Me deito na cama e posso dizer, há algo flutuando. Como o balançar de uma canoa, sinto toda minha estrutura agitar-se no ritmo das ondas.
Não posso saber onde e até quando, mas sei que meu corpo é como um barco. Navegando. As ondas que me cercam, invadem-me, posso sentir. Eles estão aqui. Sentimentos. Pelo Meu corpo adentro. Posso ouvir o zumbir em meu ouvidos, o frio encharcar pouco a pouco meu corpo.
Me pergunto, até quando viverei assim?
Ainda sim, preciso que me diga: virá até aqui?
Flutuando. Sem direção. Me pergunto se você acabaria me encontrando. Preso e flutuando… nunca, de fato, mergulhando.
Sentimentos. Superficiais. Eles estão aqui. Invadindo-me. Pouco. A. Pouco.
Não sei se sou um náufrago, ou apenas um aventureiro, sentindo as águas gélidas que cercam o mundo inteiro tocar-me a face morna. Explorador. Sempre a sentir a dor de viver procurando um você. Sentimentos, que invadam-me muito mais. Adentro.
Anseio. Espero. Quero que todo esse mar se movimente. Quero pensar em uma tempestade repentina, quero que surja um "a gente".
Quero que essas ondas o tragam. Espero que sua embarcação se parta e que você esteja aqui. Flutuando. Navegando. Em mim, no meu barco. Nosso, se for assim.
E então, que acabe. Enfim.
Flutuando. Que as ondas gritem para mim. Invadam minha embarcação. Em grandes levas, todas. Em sequência, inundando-nos em cadência. Desaguem. Aqui, em mim. Navegando. Encharquem-nos, e nos carregue. Afunde-nos.
Num turbilhão. A minha navegação. Mar abaixo.
Que os sentimentos nos afoguem. Entrem. Muito mais. Adentro. Espero que possuam-nos por inteiro. Tornem-nos simplesmente água.
Navegando. Dentro de mim. Sentimentos gélidos. Assim.
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Flutuando
PoetryViver sozinho é como estar flutuando em um mar de carências gélidas, uma hora ou outra, você acabará afogando-se nelas. Poema 1 da série de poemas narrados. arte da capa por: @everglw (no instagram)