriso, em seus pensamentos, Olívia se questionava o porquê de estar escondendo sua alma abatida. Alguém que está morrendo deveria poder ter seus minutos de reflexão, não?

A garota respirou fundo lentamente, jogando seus pensamentos para longe e agora focando no cômodo em que se encontrava. Os dois homens da família conversa com o casal Connor dando respostas mínimas e firmes. Gabriel Connor, o pai de Olivia que mesmo antes dela chegar a fazenda ali já estava,  disfarçava seu rosto zombeteiro com um enorme sorriso enquanto sua esposa guiava o diálogo.

Olivia, com sua delicadeza, lentamente vira seu rosto em direção as escadas, essas que agora faziam barulho ao serem chocados rapidamente a uma sola de um sapato. Da sala de estar,  podia-se ter a visão de Alex Jones descendo as escadas com rapidez fazendo seus cabelos balançarem. Suas mechas coloridas pareciam chamar mais atenção do que em qualquer outro momento de sua vida, usava uma regata que deixava a mostra suas inúmeras tatuagens. Pousou seus olhos na garota sentada em seu sofá a tempo de flagra-la a encarando como se analisasse uma obra de arte.

A garota de olhos cor âmbar decorava cada detalhe da de olhos azuis, sentiu suas mãos suarem e seu mundo girar no momento em que a viu morder seu lábio inferior, mal sabia que todo aquele nervosismo não era apenas pela garota, mas também pelo desmaio que estava por vir.

ÂME SŒUROnde histórias criam vida. Descubra agora