O vento um dia farfalhou a grama da rua, levando o orvalho da madrugada rumo ao sul, assobiando pelos galhos magricelas das árvores e cortando os telhados urbanos.
O vento um dia cantou junto aos pássaros, de manhã, de tarde e de noite.
O vento um dia foi-se necessário, precioso e agradável. Hoje, o vento é apenas o vento. Embora ninguém saiba realmente como ele surge e como ele desaparece, ele ainda está ali, agindo como sempre fez, levando o orvalho consigo, carregando as folhas secas pelos campos e assobiando pelos galhos, junto aos pássaros.
O início de um problema sempre é assim, com você tirando o foco de tudo, e lançando os holofotes para essa pequena plantinha, que quanto mais luz e mais água recebe, vai crescendo e crescendo até que suas raízes se instalem como um parasita na terra.
A ansiedade é assim.
Num momento, você acha que tem todo o tempo do mundo para apreciar a beleza e o ritmo do vento.
Num outro momento, você sente que algo aperta seu pescoço, obrigando-o a puxar cada vez mais forte o oxigênio, como se algo sufocasse seus pulmões.
A ansiedade é assim. Uma onda gigante que quebra sobre a areia da praia. Uma avalanche que vai descendo de forma avassaladora sobre os picos. Uma série de raios que pela primeira vez na vida caem no mesmo lugar. Você não tem mais tempo para apreciar o vento. Você não tem mais tempo para nada.
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Coração sufocado
SpiritualIsto é um processo. Uma obra que caminha através de passos minuciosos para dar-lhe a resolução de paz e calma. Uma trajetória quase autobiográfica sobre os problemas e sulcos que a Ansiedade pode causar, tanto física quanto espiritualmente, na vida...