Cato acordou com um sopro muito gelado em seu rosto. Outra vez. Tinha certeza que a porta estava devidamente fechada, o quarto estava mal iluminado e escuro. Gale, Gloss e Brutus ressoavam, roncavam em suas camas. Se fosse uma pegadinha...
Já era a quarta vez que era acordado em plena madrugada. A veia lateja em seu pescoço. Era pedir muito, uma boa noite de sono depois de um treino cansativo de quadribol?
Mas ele já sabia o que fazer. A sim. Se deitou outra vez e fingiu adormecer. Fechando os olhos e relaxando os músculos. E esperou, esperou lutando contra o sono que espreitava.
Sentiu ele vindo, o sono. No mesmo instante em que um frio subiu em suas canelas, por debaixo das calças do pijama. O frio pairou sobre seu peito e quando imaginou que a baforada fosse vir se jogou para frente. Sentando-se na cama e tentando agarrar sabe-se lá o que.
E quase conseguiu. Quase. Sentiu as pontas dos dedos roçarem em algo fino como um tecido.
Cato piscou atordoado. Não era a cortina. E através dela - em meio a penumbra - viu ninguém mais ninguém menos que Pirraça, o poltergeist da escola.
Pirraça dava cambalhotas no ar. Com a expressão zombeteira na sua direção. Apontando, gesticulando e rindo.
- Cato, Cato, Cato, Matutacato. Não consegue agarrar um balaço e acha que pode me bolinar. - ele cantarolou. Dançando de cabeça para baixo. - Tolo, tolo, mas que tolo é. Só tem tamanho. Miolos não é pra quem quer..
Cato rangeu os dentes. Os rosto vermelho de raiva. O lençol sofreu em sua mão. Retorcido entre os dedos.
- MALDITO!
Berrou o rapaz. Se levantando num pulo. Os pés se enroscaram na cortina e quase o derrubou.
Pirraça vazou. Flutuando e rindo histericamente da sua cara.
- Cale a boca.
Gemeu Gale, arremessando um travesseiro em Cato. O objeto errou miseravelmente, caindo à alguns metros de distância do alvo.
Cato ignorou o colega. Puxou a varinha de debaixo do travesseiro e correu atrás do miserável que o perturbava.
O bruxo seguiu os sons das escandalosas risadas. Apressando os passos. A sala comunal estava escura. A não ser pelo brilho suave que vinha do lago acima de sua cabeça. Era como viver em um aquário. Só que ao contrário. O que via era o lago negro através das vidraças esverdeadas. Dava para ver os sereianos, até de mais, eles aparentemente não descansavam. Um deles, inclusive, pressionava a mão escamosa contra a janela.
Foi naquele momento que pirraça passou zunindo feito um apito por Cato. Rodopiando em um balé esquisito. Mostrando a língua e dando um show de gestos obscenos. Antes de atravessar a porta com um sonoro estalido, que mais parecia um peido.
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Equador Celeste
Fanfiction❝No céu as estrelas - das mais diversas cores e tamanhos - brilhavam como jóias cravejadas no véu noturno. Riscos de luz que vez ou outra se interligavam, e criavam formas, a mando de uma mente fértil. Cantavam suas histórias em sussurros, para que...