A Lenda de ChungHyang - Parte I

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Há muito tempo atrás, vivia na província de Cholla, na cidade de Namwon, um filho de um magistrado chamado Yi Mongyong. Ele tinha muito talento para a literatura e cresceu de forma a ser um belo e jovem rapaz.

Em um belo dia, o Senhor Yi Mongyong lhe chamou seu empregado Pangja e pediu-lhe que lhe mostrasse um lugar onde pudesse ver flores selvagens. Pangja o guiou até um pavilhão de verão perto de uma ponte chamada "Ojak-kyo" ou "A ponte da Pega-Rabuda". A vista da ponte era tão linda quanto o céu de verão, e foi nomeada assim depois da história entre o líder da turma e a empregada costureira

Olhando em direção às distantes montanhas, Yi Mongyong avistou uma jovem donzela em um balanço sob uma das árvores. Ele perguntou a Pangja a respeito da graciosa donzela e sua responsável. Ele respondeu que se tratava de Chunhyang (Perfume de Primavera), uma filha de Wolmae (Lua Cheia), a aposentada anfitriã kisaeng. Pangja ainda revelou ao seu jovem mestre que aquela jovem garota não era apenas bonita, mas também virtuosa. Assim Yi Mongyong insistiu para que Pangja informasse a Chunhyang que ele desejava encontrá-la

-Não sabe que a borboleta deve seguir seu caminho até a flor e que o ganso deve ir à procura do mar? - Retorquiu Chunhyang.

Pangja reportou o que ela havia dito a Yi Mongyong, o qual ficou desconsolado. O empregado sugeriu que ele fosse a jovem donzela por si mesmo. Yi Mongyong aproximou-se de Chunhyang. Ela era ainda mais linda do que havia imaginado da primeira vez que a avistou.

O vento fez seus cabelos e a longa fita que estava sobre sua face rosada se esvoaçarem e ela brilhava com virtude e felicidade.

"Essa bela fortuna foi-me concedida hoje. Por que esperar até amanhã? Não devo eu falar com esta linda moça agora?" Yi Mongyong disse a si mesmo.

Quanto a Chunhyang, esta ficou assustada por estar sendo observada. Desceu de seu balanço e correu em direção à sua casa. Ao parar debaixo de um pessegueiro no portão de seu jardim, ela arrancou uma flor e a beijou, com seus lábios e sua face mais vermelhas que a flor, e se foi

Pangja instruiu seu mestre a se apressar em voltar para casa, assim seu pai não poderia saber nada a respeito de sua aventura e depois punir Pangja por permitir que Yi Mongyong fosse tão longe. O jovem foi para casa em transe e imediatamente foi sentar-se para jantar com seus pais. Terminada a refeição, Yi Mongyong foi para seu quarto, acendeu uma vela e abriu um livro. Ler parecia impossível. As palavras borravam frente a seus olhos, e toda palavra e todas as letras eram de "Primavera" e "Fragrância". - Chunhyuang, Chunhyang, Chunhyang. Ao chamar Pangja, ele disse:

-Esta noite eu devo ver Chunhyang. Ela não disse que a borboleta tem que seguir seu caminho até a flor?

Eles foram à casa de Chunhyang, parando sob o pessegueiro do qual se aproximaram. Naquele momento a mãe de Chunhyang estava contando à sua filha que tinha tido um sonho no qual um dragão azul colidiu contra Chunhyang, e agarrando-a com a boca, voou aos céus. Olhando ao redor, ao invés do dragão celeste a mãe da garota avistou um dragão na Terra, pelo fato de que Yi Mongyong estava caminhando no escuro, e falou com ela

Sabendo do propósito de sua visita, a mãe chamou Chunhyuang para encontrar-se com o nobre rapaz, e Yi Mongyong pediu a mãe de Chunhyang pela mão de sua filha em casamento. A velha senhora, pensando que seu sonho estava se tornando realidade, consentiu alegremente:

- Oh, você é o filho de um nobre homem e Chunhyang é filha de uma kiseang então, não podemos ter um casamento formal, mas se você nos conceder um contrato secreto relatando seu compromisso de não a abandonar nós ficaremos satisfeitas

Yi Mongyong pegou um pincel e escreveu as seguintes linhas:

"O mar azul pode tornar-se uma amoreira e amoreira pode tornar-se o mar azul, mas o meu sentimento por Chunhyang nunca mudará. O céu, a Terra e todos os deuses são testemunhas"


Naquela noite de sono, eles sonharam com Patos Chineses nadando juntos. Por inúmeras noites, ele visitava sua amada, até que ela o provocasse dizendo que ele deveria retornar ao seu lar e estudar bastante para se tornar um grande oficial tal como seu pai. Infelizmente, o tempo deles juntos não durou muito

Não muito depois do casamento em segredo, o empregado trouxe uma mensagem a Yi Mongyong dizendo que seu pai, agora nomeado como chefe de gabinete do rei, foi transferido à capital. Yi Mongyong, que estava a acompanhar seu pai, chegou aquela noite a Chunhyang para dar-lhe a má notícia. O jovem casal foi forçado a terem um adeus repleto de lágrimas na Ponte da Pega-Rabuda.

- Já que não há maneira de mudar o nosso destino, permita-nos abraçar e então, nos separarmos - Disse Chunhyang, colocando as suas mãos ao redor de seu amado.

E então, ela lhe entregou um anel:

-Este é o símbolo do meu amor por você. Guarde isso até nos encontrarmos novamente. Vá em paz, mas não se esqueça de mim. Eu vou permanecer fiel a ti e te esperar aqui para que você venha e me leve para bem longe daqui, para Seul.

E com essas palavras, eles se separam.

Continua...

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História adaptada de Ha Tae Hung, Contos folclóricos da Antiga Coreia, Série Cultural Coreana 6 (Seul: Yonsei University Press, 1967)

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