O festival estava chegando no seu auge, igualmente ao seu senso de sobriedade. Garrafas estavam espalhadas perto do banco onde se esticava, indicando sua notável forma de entretenimento. Gritos de êxtase e brindes martelavam sua cabeça.
"Que gente barulhenta...Não dá pra falar mais...baixo? HIC!" Soluçava entre as palavras, observando a grande multidão que formava em volta ao centro da praça. "Hmm...é briga? Pode ser interessante..."
Cada passo era quase um grande tropeço no chão e um grande esbarrão nas pessoas que estavam ali. Não podia deixar de ser notado, os murmúrios denunciavam isso.
"Não é aquele viciado em trabalho?"
"Olha só, a cria do Orlin saiu da toca!"
"Isso é possível?"
Apressou-se, tentando escapar das vozes incessantes que pareciam mais chiados do que fofocas. O tumulto havia silenciado, deixando-o confuso com a situação. Deveria chegar mais perto, esgueirando-se entre os atentos.
"ATENÇÃO!" Uma mulher havia exclamado, impondo uma posição de poderio e elegância. As íris amarelas do bêbado se iluminaram a ver tal beleza. Possuía um corpo com curvas marcadas, que eram realçadas pelo seu vestido branco colado, intensificando sua palidez. Seus longos chifres e longas mechas de cabelo pretos eram a combinação perfeita para seu ser, causando um rio de sussurros.
"Tão bonita..."
"É a conselheira do rei?"
"Dizem que pode ser sua amante..."
"Hoje, iremos comemorar e iniciar mais um de nossos rituais! Um grande sortudo irá servir nosso reino, para termos a oportunidade de buscarmos pelo nosso aclamado dia... Todos sabem que o destinado irá ter suas maiores oportunidades, podendo ser uma chance de mudança de vida!" Movia suas garras suavemente no ritmo de seu discurso, dando-lhe impressão de ser uma boneca frágil.
"Mudança de vida? Só nascendo de novo." Cruzou os braços, fazendo biquinho.
"Espero que todos tenham sorte e sem mais delongas... Querido! Venha!" Sorriu carinhosamente, se virando em direção as escadas, causando ansiedade para todos que a assistiam.
Uma silhueta alta se aproximava, seu tamanho e seus chifres marcantes poderiam deixar qualquer um intimidado, porém, pelo contrário, não poderia dizer sobre sua personalidade. Todos clamavam seu nome quando apareceu debaixo das lanternas. Aquele era Helrus, o amado rei de Dawnsk.
"Quanto tempo não vejo meus amados súditos! Sinto muito por não poder ficar muito tempo nesse adorável momento..." Suspirou tristemente.
"Então não demore para escolher..." Cutucou-o.
"Será que eu demoraria assim para escolher? São tantas pessoas capacitadas para nos ajudar...Que escolha difícil!" Colocou a mão em seu queixo, numa posição de dúvida, revirando seu olhar para sua companheira, que não parou de sorrir por nem um segundo.
"Eu sei que você já sabe, seu bobo!"
"Haha, é mais fácil me falar o que você não sabe..." Fechou os olhos, respirando o ar gélido e de tensão entre os confiantes de que seriam selecionados.
O vento fazia com que sua capa de seda fina levitasse ao redor de seu majestoso corpo, sobressaindo suas botas de salto alto, equilibrando seu porte cominativo. Em movimentos rápidos, apontou para a plateia, semicerrando seus olhos de cor púrpura intensa, semelhante ao pressentimento que compartilhava.
"EU QUERO VOCÊ!" Seus lábios iam de orelha a orelha, com tremenda emoção. Bem, não de todos...
"EUU?!?" O ruivo se espantou, vendo as unhas afiadas em sua direção. "Não, não, não...ISSO TÁ ERRADO!" Tremelicava, indo de um lado para o outro para ter a certeza de que não estava na frente de ninguém, mas aquele dedo o acompanhava. "É...s-sou e-eu..."
"Bem-vindo, escolhido!" Os dracônicos felicitaram em uníssono.
"Eu não devia estar aqui...Não...Como eu sou idiota!" Parecia que seu chão havia desaparecido, literalmente. Sua visão estava ficando turva e as lanternas nada mais parecia que vários borrões. "O que...tá acontecendo?" Deu seu último suspiro profundo, esvaecendo ali mesmo, tornando-se tudo escuro.
***
"Hmm..." O conforto de um travesseiro apoiando sua cabeça era algo que não queria desapegar tão fácil. Pediria até mesmo mais cinco minutos, mas lembrara que seu emprego não poderia esperar. Se espreguiçou, sentindo suas juntas estralarem e sua cabeça pedir por piedade. "Argh...Que dor de cabeça...E que dor na bunda..." Seus olhos arregalaram. "ESPERA, QUE?"
Rapidamente levantou o lençol, examinando a situação. "Pela Luz, o que eu fiz?! Eu...não lembro de nada!" Estava quase nu, salvo apenas por sua maravilhosa cueca estampada de cerejas, que ganhara numa promoção do mercadinho. Assustado, tentou se levantar numa tentativa falha, levando-o de cara contra um tapete macio. "Ai..."
O mundo estava realmente de cabeça para baixo em sua visão. A claridade incomodava-o um pouco, nunca tinha visto nada assim, já que normalmente está acostumado com ambientação oposta a essa. Um exuberante lustre de cristais era a fonte do desconforto e também da admiração, mas seus devaneios pararam ao notar de algo incomum.
"Onde eu estou? É tudo tão luzente que chega a dar dor nos olhos"
TOC. TOC. TOC. TOC. Alguém estava batendo na porta e parecia estar muito apressado.
"Se arrume! O rei está esperando por vocês no saguão principal!" Ordenava uma voz infantilizada.
"O rei esperando? Isso só pode significar que..."
TOC. TOC. TOC. As batidas persistiam e não parariam até que fossem respondidas.
"AH NÃO!"
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The Owner Of Light (Português)
FantasyEm um mundo onde o dia nunca mais voltou, Ynn Yack, um jovem adulto workaholic, vive sua vida pacificamente, lavando pratos em um restaurante de um velho amigo. Mas tudo poderia mudar quando um simples dedo apontou em sua direção e disse apenas três...